Um funcionário da Cruz Vermelha foi morto a tiros e pelo menos 31 pessoas ficaram feridas em confrontos entre milícias e tropas internacionais na capital da República Centro-Africana, esta quarta-feira (20), disseram os serviços de emergência.
Os confrontos começaram depois de os moradores do bairro PK-5 terem acusado as forças da União Europeia (Eufor) de matar a tiros um homem na noite da terça-feira. O bairro é o reduto de cerca de 2 mil muçulmanos que vêm enfrentando violência sectária para permanecer em Bangui, mas que estão a resistir à pressão para desarmarem-se.
A Eufor afirmou num comunicado que uma das suas patrulhas abriu fogo depois de ter sido atacada no bairro PK-5. A força europeia não confirmou se alguém foi morto no incidente, no entanto.
Uma multidão de manifestantes levou o corpo de um homem à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), esta quarta-feira, dizendo que ele tinha sido morto a tiros pela Eufor na casa dele.
Eles, então, sepultaram o corpo. Pouco tempo depois, artilharia pesada e bombardeios foram ouvidos em todo o bairro PK-5, disseram os moradores. O grupo beneficente Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que a sua equipe no Hospital Geral recebeu 31 pessoas feridas a bala.
“Dez pacientes gravemente feridos serão submetidos a cirurgia”, disse o vice-chefe da missão do MSF, Claude Cafardy, num comunicado. A Cruz Vermelha Internacional e o Movimento do Crescente Vermelho disseram que um dos seus voluntários, Bienvenu Bandios, foi morto a tiros durante a retirada de vítimas do PK-5.
“Estamos muito consternados com esta trágica perda de vida”, disse o presidente da Cruz Vermelha na República Centro-Africana, Antoine Mbao Bogo, num comunicado.
A ex-colónia francesa está tomada pela violência desde que o grupo seleka, uma coligação de rebeldes principalmente muçulmanos e alguns combatentes aliados dos vizinhos Chade e Sudão, tomou o poder em Março de 2013.
O governo seleka foi marcado por abusos que levaram a uma reacção da milícia cristã “anti-Balaka”. Ciclos de violência olho por olho continuaram, apesar da renúncia do líder seleka, Michel Djotodia, da Presidência em Janeiro.