Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda: Novo Comentário
Mais fundos para as obras na Presidência
Parece que estamos a caricaturar a realidade, mas, pelo contrário, limitamo-nos apenas a dar visibilidade a essa situação. Num país carente de infra-estruturas de natureza diversa, desde hospitais, passando por escolas até à pontes e estradas, o Governo continua a protagonizar actos vergonhosos como o de contrair um milionário empréstimo para construir mais um edifício na Presidência da República. A primeira infra-estrutura tem as suas obras em fase de acabamentos, porém, o Conselho de Ministros decidiu aprovar uma resolução que ratifica um acordo de crédito celebrado entre o Governo moçambicano e o EXIM BANK da China num valor estimado em mais de 71 milhões de dólares norte-americanos.
A avultada soma destina-se ao financiamento da construção do edifício para escritórios da Presidência da República na cidade de Maputo. Será que o PR precisa de tanto espaço para trabalhar? Com aquele montante, milhares de crianças podiam deixar de estudar debaixo das árvores, melhorar- se-ia o acesso à saúde, além de abrir centenas de furos de água para a população.
Gabinete de reconstrução pós-cheias
Que o Governo moçambicano é despesista e, ao mesmo tempo, insensato isso já não constitui novidade para ninguém. Para legitimar as características que lhe são, digamos, intrínsecas, o Executivo decidiu criar um gabinete que deverá implementar os programas de emergência para a reconstrução e reabilitação de estradas e pontes no período pós-cheias. Afinal, qual é o papel do Ministério das Obras Pública e Habitação e da Administração Nacional de Estradas?
Diz-se que o referido gabinete terá como objectivo assegurar a execução dos projectos de engenharia, preparar os processos para o arranque das obras, bem como a sua monitoria e supervisão. Os fundos para a implementação desse projecto, avaliado em cerca de 180 milhões de dólares norte-americanos, resultam maioritariamente de uma contribuição externa, sendo que o Estado moçambicano participa com 40 milhões de dólares. Não será essa mais uma estratégia para acomodar sobrinhos, cunhados e amantes da elite política deste país?. Mas também podemos estar diante da revelação de um desejo inconfessável. Porém, de todos os modos estamos diante da maior Xiconhoquice do presente quinquénio.
Pronunciamento da Procuradoria Geral da República
Sempre que o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Paulino, vem a público fica-se com a seguinte dúvida: estamos perante um chefe do Ministério Público com poderes para inviabilizar a corrupção que tende a institucionalizar-se ou estamos perante um menino de recados? Não fica bem a um funcionário público da sua espécie passar a vida a fazer pronunciamentos para distrair os moçambicanos que, com muito suor, contribuem para pagar o seu salário.
Num desses seus habituais falatórios, o PGR protagonizou mais uma xiconhoquice ao pedir aos gestores públicos para que sejam mais transparentes na realização dos negócios públicos. E disse, ainda, como se nós os moçambicanos não soubéssemos, que a corrupção é um grande problema para o nosso Estado e para a sociedade e requer medidas cirúrgicas a curto e médio prazos, pois, dentro desse período, se não for debelada, pode representar um grande perigo para as instituições públicas e pode desacreditar o projecto de construção e consolidação no nosso Estado de direito democrático, e acrescentou que pode retrair o investimento externo. Se é para dizer o óbvio, não vemos a necessidade da existência desta figura.
