A estreia da líder da oposição Aung San Suu Kyi no Parlamento birmanês, prevista para próxima semana, pode ser cancelada devido a um impasse entre o partido dela e o governo a respeito duma palavra usada no juramento de posse dos novos deputados.
Nyan Win, dirigente da Liga Nacional para a Democracia (LND), viajou, esta Quinta-feira, a Naypyitaw, a capital administrativa do país, para tentar convencer os parlamentares e as autoridades eleitorais a trocarem a promessa de “salvaguardar a Constituição” por “respeitar a Constituição”.Aparentemente, não houve acordo. Os ex-generais reformistas que participam no governo, criado meses atrás para encerrar décadas de regime militar, querem a presença de Suu Kyi no Parlamento para fortalecer a sua credibilidade, mas podem relutar em fazer a concessão pleiteada pela LND.
A nova legislatura está prevista para começar, Segunda-feira, com ou sem os 37 novos deputados do LND, eleitos numa histórica eleição suplementar no início do mês.
“O presidente do Tribunal Eleitoral explicou-me que … esse tipo de juramento precisa de ser prestado por parlamentares nos Parlamentos de todo o mundo”, disse Nyan Win ao telefone depois da visita a Naypyitaw.
Ele disse que informaria essa posição a Suu Kyi, e que o LND deve anunciar em breve a sua decisão.
Horas antes, num pronunciamento semanal de rádio, Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz por sua actuação pela democracia, disse que não esperava obstáculos na substituição do juramento.
A forma proposta pelo governo incomoda a oposição porque o LND tem planos para emendar a Constituição, de modo a afastar os militares da política.
A Constituição garante às Forças Armadas uma quota de cargos ministeriais e 25 por cento das vagas em todas as câmaras legislativas.
A LND conquistou 43 das 45 vagas em disputa na eleição suplementar, dominando o Partido União, Solidariedade e Desenvolvimento, do presidente Thein Sein, que continua a ser a força dominante no Parlamento.