O surto de ébola no oeste da África está a assustar milhares de turistas que haviam planeado viagens ao continente este ano, especialmente asiáticos e até mesmo para destinos a milhares de quilómetros das comunidades infectadas, como Quénia e África do Sul.
O ébola, uma febre hemorrágica que pode matar até 90 por cento dos infectados, já tirou mais de 1.200 vidas este ano na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné, e também já se manifesta na Nigéria.
Embora não haja casos conhecidos fora deste epicentro, muitos turistas estão temerosos de viajar para qualquer parte da África por causa das preocupações com a disseminação da doença, relataram agentes turísticos no continente e na Ásia à Reuters, esta quarta-feira (20).
A maior parte dos cancelamentos vem da Ásia, que tem lidado com os seus próprios problemas de saúde, mas os visitantes dos Estados Unidos, Brasil e Europa também desistiram dos seus planos ou adiaram viagens, disseram os agentes.
Uma delegação comercial brasileira cancelou uma viagem à Namíbia, no sul africano, este mês. “Vimos um grande número de cancelamentos da Ásia, e os números de grupos que estão a viajar são menores”, afirmou Hannes Boshoff, diretor-gerente da ERM Tours, sediada em Johanesburgo, que organiza viagens para países no sul da África.
“Muitos clientes vêem a África como um único país… tento dizer que os Estados Unidos e a Europa estão mais próximos do surto do ebola que a África do Sul.” A
Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a epidemia uma “emergência de saúde pública de importância internacional” a 8 de Agosto, desencadeando um alarme global e levando muitos países a reforças precauções e testes. A intensa cobertura midiática ampliou os temores, embora não se tenha relatado nenhum caso do ebola fora dos quatro Estados africanos já afectados.
Além do turismo, o medo do ébola também está prejudicando as viagens de negócios e eventos de investimento na África, o que ameaça a imagem do continente como estrela económica em ascensão.
A agência nacional de turismo South Africa Tourism procurou tranquilizar seus clientes. “A mensagem é: venha desfrutar a África do Sul, ela está totalmente livre do ebola”, disse Thulani Nzima, executivo-chefe da empresa, à televisão estatal.