Embora o Departamento de Tesouro Norte-Americano tenha reiterado esta quarta-feira que, segundo o que se supõe sejam as suas fontes, o Sr. Momade Bachir Suleimane já foi citado antes como narcotraficante, até agora não há um perfil criminal público seu, alguma referência biográfica mais explícita de suas actividades nesse âmbito. Porém, na lista de cinco Barões da Droga internacionais designados pelo Presidente Norte-Americano Barack Obama, um “tour” por uma série de fontes na Internet permitiu-nos traçar o perfil de dois comprovados narcotraficantes: Ousmane Conté, filho do ex-Presidente da Guiné-Conakry Lansana Conté; e o mexicano Sergio Enrique Villareal Barragan.
O desgraçado filho do ex-Presidente Filho mais velho do homem que governou a Guiné-Conacry com mão de ferro por 24 anos, Ousmane Conté chegou a confessar, em Fevereiro de 2009, (forçado ou não pela Junta Militar que assaltou o poder em Dezembro de 2008 após a morte do seu pai) perante as câmeras da TV estatal daquele país rico em minerais, que estava no negócio da droga e se arrependia do facto. Conté negou, entretanto, que fosse o “Padrinho” do crescente negócio na Guiné de cocaína destinada à Europa.
Numa entrevista na qual ele estaria em estado debilitado, ele chegou a declarar que “todos que me conhecem sabem que não sou um mentiroso. É verdade que estou envolvido no negócio destas drogas, mas não sou o cabecilha”. Preso em Fevereiro de 2009, junto com dois seus aliados íntimos, Ousmane é um antigo oficial de peso no exército guineense, o mesmo de que faz parte o General Moussa Dadis Camara que liderou o Golpe de Estado horas após a morte de Lansana Conté em Dezembro de 2008.
Ele e seu cunhado, Saturnin Bangoura, foram em 2008 conotados como estando ligados a um pequeno avião transportando cocaína ido do considerado “narco-estado” e vizinho Guiné-Bissau e que aterrou em Boke, a 300 quilómetros de Conakry. Meses depois vários oficiais de topo de polícia foram presos e acusados em conexão com tráfico de droga, no epicentro de uma África Ocidental tida por um relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) de Outubro de 2008 como um importante ponto de trânsito de drogas oriundas da América do Sul a caminho dos lucrativos mercados Europeus.
O mesmo relatório dizia que, desde 2006, mais de 20 porcento dos traficantes de droga apanhados na Europa e África iniciaram a sua viagem na Guiné. Desde os rumores, implicações, prisão e confissão pelo próprio Conté, passaram-se dois anos até que os EUA nomeassem Ousmane Conté Barão da Droga. Ele aguarda julgamento sob prisão no seu país. “Muy cabrón”, perigoso e poderoso Qualificado como “muy cabrón”, perigoso e protegido, Sergio Enrique Villareal Barragan “O Grande” é o mexicano da lista de cinco Barões da Droga designados pelo Presidente Americano Barack Obama.
É um ex-agente policial do combate ao alto crime do estado mexicano de Coahuila, mede 1.98m, pesa 115 quilos e é considerado desde 2007 o novo chefão do cartel de Juaréz no norte do México. Tido como um homem ambicioso e de sangue frio, tomam-no por “muy cabrón” porque é apologista da violência extrema: assassina seus inimigos, agentes policiais e civis, compra as autoridades e mantém uma rede de protecção no seu “’modus operandi” para controlar o narcotráfico em Durango, Peidras Negras e Monclova e enviar a mercadoria para os EUA.
Há relatos de que em princípios de 2007 ele se passeava sem que alguma autoridade o incomodasse, montado no seu Hummer, portando um Rolex de ouro no pulso, convivia com as pessoas e controlava a distribuição de cocaína nas “’narcotendas” das principais cidades do seu estado. “O Grande” ou “Come-crianças”, como é temivelmente apelidado, Sergio Enrique Villareal Barragán nasceu em Torreón a 21 de Setembro de 1969.
Diz-se que na infância viveu em Santiago Papasquiaro, no Estado de Durango, onde conheceu os narcotraficantes, mas cresceu em Torreón, Estado de Coahuila, segundo agentes policiais. Fez a escola primária, frequentou a secundária federal 2 de Torreón e o Instituto Tecnológico de La Laguna, em Coahuila ainda. Em 1990, aos 20 anos, ingressou na polícia judicial do seu Estado e anos depois passou para a PGR do México, onde trabalhou vários anos até que em 1996 regressa a Torreón e começa a estabelecer laços com os narcotraficantes.
Em Abril de 2003, com a captura pela PGR mexicana de Arturo Hernández González El Chaki, lugar-tenente em Durango do então “chefão” do narcotráfico no México Ismael El Mayo Zambada, numa questão de semanas “O Grande” assumiu o comando. Em três anos construiu uma rede de protecção que o tornou intocável em Durango e daí estendeu a sua rede até os EUA, através de subornos: “tinha comprado a todo mundo”, segundo um funcionário público local. Daí em diante o seu currículo passou a ser enriquecido por assassinatos a toda a escala e nível.
Casado, para auto-protecção, chega a identificar-se com o nome de seu irmão, Adolfo Villarreal Barragán. Segundos relatórios, este homem robusto submeteu-se há uns tempos a uma operação de lipo-aspiração para mudar de aparência. As investigações para o levarem a barra da justiça são baseadas em informações internacionais providenciadas por departamentos de justiça de outros países latino-americanos e em informações das agências americanas de combate a droga (DEA), polícia federal (FBI) e Departamento do Tesouro dos EUA.
Depois de dez anos intocável, desde 2007 que a polícia tem movido emboscadas e cercos às suas propriedades e prováveis localizações, mas tal como acontecia com o morto Agostinho Chaúque cá em Moçambique, a polícia quase sempre chega tarde para o pegar…