Duas empresas, de capitais moçambicano e chinês, obtiveram licenças do governo da província de Manica, centro de Moçambique, para a captura de serpentes que estão a “matar” pessoas em Guro. As empresas AKS Investiments e a Chikwirimite foram autorizadas pelo governo a capturar cobras mamba, espécie de serpentes altamente venenosas e gigantes, para posterior exportação.
Estas serpentes estão, desde o início do ano passado, a atacar residentes da sede do distrito de Guro e Nhamassonje. “Duas empresas já foram licenciadas para capturar as serpentes em Guro. As empresas têm o aval para capturar serpentes em toda a província, mas com incidência em Guro pelo mal que estas (serpentes) estão a causar à população”, disse Domingos Zemenino, adjunto chefe dos serviços provinciais de florestas e fauna bravia, citado pela Rádio Moçambique (RM), a emissora publica nacional.
As empresas já se encontram a operar na província e deverão pagar ao governo um valor de dois mil meticais (67.6 dólares norte-americanos) por cada serpente capturada, para lhes ser passado o certificado de exportação. Até ao momento, apenas a África do Sul está identificada como potencial mercado para a exportação. “Não existe um plano específico de quantos animais devem ser capturados. Agora está declarada apenas a África do Sul como potencial mercado.
Tratando-se de empresas privadas, elas é que sabem onde colocar o produto”, disse a fonte, acrescentando que “até agora nenhuma empresa apresentou animais capturados aos serviços”. O governo do distrito de Guro, norte de Manica, decidiu colocar no final de 2009 cerca de 20 “gatos caçadores” para reduzir os ataques de serpentes naquela região. Segundo a administradora daquele distrito, Deolinda Vissai, “desde que decidimos colocar os 20 gatos caçadores na região, que com o tempo se multiplicaram nas matas, reduziu grandemente o número de ataques e as empresas foram licenciadas para reduzir esta população animal e tranquilizar a convivência na região”.
Em 2009, pelo menos nove pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas com gravidade por ataques de serpentes. Até Abril deste ano, haviam sido registados um óbito e quatro feridos na sequência da ofensiva das serpentes. Entre as vítimas, segundo a fonte, figuram crianças e mulheres que foram atacadas nas florestas em Guro e Nhamassonge, regiões consideradas ecologicamente favoráveis à multiplicação de serpentes e de outros répteis.
Nos últimos 15 meses, serpentes, crocodilos e elefantes mataram em Guro 17 pessoas e deixaram 32 feridas. Os elefantes, segundo a administradora, também destruíram grandes quantidades de milho. As duas empresas ora licenciadas para capturar serpentes já haviam sido autorizadas a capturar escorpiões para a exportação dentro e fora do continente africano.