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Profissionais da Saúde “abandonam” doentes em Anchilo

Profissionais da Saúde “abandonam” doentes em Anchilo

Os profissionais da Saúde, afectos ao Centro de Saúde de Anchilo, deixam à sua própria sorte os doentes que apresentam os sintomas de VIH/ SIDA e tuberculose, internados naquela unidade sanitária, no posto administrativo de Anchilo, distrito de Nampula-Rapale.

O ambiente em que se encontram os doentes no Centro de Saúde de Anchilo, a 18 quilómetros da cidade de Nampula, é deveras preocupante, facto que pode contribuir para o encurtamento do seu tempo de vida, enquanto continuarem internados naquela que, recentemente, foi considerada uma das melhores unidades sanitárias da província de Nampula.

Além das sistemáticas e prolongadas ausências do pessoal serventuário e de enfermagem (com destaque para os técnicos e médicos que aparecem mediante uma solicitação), os pacientes não têm direito a tratamento médico e medicamentoso durante os fins-de-semana. A título de exemplo, os doentes que deram entrada na passada sexta-feira em estado crítico de saúde, incluindo um que foi transferido da sede do distrito, tiveram de aguardar pelos serviços de urgência por um período de quatro dias.

São vários os factores que contribuem para a contínua degradação da imagem do sector da Saúde, em Anchilo. Alguns doentes, com sinais de alguma melhoria (depois de longas semanas de internamento), assumem a tarefa de transportadores e fornecedores de comida aos seus colegas acamados e sem capacidade de locomoção. Enquanto isso, o pessoal serventuário passa o tempo a conversar, sob o olhar indiferente dos seus responsáveis hierárquicos.

Deficiente saneamento

Nas imediações da maternidade e do Banco de Socorros foram construídos outros dois pavilhões, com 11 divisões para o internamento de indivíduos, cujas enfermidades são consideradas de fácil contágio. Mas a realidade é que esses doentes estão física e psicologicamente isolados. Além da falta de limpeza, o local não dispõe de nenhuma casa de banho e os pacientes recorrem a meios alternativos para as suas necessidades biológicas.

Médica de Anchilo indisponível

Maída Fernandes Omar, médica generalista de 2ª classe e directora do Centro de Saúde de Anchilo, mostrou-se indisponível a tecer qualquer comentário em relação às matérias acima arroladas, tendo delegado Zacarias António, técnico de Medicina Geral, para se pronunciar sobre o assunto.

Em contacto com o @Verdade, aquele profissional da Saúde reconheceu a falta de higiene, mas disse que caberia à sua chefe pronunciar-se à volta do processo de limpeza naquela unidade hospitalar. Quanto à ausência sistemática de funcionários, António revelou a existência de “equipas de urgência”, constituídas por agentes de serviço e enfermeiros cujo desempenho é pouco notável, sobretudo aos sábados e domingos.

Localizado ao longo da Estrada Nacional numero 1 (EN1), o Centro de Saúde de Anchilo atende, em média trimestral, 40 doentes de tuberculose, associada ao VIH/SIDA e cobre uma extensa área territorial que abrange as comunidades de Maloa, Napacala, Muezia, Camuana, Campito e Toro, para além dos distritos vizinhos de Muecate e Meconta. As doenças respiratórias, pneumonia e malária são algumas das principais patologias que dão entrada, com regularidade, naquele Centro de Saúde, actualmente, com mais de 50 funcionários.

Apesar de estar situada a menos de 20 quilómetros da capital provincial de Nampula, aquela unidade sanitária não tem as condições básicas para prestar uma assistência condigna aos pacientes, no que tange ao abastecimento de água potável e, como consequência disso, os acompanhantes dos enfermos são obrigados a recorrer a outras fontes para obterem aquele líquido precioso a fim de servi-lo seus parentes.

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