Várias pessoas originárias da Guiné Florestal (sudeste), a cerca de 900 quilómetros de Conakry, foram apresentadas ao Procurador da República desta localidade onde violentos confrontos inter-étnicos fizeram recentemente dezenas de mortos com arma branca e armas de guerra, soube-se na noite da Terça-feira (23), de fonte oficial.
O assessor de comunicação do Ministério de Estado da Justiça, Ibrahima Béavogui, indicou numa declaração lida no jornal televisivo que «todas as pessoas que forem declaradas culpadas serão condenadas em conformidade com a lei».
Ele lembrou que durante os precedentes confrontos mortais ocorridos na província meridional todas as pessoas culpadas foram condenadas a penas de prisão que incluem a prisão perpétua e a condenação à morte.
Béavogui disse também que várias armas de guerra foram descobertas e apreendidas no termo dos confrontos entre Guerzés (autótones), a etnia de Moussa Dadis Camara, ex-líder da junta, e Koniankés (alógenos).
As bandeiras foram colocadas a meia-haste, em todo o território nacional, numa altura em que o Governo enviou uma forte delegação ministerial à Guiné Florestal onde os anciões aprovaram a abertura de inquéritos para perseguir os responsáveis por estas crueldades cometidas contra cidadãos , alguns dos quais foram mutilados, outros degolados e queimados vivos.
As disputas começaram na sequência do assassinato do jovem Kalil Kéita, um motorista aprendiz considerado como «ladrão» pelos seus assassinos originários de Koulé, aldeia do ex-líder da junta, Moussa Dadis Camara.
Segundo a rádio nacional, o jovem Kalil Kéita e o seu colega Moussa Kéita, igualmente aprendiz de camião, ambos da etnia Konianké, buscavam comida na madrugada para as necessidades do Ramadão, quando eles foram intercetados em Koulé por outros jovens, armados de espadas, de mocas, de pistolas e de armas brancas que mataram no local Kalil, enquanto o seu camarada, que tentava fugir, foi ferido a tiro.
Imediatamente, a notícia do assassinato de Kalil em Koulé por jovens Guerzés espalhou-se pela província meridional antes de dezenas de Konjankés descerem às ruas, munidos de todas as espécies de armas de punho para tentar vingar o seu irmão.
Vários observadores indicaram que a zona sul, que deve acolher em outubro próximo as festividades do 55º anivervário da ascensão da Guiné à independência, é considerada como um paiol onde constantemente violências tiveram lugar, como foi o caso há alguns meses quando o Exército disparou contra jovens que tentavam manifestar-se em Zogota para denunciar a sua rejeição por uma empresa brasileira que teria contratado empregados em outras localidades para ir trabalhar na sua zona mineira.