Cerca de meio milhão de crianças moçambicanas ainda estuda debaixo das árvores e outras, que perfazem 30 mil turmas, recebem as suas aulas ao relento em resultado da destruição de perto de duas mil salas de aulas pelas últimas cheias.
Jorge Ferrão, ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, disse também que há falta de mais de 800 mil carteiras em várias escolas do país. Este e outros problemas podem agravar-se se persistir a ausência de soluções, contanto que todos os anos aproximadamente meio milhão de petizes entra para o sistema pela primeira vez.
Segundo Ferrão, é preciso inverter o actual cenário e criar modelos de escolas que sejam uma referência nas e para as comunidades, para que tais estabelecimentos inspirem a sociedade e contribuam no aumento dos índices de qualidade e elevação das taxas de escolarização e alfabetização com vista a alavancar-se o desenvolvimento humano.
O governante, que falava na abertura da 16a Reunião Anual de Revisão (RAR), que reúne, entre quarta e quinta-feira (02), o Governo e os parceiros de apoio programático da Educação, voltou a insistir na necessidade de todos os segmentos da sociedade se envolverem em prol da instrução, porque “não cabe só ao Estado a responsabilidade de providenciar os serviços de educação”.
Paralelamente às auscultações que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano tem feito no sentido de colher opiniões que levem à melhoria da contestada qualidade de ensino em Moçambique, Ferrão disse que se está a levar a cabo um trabalho de consultas sobre o estágio da instrução no país, cujas sugestões indicam que é necessária a revisão da Lei do Sistema Nacional de Educação, actualizada pela última vez há sensivelmente 23 anos, por via da Lei nº 6/92 de 06 de Maio.
Em breve, o dispositivo em causa será revisto para melhorar o currículo escolar, os exames no ensino geral, uniformizar os livros em uso no ensino secundário, garantir qualidade na formação de professores, entre outros aspectos. Ferrão acrescentou que as expectativas sociais em relação à educação nunca devem ser consideradas uma pressão contrária, mas, sim, um alento ao sistema para o aperfeiçoamento institucional.