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Cientistas africanos reflectem sobre realizações do MCTA

Cientistas de 11 países africanos envolvidos no projecto Aliança dos Ensaios Clínicos contra a Malária (Malária Clinical Trials Alliance – MCTA) atribuem nota positiva aos resultados atingidos nos quatro anos da iniciativa, porque criaram capacidade humana e institucional, determinantes para o sucesso na pesquisa contra a malária e outras doenças.

O sentimento consensual, tanto dos cientistas quanto dos doadores, foi expresso, quarta-feira, em Accra, capital do Gana, que acolhe a Reunião Anual do MCTA cuja agenda dominante consiste fundamentalmente na análise geral dos aspectos criados pelo projecto e como podem ser aproveitados para perspectivas futuras na área da investigação.

Criado em 2006, o MCTA visa capacitar os centros de pesquisa e conduzir ensaios clínicos de novos fármacos e vacinas contra a malária, prover assistência aos centros de pesquisa em Moçambique, Malawi, Tanzânia, Gabão, Gana, Gâmbia, Nigéria, Quénia e Senegal.

Nos últimos quatro anos, o MCTA, que absorveu 17 milhões de dólares americanos, ajudou a equipar devidamente os centros dos países membros, a ter uma gestão adequada, a disporem de ferramentas para identificar, empregar e formar pessoal, a ter sistemas de base de dados e de comunicações eficientes e uma maior transparência dos seus sistemas financeiros.

Pascoal Mocumbi, antigo primeiro-ministro moçambicano e membro do Conselho Directivo do MCTA, falando na sessão da abertura aqui em Accra, enalteceu as realizações feitas durante os últimos quatro anos na criação de capacidade nas instituições que já existiam, mas aponta a necessidade de, no futuro, se investir no alargamento da rede para atingir as zonas onde ainda não existe pesquisa.

“Foi um período de criação de capacidade nas instituições que já existiam, mas faltou começar novos centros de pesquisa”, disse Mocumbi, anotando a importância de investir nos centros já existentes para, através da sua rede, ajudarem a criar outros onde nada acontece em termos de pesquisa nos países africanos.

O dirigente do MCTA apontou, a título de exemplo, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) onde ainda não é visível a voz de Angola na pesquisa em matérias de saúde, embora já tenha o Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA), ainda não desenvolvido. Em Cabo Verde, segundo a fonte, ainda não há nada e quanto a Guiné-Bissau há apenas um embrião.

O outro exemplo apontado por Mocumbi é a nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) onde não se ouve falar das actividades em curso na Namíbia no combate a malária e o mesmo é válido para o Reino da Swazilândia.

Desta feita, segundo Mocumbi, “se quisermos controlar a malária e, eventualmente, erradicar na região precisamos de uma colaboração não só de consumo dos produtos ora existentes, mas da criação de novos produtos como medicamentos alternativos para os casos em que há resistência ao que temos agora como armas para combater a malária”.

Mais ainda, a fonte aponta como grande desafio conseguir uma contribuição sustentável dos Estados em matéria de investimento para a produção de novo conhecimento que é a pesquisa.

Neste domínio, ele apontou o exemplo de Moçambique que ainda não tem imunologistas a fazer essa especialidade, o número ainda muito reduzido de epidemiologistas porquanto a epidemiologia parece ser um domínio esquecido em termos de investimento humano para poder agir com maior eficácia na planificação e desenvolvimento de operações de controlo das doenças no país.

Eusébio Macete, director do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) que também participa na reunião em representação do único centro existente no país, disse que o apoio do MCTA como rede de apoio de criação de capacidades foi virado mais para a área laboratorial, tanto em equipamento como treinamento de pessoal.

Aliás, segundo Macete, foi através do MCTA que o CISM aproveitou reabilitar as infra-estruturas do ponto de vista eléctrico, fornecimento de água para melhor realizar as actividades concebidas no processo de pesquisa no domínio da saúde.

O MCTA, projecto da rede INDEPTH, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates possibilitou o desenvolvimento de capacidade suficiente a médio termo no continente para a realização de ensaios clínicos para a vacina contra a malária e intervenções com vista a producao de novos fármacos.

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