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Uma corda que satisfaz a dança

No dia-a-dia, nascem novas colectividades artístico-culturais em Nampula. Na Zona Militar, por exemplo, para dançar e seduzir os homens – como sempre foi o apanágio do N’Sope – um grupo de mulheres criou o Grupo de Dança Tradicional Vitória. Em actividade, uma corda é indispensável, mas, o que mais está envolvido na dança da corda?

Na proliferação de novas formações artístico-culturais, em Nampula, na sua maioria, as que se dedicam à dança resgatam formas de arte praticadas pelos seus ancestrais. O N’Sope, uma dança executada, exclusivamente, por mulheres, é praticada pela tribo macua na zona costeira do Oceano Índico.

Quando a prática ainda mantinha determinados aspectos inerentes à sua criação, o N’Sope – que também se chama a dança da corda – era realizada em momentos festivos e de lazer com vista à exposição da flexibilidade e da beleza feminina e, por essa via, seduzir os rapazes. No entanto, nos dias actuais, a sua mostra acontece também em eventos políticos, como um elemento de atracção turística.

Há dois anos, na Zona Militar, oito elementos congregaram-se e fundaram o Grupo Vitória num dos bairros de Nampula onde, antes, não se praticava esta arte. Nos dias que correm, a colectividade possui 16 elementos dentre os quais quatro homens que são instrumentistas, cuja tarefa é tocar batuques.

De acordo com Cristina Francisco, que dirige o Grupo de Dança Tradicional Vitória, o mesmo surge num contexto político, da necessidade de abrilhantar uma cerimónia que envolvia o presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula que visitou a Zona Militar. De referir que no local não existia nenhuma formação artístico-cultural. A situação inspirou Cristina Francisco a reunir algumas mulheres a fim de organizar uma actividade cultural de boas-vindas à comitiva do Conselho Municipal.

A bailarina narra que se podia ter praticado a dança Tufu – uma das mais executadas em Nampula – mas, ma vez que não havia tempo suficiente nem dinheiro para comprar o material necessário, esta foi preterida a favor do N’Sope que só requer uma corda e alguns tambores.

Segundo o depoimento de Francisco, o N´Sope é uma variante rítmica da dança tradicional Tufu. Chegou a Nampula no âmbito das migrações árabes no período da expansão marítima, quando aqueles montaram os seus postos comerciais no litoral norte de Moçambique. Entretanto, contrariamente às danças guerreiras praticadas no país, o N´Sope traduz a alegria das mulheres, através de vários elementos como a beleza do seu corpo e a exposição de rostos sorridentes que acompanham a cadência do batuque que se toca.

O concerto

Os cânticos do N’Sope são acompanhados por três tambores, dentre os quais um grande e dois médios chamados Chabomba e Mussapata, respectivamente. Um dos instrumentistas também toca outros três tambores médios chamados Massapata, enquanto os restantes dois se dedicam a criar ritmos com recurso a um tambor grande de som grave, designado Tchuntcho.

Organizadas, as bailarinas quando chegam ao palco – não necessariamente canónico – onde se realiza a manifestação, formam um meio círculo e, ao som das primeiras batidas do tambor, elas movimentam a corda. Para as bailarinas, o importante é entrar no círculo formado – onde pisoteiam a terra – para demonstrarem a sua agilidade em termos de movimentos do corpo. E, assim, a manifestação acontece.

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