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Oportunidades do Mundial de 2010

Oportunidades do Mundial de 2010

Depois de um grande esforço para acolher o CAN 2010, de que se não obteve o desejado resultado, o empenho do Executivo moçambicano direccionou-se para novos planos de adequação infra-estrutural do país para grandes eventos internacionais. Foi assim que, na capitalização desta perspectiva, surgiu a Aliança 2010, cujo ponto fulcral é tirar melhor proveito das oportunidades que o Mundial da África do Sul pode representar. Em curso já estão investimentos de vulto e um gabinete técnico coordena as actividades que deverão envolver todos os sectores ligados à economia nacional. À busca de investimentos.

Mas para que estes investidores se interessem pelo país, é necessário que cá estejam. Para isso serve o turismo, a cujo titular da pasta, cumulativamente com o pelouro dos Desportos, cabe a tarefa de fazer com que Mocambique seja um porto de acolhimento.Há dois tipos de turismo em Moçambique. O turismo da referência internacional, da fama e do nome, da esperança e do futuro. O destas paisagens sem igual. E temos o turismo possível. Neste ainda podemos considerar o de qualidade, que vai sendo meio caminho andado para o projecto do ministro Sumbane em relação ao desenvolvimento do sector rumo aos melhores padrões, e aquele outro turismo que precisa de ser dimensionado em função das capacidades reais dos moçambicanos.

O propósito desta leitura prende-se, exactamente, com o 2010, ano em que a vizinha África do Sul vai acolher o Campeonato Mundial de Futebol, facto que, por arrasto lógico, põe o nosso país na rota dos destinos turísticos da ocasião. Oportunamente, falou-se em capitalizar este acontecimento em benefício da nossa indústria turística e ficou a sensação de que se haviam de erguer grandes obras, assim como criar sistemas mais conformados à situação em termos de vias de acesso, meios de transporte e serviços afins. A Aliança 2010 representa isso, mas parece ir um pouco atrasada.

Para esclarecer, pois, esta situação do turismo moçambicano e suas projecções relativamente ao Campeonato do Mundo, contactámos o ministro Sumbane, que forneceu o seguinte quadro : “ O pacote de incentivos recentemente aprovado pelo Conselho de Ministros para o sector permite visualizar níveis de investimento que permitem duplicar a capacidade de alojamento dos país. O único senão é que não pode capitalizar este conjunto de oportunidades tendo em vista o Mundial de 2010. Para este acontecimento estamos atrasados”.

De acordo com Sumbane, este pacote não foi desenhado em função do “Mundial”, mas sim dentro do Plano Quinquenal do Governo e os seus efeitos vão começar a ter incidência em 2009. Quanto à expectativa em relação a 2010, o titular do Turismo esclarece que “em Moçambique, os operadores turísticos são privados e agem de acordo com as leituras possíveis das vantagens a extrair nos investimentos que fazem. Portanto, o investimento a fazer é de acordo com o cálculo das probabilidades de retorno e de lucro que cada oportunidade oferece. Neste momento, estamos com uma grande desvantagem, porque a nossa ligação com a Europa e o resto do mundo é incipiente. A nossa companhia aérea não nos liga fácil e permanentemente à Europa”.

“Quanto à possibilidade de alojar alguma selecção ou selecções, a única estância turística em condições é o Índy Village, que possui infra-estruturas apropriadas para alojar profissionais do desporto, pois para além de ginásios à altura, possui um campo ideal para treinos. Já começámos a fazer a promoção destes apetrechos, junto de selecções que possam tirar proveito, nomeadamente portugueses e brasileiros”.

E as agências de viagens?

Nada melhor do que alguns exemplos para ilustrar esta afirmação, que a muitos pode surpreender. Fomos à Intersol, agência de viagens e turismo, da Ahmed Sekou Touré, solicitar um pacote para a Ponta do Ouro e outro para o Bilene. Que a senhora estivesse a jogar cartas no computador e demorasse atender, enquadrámos isso perfeitamente no compromisso de não deixar o desafio importante a meio. O único problema é que esta especialista não conhecia os tarifários do Bilene, nem as casas que poderiam oferecer acolhimento a um turista. Da Ponta do Ouro não tinha qualquer informação. Prometeu enviar-nos por correio electrónico. Vão dois meses e, provavelment,e nem se lembre de nada.

Na Lusoglobo, para onde nos dirigimos com a absoluta certeza de encontrar um serviço impecável, pelo conhecimento que tínhamos de quem fora o seu fundador, a decepção foi mais espectacular. Pedimos Vilanculos e Ponta do Ouro com datas marcadas. Solícito, o jovem disse que não possuía tal pacote, mas facilmente poderiam satisfazer a encomenda. Como regra, deixámos o contacto telefónico e o tradicional endereço electrónico. Creio que já nem se lembra da cara de quem solicitou tais serviços.

Na Moçambique Adviser, agência de viagens que opera já vai algum tempo e de que nos servimos quando era bem mais pequena e em diminutas instalações, solicitámos Vilanculos para daí a três dias. O jovem prometeu enviar a informação até às 12 horas. Cinco dias depois de voltarmos de Vilanculos, ainda não tínhamos a resposta ao nosso pedido. Por hábito de querermos ser bem servidos e por acreditar no nome desta agência, lá voltamos, desta vez para solicitar Bazaruto. A nota dominante desta vez foi a ignorância sobre as reais condições que se oferecem. A senhora não tinha a informação correcta sobre os custos deste pacote, nem cortesia suficiente para atender quem não fosse estrangeiro e, ainda por cima, com cores menos claras. Para reserva a médio prazo, esta agência não tem preços, pois tem de obtê-los na devida altura.

Na Simara, agência com melhores referências, a situação foi eloquente e concludente. Só tem uma pessoa para tratar deste assunto de pacotes. Em três ocasiões aleatórias, não estava no posto porque tem muitas outras tarefas. Para bom entendedor, meia palavra basta. No entanto, deve ficar claro que as agências de viagens que aqui não foram mencionadas é mais por serem de inferior qualidade e nível do que as que receberam a nossa critica. Das outras temos referências menos abonatórias ainda.

Para ter acesso a todas estas reservas e desfrutá-las com sucesso e ainda poder fazer outras para o Natal e princípios de Janeiro, recorri a duas agências sul-africanas de viagens, que possuem preços de Moçambique até Dezembro de 2009. Portanto, para que eu moçambicano faça um turismo de qualidade no meu pais, tenho de fazer as reservas e os respectivos pagamentos na África do Sul, via internet.

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