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Zona do euro aceita emprestar até 100 bi de euros à Espanha

Os ministros das Finanças da zona do euro aceitaram neste sábado emprestar à Espanha até 100 bilhões de euros (125 bilhões de dólares) para ajudar os bancos espanhóis em dificuldades, e Madri disse que especificará de quanto precisa assim que as auditorias independentes forem concluídas, em uma semana.

Após a reunião dos 17 ministros, que durou duas horas e meia e muitas fontes descreveram como acalorada, o Eurogrupo e Madri disseram que o valor do resgate será suficientemente grande para não deixar dúvidas.

“O valor do empréstimo deve cobrir as necessidades de capital estimadas e uma margem adicional de segurança, estimados em até 100 bilhões de euros no total”, acrescentou.

A Espanha disse querer ajuda para os bancos, mas não vai especificar de quanto precisa até duas auditorias independentes -Oliver Wyman e Roland Berger- entregarem os pareceres sobre a necessidade de capital pelo setor bancário, o que acontecerá até 21 de junho.

“O governo espanhol declara a intenção de pedir financiamento europeu para a recapitalização dos bancos que precisam”, disse o ministro da Economia, Luis de Guindos, em coletiva em Madri. Um resgate aos bancos, atingidos pela crise imobiliária, faria da Espanha o quarto país a pedir ajuda desde que a crise de dívida da Europa começou.

Com o resgate da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) já comprometeram cerca de 500 bilhões de euros para resgates europeus.

DEBATE ACALORADO

Autoridades disseram que houve um debate acirrado sobre o papel do FMI no resgate dos bancos da Espanha, que Madri queria que fosse mínimo. No fim ficou acordado que o FMI ajudará a monitorar as reformas no setor bancário espanhol enquanto as instituições da UE vão garantir que a Espanha honre os compromissos econômicos.

A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde disse que o plano da zona do euro batia com a estimativa do FMI sobre as necessidades de capital e precisa dar “garantia de que as necessidades de financiamento dos bancos espanhóis serão totalmente atendidas”.

Fontes envolvidas nas negociações disseram que também houve pressão para que Madri fizesse o pedido imediatamente, mas a Espanha resistiu. Legisladores da zona do euro estão ansiosos para reforçar a posição da Espanha antes das eleições da Grécia, em 17 de junho, que poderão deixar Atenas mais perto de deixar a zona do euro e desencadear uma onda de contágio.

No entanto, analistas disseram que a decisão deste sábado pode acalmar os mercados financeiros quando reabrirem na segunda-feira.

“A figura de mais de 100 bilhões é mais encorajadora e bastante realista; é uma tentativa de deter o problema”, disse Edmund Shing, estrategista do Barclays. “Entretanto, ainda faltam detalhes de onde o dinheiro está vindo, o que é crucial. O mercado vai tratar disso com precaução até ver como será financiado o resgate”, ressaltou.

O Eurogrupo afirmou que o dinheiro pode vir de qualquer fundo -o temporário Fundo Europeu de Estabilização Financeira ou o permanente Mecanismo de Estabilidade Europeu, que entra em vigor a partir do mês que vem.

A Finlândia disse que vai querer garantias se o dinheiro vier do fundo temporário. Fontes da EU afirmaram que há uma preferência para canalizar o dinheiro para a Espanha através do fundo permanente. Por ele, uma taxa de aprovação de 90 por cento ou menos é necessária para acionar a ajuda e há uma maior flexibilidade nas operações.

“É por isso que é tão importante que esse fundo seja ratificado rapidamente”, disse o Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble.

O governo da Espanha já gastou 15 bilhões de euros socorrendo pequenos bancos regionais, que emprestaram dinheiro a construtoras. O maior banco espanhol com problemas, o Bankia, vai precisar de um resgate de 23,5 bilhões de euros.

“Seja qual for a fórmula a ser utilizada, precisamos dizer duas coisas. Primeira: os inocentes não devem sofrer pelos culpados. Segunda: o dinheiro público deve voltar aos cofres públicos”, declarou o chefe da oposição socialista, Alfredo Pérez Rubalcaba, depois de falar com o primeiro-ministro Mariano Rajoy, na manhã de sábado.

 

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