Cidadãos de Mucojo, distrito de Macomia, província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, dizem que o fundo de desenvolvimento de iniciativas locais naquele Posto Administrativo só beneficia aos ricos. Esta queixa foi apresentada ao estadista moçambicano por Amade Issufo, um cidadão local que falava durante um comício orientado, segunda-feira, pelo Chefe de Estado moçambicano, Armado Guebuza, no âmbito da sua Presidência Aberta à província de Cabo Delgado, que hoje termina.
“O dinheiro quando vem não se dá ao pobre, só se dão entre eles… Por isso, a pobreza não acaba aqui”, disse Issufo, tendo depois sido aplaudido pela multidão que assistia ao comício. Uma outra preocupação apresentada ao Chefe do Estado por Issufo tem a ver com a proibição da pesca numa área considerada de conservação, acto que, para ele, mina os esforços tendentes a eliminação da fome naquele ponto do país.
A população de Mucojo está também preocupada com a falta de energia eléctrica, rede de telefonia móvel, escola secundária, hospital (maior) bem como com o consumo excessivo de álcool por menores de idade. “As crianças chegam a não ir a escola por causa de bebidas alcoólicas”, disse Bacar Bento, um ancião que pediu palavra para expor as suas preocupações, sublinhando que “nas lojas daqui (do Posto Administrativo) só vendem bebidas alcoólicas. As crianças ficam sempre embriagadas e nem conseguem chegar a sétima classe e, quando batemos nelas, se fala de democracia”.
Particularmente, um número significativo de antigos combatentes colocou o (já velho) problema relacionado com a falta de pagamento das suas pensões. Alguns deles estão já a cinco anos esperando pela integração dos seus nomes na lista dos beneficiários. “Os nomes de antigos combatentes de Macomia nunca aparecem nas listas, como se nesse distrito não existisse antigos combatentes. Porque não dão aos velhos o dinheiro deles?”, questionou Filomena Agostinho. Uma preocupação que parece ser de todos residentes de Mucojo tem a ver com a intenção de transformar aquele posto administrativo num distrito autónomo.
Os locais acreditam que esta medida seria um bilhete para resolver os actuais problemas daquele local, podendo ter mais infra-estruturas sociais, nomeadamente de electricidade, hospitalares, de telefonia móvel, de transporte, entre outras. Reagindo a estas intervenções, Guebuza disse não ter resposta concreta para cada uma das preocupações, mas elas serão analisadas em oportunamente.
“Mas o importante é que todos não paremos de avançar na luta contra a pobreza. Não temos respostas concretas agora, mas queremos que desenvolvam. Mesmo sem ser distrito, há coisas que vão chegar aqui porque a luta contra a pobreza acontece em todos os lugares onde há pessoas e aqui nós encontramos pessoas dedicadas”, disse ele.
Aliás, na sua primeira intervenção (antes da população), Guebuza reconheceu que a população do posto de Mucojo sofria com animais bravios, energia eléctrica, entre outros, tendo prometido que esses problemas seriam resolvidos, mas instou a população para ser mais vigilantes em relação as promessas dos seus dirigentes. “A energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa ainda não chegou, mas vai chegar, mesmo demorando dois anos… Mas é preciso que o nosso povo nos diga que falta isto, para nós, os governantes, trabalharmos mais depressa”, disse ele.