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Renamo “assedia” Presidente português para mediação da tensão político-militar em Moçambique

Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição em Moçambique, a Renamo, escreveu uma carta ao Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a qual foi entregue pela sua sobrinha e chefe da bancada parlamentar, Ivone Soares. Todavia, o conteúdo da missiva não foi tonado público, mas a deputada disse que a sua formação política considera o estadista português capaz de exercer uma influência com vista a uma mediação internacional da crise política e militar, que há três anos ameaça colocar o país em cisão.

Marcelo de Sousa, que visita Moçambique numa altura em que o país é malvisto por contas das dívidas contraídas secretamente e à revelia do seu próprio povo, durante a governação do ex-Presidente Armando Guebuza, manteve, na quinta-feira (05), um encontro de mais de meia hora com a “Perdiz”.

Ivone Soares é que falou à imprensa mas não revelou que assuntos foram discutidos, tendo dito apenas que o Chede de Estado lusitano “está muito bem informado sobre o que está a acontecer em Moçambique”, por isso, “está em condições de influenciar as partes para que haja uma solução mediada internacionalmente, como é a nossa pretensão, o mais rápido possível”.

Ao contrário do que têm sido as suas declarações, que se resumem em acusações contra a Frelimo em relação à situação em que o país se encontra, a chefe da bancada parlamentar da Renamo apelou “aos amigos dos moçambicanos” para que não se acanhem “neste momento em que temos problemas de toda a ordem, desde problemas políticos, sociais e económicos”.

A tensão político-militar em Moçambique tem estado a deteriora-se sem que as partes em conflito alcancem entendimento. Para Ivone Soares, a Frelimo desdobra-se em compras dearmamento para atacar a Renamo.

Na sequência da suspensão do diálogo político entre o Governo e “Perdiz”, há nove meses, vários sectores da sociedade moçambicana intervieram no sentido de aproximar as partes, mas nada de concreto foi conseguido. O tempo passa, o vazio dos discursos e a incerteza persistem, o que faz com que o povo se sinta a viver sobre o fio da navalha.

A Renamo, que viu frustrada a sua pretensão de governar as seis províncias onde alega ter ganho nas últimas eleições gerais, exigiu a presença do Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, da Igreja Católica e União Europeia como condição para a retomada das reuniões de pacificação que tinham lugar no Centro Internacional de Conferência Joaquim Chissano, em Maputo.

Por seu turno, o Presidente da República, Filipe Nyusi, que é simultaneamente presidente da Frelimo, tem defendido que o desacordo com a “Perdiz” dispensa a intervenção estrangeira. Enquanto isso, o povo das zonas centro e norte, sobretudo das províncias onde há ataques esporádicos e constantes, vive preparado para fugir até de um estrondo qualquer, devido ao medo e à insegurança.

No âmbito da suposta busca de soluções para este diferendo político, Mário Raffaeli, um dos principais mediadores do Acordo Geral de Paz de 1992, pela Comunidade de Sant´Egídio, esteveem Moçambique, em Março último, para tentar convencer as partes em discórdia a ultrapassarem as suas diferenças e devolverem a paz e estabilidade ao país. Nada foi alcançado.

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