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Verdade Cor de Rosa – Que calor… Vamos à Unidade 7?

Aleluia! Hoje acordei com um bafo quente na fresta da minha janela. Pensava que estava a sonhar, já que o Sr. do Tempo – lá em cima – não tem sido muito simpático. E por estas bandas do Sul os equinócios e solstícios não respeitaram o 21 de Setembro, como a chegada oficial do Verão! Sinto que esta temporada promete e quero usar e abusar da minha cidade e, se o trabalho deixar, de Moçambique inteiro. Por enquanto só dá mesmo para ficar por aqui. Temos pena! Começo por dar uma “saltada” à ‘Unidade 7’ (U7), mesmo ali no Bairro do Jardim e que – para quem não sabe – qualquer dia torna-se Património Cultural da Unesco. Não é apenas um bairro com as carências naturais que existem para além do cimento da Polana, da Coop, da Sommerchield. A ‘Unidade 7’ é muito mais do que isso. É a casa da Timbila.

Casa do mestre Durão, do Cheny, do Matxume, da Tenka e do menino que nos ajudou a encontrar o Largo da Escola onde assistimos à sessão de cinema – como aqueles “drive in” de Verão à moda antiga – onde o calor nos faz esquecer os mosquitos e sentamo-nos na rua, com a família, os amigos, o namorado… e fazemos a festa! Quem nos atraiu à ‘Unidade 7’ foi um documentário, narrado em português, sobre a cultura Chopi e a Timbila. Os actores principais são os Timbila Muzimba, o mestre Venâncio e os seus filhos, o Festival M’Saho que acontece todos os Agostos em Zavala e o pessoal da ‘U7’.

Um grupo de músicos que cresceram com a percussão da mbila e levaram-na daqui até ao Mundo. De volta ao “drive in” (temos de aterrar) parámos na barraca do Peixe da Mamã e lá estava uma senhora muito simpática que, ao ouvir falar dos Timbila Muzimba e do documentário que íamos ver, revelou que os conhece «desde pequeninos». Enquanto a equipa de montagem improvisava o ecrã principal, as mamãs, os papás, os jovens e as crianças iam arranjando um sítio para se sentarem – acotovelando-se – e assistirem na primeira fila à história das suas vidas, do seu quotidiano. Cada vez que aparecia alguém conhecido ouvia-se um grito em uníssono. Estamos Juntos! A plateia estava full e acabámos por ir buscar uma bebida.

A fantasia deste “gesto” foi andar dois metros e encontrar a moça da loja das ‘txuna babes’ (onde não entro há cinco anos) que nos reconheceu e contou a última vez que passámos por lá. Também é da ‘U7’e nem sabíamos. Isto é Maputo! É bom subir no chapa e saber que as distâncias estão só nas nossas cabeças. Que andamos muito preocupados em ser americanizados e quando damos por ela já se fala de nós no Mundo. Preferimos importar do que explorar e fingir que até não temos família de láááááááá.

Os Timbila Muzimba são nossos e já estão à frente! Estão na moda em outras paragens e aqui nem damos conta… valor. Agora que chegam aí os verões de todas as cores, os lançamentos dos discos e as festas nas praias eu vou continuar a explorar a minha cidade e tenho a certeza de que todas as semanas tenho uma história – nossa – para contar. Warethwa!

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