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Com apoio do Promer e Gapi: Comerciantes nacionais já competem na fronteira do Malawi

Com apoio do Promer e Gapi: Comerciantes nacionais já competem na fronteira do Malawi

Foto de Fim de SemanaEm tempos de crise, a motivação é um factor chave para alimentar a inspiração de cada um. Encontrámos, no Distrito de Mandimba, na Província do Niassa um homem que, motivado a fazer do “seu” distrito um local melhor, potencializou a produção local além-fronteiras.

Árabe Jonange, 45 anos, é um comerciante de cereais e hortícolas do distrito de Mandimba, que viu a sua actividade ganhar uma nova dinâmica e alcançar resultados nunca antes esperados, fruto da formação recebida ao abrigo do Programa de Promoção de Mercados Rurais (PROMER) financiado pelo IFAD (Fundo de Investimento para o Desenvolvimento Agrícola) e implementado pela Gapi.

A Gapi implementa várias componentes deste programa nas províncias do Niassa e Cabo Delgado, onde trabalha no desenvolvimento de organizações de produtores e no fomento de organizações financeiras, baseadas na comunidade (Ascas) e no apoio aos comerciantes rurais.

Através destas componentes do Promer, a Gapi promove a literacia financeira e a monetarização da economia rural, particularmente nas regiões fronteiriças e em parceria com comerciantes locais como Árabe Jonange. Outros cerca de 30 comerciantes rurais estão, actualmente, integrados neste projecto.

“Antes das intervenções da Gapi, os comerciantes estrangeiros é que dominavam o mercado. Eles vinham com produtos de fora, vendiam e, no regresso, compravam a nossa produção a preços bastante baixos, o que não ajudava aos produtores locais. Nós, comerciantes, não sabíamos concorrer, porque não conhecíamos algumas regras do comércio transfronteiriço”, contou, acrescentando que “a Gapi fez-me crescer, ensinando-me técnicas do negócio que me permitem competir neste mercado”.

Pai de seis filhos e homem respeitado na comunidade, Jonange enaltece a importância deste tipo de programas, porque dinamiza a economia local e através da organização dos produtores supera-se melhor os desafios.

A criação de Grupos de Poupança e Empréstimo, “ajuda no financiamento das actividades dos membros”.

“As formações de que beneficiei mudaram o modo como eu fazia os meus negócios e a minha vida. Desde muito novo, tive o meu próprio negócio, mas não conseguia rentabilizá-lo. Não sabia gerir devidamente e por dificuldades de acesso ao mercado. Épocas havia que nem conseguia comprar o que comer.” – acrescentou.

Agora, além de comprar e vender, Jonange tem vindo a fomentar a actividade agrícola em Mandimba, oferecendo sementes e assistência técnica diversa aos camponeses locais, o que resulta na garantia de produção.

Jorge Gonçalves, gerente da Gapi em Cuamba, explica que “por se encontrar numa zona junto à fronteira com o Malawi, muitos produtos consumidos em Mandimba são importados, mas poucos têm capacidade financeira para ir lá comprar. É este cenário que contribuiu para a rápida ascensão de Jonange, que já tinha noções de comércio e a quem só faltava apenas alguma formação de gestão”.

Junto a 107 produtores, Jonange pertence a uma associação especializada na produção de soja, que explora 40 hectares, tendo na província da Zambézia e no Malawi, os principais mercados, graças ao PROMER. Fora da associação, o comerciante tem 25 hectares onde, com o auxílio de outros 12 camponeses, produz diversas hortícolas e cereais. Em 2017, apesar da seca registada na região, os rendimentos de Jonange ultrapassaram os 200 mil meticais.

“Antigamente não conseguia alcançar nem um terço do que consigo hoje. Graças a estas intervenções, a minha vida mudou. Tenho 6 filhos e todos estão a estudar. Consegui melhorar a minha casa e consegui construir outra para a minha mãe.”

Mas Árabe Jonange não se contenta com o sucesso alcançado. Com a sua esposa, Judite, fundou, em 2016, com a assistência técnica da Gapi um Grupo de Poupança e Empréstimo (GPE), para ajudar as pessoas a pouparem os seus rendimentos.

O GPE designa-se “Chitukuku” e tem 48 membros, dos quais 20 mulheres. No seu primeiro ano, poupou cerca de 70 mil meticais, valor que subiu para 150 mil meticais, em 2017.

“Com estas poupanças e um melhor negócio na fronteira já podemos usar mais o metical para os nossos negócios”- acrescentou Jonange, referindo-se ao uso da moeda do Malawi em território nacional. Jonange espera alcançar números ainda mais largos para o presente ano e com a “constante assistência técnica da Gapi, tenho a certeza que vamos crescer ainda mais”.

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