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Triste sina a do pequeno Idelvino

Triste sina a do pequeno Idelvino

Idelvino José Joaquim, menor de cinco anos de idade, nasceu sem pernas e braços. Apesar desta realidade, o petiz não deixa de sonhar alto. Como qualquer outra criança, ele quer ser jogador de futebol e frequentar a escola. Porém, a falta de condições financeiras com que os seus progenitores se debatem para a aquisição de próteses transforma o seu sonho em utopia.

Sem os membros inferiores e superiores, o pequeno Idelvino Joaquim está ansioso por frequentar a escola, o que acontecerá no próximo ano quando o petiz completar os seis anos de idade. Dedicar-se aos estudos não é o seu único desejo, pois o menor também deseja praticar desporto, especialmente futebol. Idelvino vive com os seus progenitores no bairro de Mutauanha, arredores da cidade de Nampula.

Ao contrário do que tem acontecido em muitas famílias que tratam os seus filhos deficientes físicos como inválidos, os pais do petiz têm incentivado o rapaz a desenvolver algumas actividades, à semelhança de outras crianças da sua idade. Além disso, o casal José Joaquim Feliciano e Matina Albano tem dado todo o apoio necessário ao menor e trata-o em igualdade de circunstâncias com os outros três irmãos.

Em conversa com o @Verdade, José Feliciano disse que, apesar da deficiência física, Idelvino é uma criança normal que gosta de brincar com os amigos, porém, a falta de próteses tem estado a limitar o seu desenvolvimento. Na sequência do estado físico do menor, o pai de Idelvino solicitou os serviços de saúde, especialmente a Ortopedia do Hospital Central de Nampula (HCN), com vista a encontrar formas que possibilitem a locomoção DE QUEM? e execução de algumas tarefas diárias como todo o ser humano. “Os ortopedistas garantiram-me que o meu filho poderá locomover-se e exercer outras actividades através dos membros inferiores, havendo possibilidades de aquisição de quatro próteses, sendo dois para as pernas e igual número para os braços”, disse Feliciano.

De acordo ainda com o progenitor do menor, nos primeiros seis meses, Idelvino passou por imensas dificuldades porque, na altura, José Feliciano era desempregado e vivia apenas de biscates. Mas ele teve de abandonar os biscates para ajudar a sua esposa a cuidar do filho. Sem o que comer, a família contou com o apoio de parentes e algumas pessoas de boa-fé que, esporadicamente, disponibilizavam alguns produtos alimentares. Nos primeiros anos de vida de Idelvino, o pai afirma que a família travou duras batalhas à procura de apoios com vista a fazer com que o seu petiz fosse capaz de se locomover.

INAS “recusa” prestar apoio

Em 2008, ano em que o petiz nasceu, os progenitores de Idelvino recorreram ao Instituto Nacional de Acção Social (INAS) em busca de ajuda para o menor. Daquela instituição receberam apenas quatro latas de leite em pó.

A família solicitou, igualmente, ao INAS a alocação duma cadeira de rodas, mas sem sucesso, tendo sido informados de que só poderiam ter acesso a uma cadeira de rodas após o miúdo completar os 18 anos de idade.

Sem alternativa e devido ao elevado custo de aquisição de uma cadeira de rodas, a família viu-se obrigada a cruzar os braços e a aguardar por um milagre. Uma cadeira de rodas para Idelvino custa 7.250,00 meticais, valor que está acima das capacidades financeiras de José Joaquim Feliciano.

“Consegui emprego graças à deficiência do meu filho”

Na lógica do adágio “há males que vêm por bem”, em 2010, na altura em que o seu filho tinha dois anos de idade, José Feliciano, encontrando-se numa das fases mais críticas da sua vida, foi aconselhado pelo seu cunhado a solicitar apoio a um empresário da cidade de Nampula, usando Idelvino como “escudo”.

O empresário mostrou-se comovido com a situação, tendo-se comprometido a disponibilizar mensalmente 25 quilogramas de farinha de milho, quatro latas de 500 gramas de leite em pó, quatro barras de sabão e 200 meticais, além da assistência médica. Volvidos seis meses, o empresário achou melhor dar emprego ao pai do pequeno Idelvino num dos seus armazéns na cidade de Nampula como forma de assegurar a assistência do seu filho e da família, eliminando o donativo que este disponibilizava mensalmente.

Feliciano diz que, nos primeiros meses, auferia 2.700 meticais por mês e, apesar de ser pouco, ele conseguia garantir o sustento diário do seu agregado familiar constituído por cinco pessoas. Presentemente, o progenitor do menor aufere 3.610 meticais mensais. Deste valor, 500 meticais são destinados ao pagamento da renda de casa.

Próteses: uma miragem

José Feliciano, que ainda se mostra inconformado com a situação do seu filho, tem mantido contacto com os serviços de Ortopedia do Hospital Central de Nampula, com vista a encontrar uma saída para realizar o sonho de Idelvino: o de ir para a escola no próximo ano. Mas os esforços têm redundado em fracasso.

A informação tem sido sempre a mesma: “Ele tem a possibilidade de escrever e andar, bastando para o efeito adquirir quatro próteses, sendo duas para os braços e outras duas para as pernas”. Refira-se que as próteses para o pequeno Idelvino custam aproximadamente um milhão de meticais.

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