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Síria autoriza acesso de monitores e oposição desconfia

Acuado pela ameaça de sanções devido à morte de milhares de manifestantes, o governo sírio aceitou esta segunda-feira a presença de monitores estrangeiros para fiscalizar o cumprimento de um acordo de paz mediado pela Liga Árabe. Oposicionistas disseram que a decisão é uma tática protelatória do governo sírio, que diz ter aceitado o acordo por orientação da Rússia, um aliado que demonstra crescentes sinais de impaciência com o governo de Bashar al-Assad.

O chanceler sírio disse também que obteve concessões da Liga Árabe, e que em princípio os monitores vão ter acesso ao país durante apenas um mês. Mas a Liga Árabe afirmou que ainda não está preparada para suspender as sanções impostas diante da relutância síria aos monitores. Uma delegação chega a Damasco nesta semana para preparar a missão de monitoramento.

O acordo de paz prevê a retirada das forças militares de cidades onde há protestos, a libertação de presos políticos e o início de um diálogo com a oposição. Em tom desafiador, o chanceler Walid al-Moualem disse ter arrancado da Liga Árabe alterações sem as quais “não teríamos assinado (o acordo), quaisquer que fossem os alertas e ameaças”. Burhan Ghalioun, líder exilado do Comitê Nacional Sírio, um grupo de oposição, disse que a aceitação do acordo por Damasco foi “uma mentira destinada a ganhar tempo e evitar que a Liga recorra às Organização das Nações Unidas”.

Mas outra figura da oposição, Samir Aita, disse ter a esperança de que a entrada dos monitores seja “um ponto de inflexão” no sentido de conter a repressão. “Quando os observadores estiverem lá, pode haver manifestações pacíficas, e a rebelião poderá voltar nas grandes cidades à sua posição cívica pacífica.”

Novos incidentes violentos foram registrados na segunda-feira na Síria, de onde a maior parte da imprensa estrangeira foi expulsa. Estima-se que mais de 5.000 pessoas já tenham morrido nas manifestações contra Assad iniciadas em março. O governo de Assad afirma que “gangues terroristas armadas” já mataram mais de 1.100 soldados e policiais.

No mês passado, diante da recusa de Damasco em admitir a entrada de monitores, a Liga Árabe aprovou a adoção de sanções, e na semana passada o grupo regional ameaçou levar sua proposta ao Conselho de Segurança da ONU. O secretário-geral da Liga Árabe, Nabi Elaraby, disse que as sanções não foram suspensas, mas que uma reunião de chanceleres regionais nesta semana para discutir medidas contra Damasco foi “adiada indefinidamente”.

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