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Vai nascer uma nova Televisão: a Televisão Digital Terrestre

Vai nascer uma nova Televisão: a Televisão Digital Terrestre

Se o calendário assinalasse hoje Junho de 2015 e o leitor for um daqueles poucos moçambicanos que possui um aparelho de televisão (TV) e assiste às emissões em sinal analógico aberto dos quatro canais de televisão terrestre – TVM, STV, RECORD e TIM -, hoje não poderia assistir ao seu programa favorito no televisor que actualmente possui A velha televisão analógica está a morrer e uma nova TV acaba de nascer, a Televisão Digital Terrestre (TDT).

Os responsáveis pela morte de uma e pelo nascimento de outra são os mesmos: a revolução nas tecnologias de distribuição de sinais e o desenvolvimento dos processos de digitalização. Esta revolução vai provocar uma onda de impacto em Moçambique, tal como tem acontecido pelo mundo fora.

O primeiro grande impacto é a necessidade de adopção de um padrão uniforme para codificação, transmissão, modulação, difusão e recepção digital de programas. Outro impacto importante é a necessidade de substituição dos equipamentos de captura, edição e transmissão interna de vídeo e áudio analógicos, por equipamentos digitais.

O maior desafio, para a grande maioria dos países pouco desenvolvidos, como Moçambique, é a escolha técnica-económica-social-política do padrão de modulação de sinais. Os padrões de TDT existente são o Americano (identificado pela sigla ATSC), o Europeu (identificado pelas siglas DVB-T & DVB-T2), o Japonês (identificado pela sigla ISDB-T), o Chinês (identificado pela sigla DTMB) e uma variante do padrão japonês melhorada pelo Brasil(identificado pela sigla SBTVD-T).

Mas o que está mal na TV analógica?

O leitor que possui actualmente uma TV analógica, e ela funciona bem com a transmissão de TV em sinal aberto, TV a cabo, videocassetes, TV por satélite, câmaras de vídeo e tudo o mais, irá interrogar-se: “O que está mal na TV analógica?” O principal problema é a resolução.

A resolução da TV controla a qualidade e o detalhe da imagem que o telespectador vê, a resolução é determinada pelo número de pixéis no ecrã. Um aparelho de TV analógico pode exibir 525 linhas horizontais de resolução a cada trigésimo de segundo, este processo tem o nome de entrelaçamento e tem funcionado muito bem nas últimas décadas.

Agora o mundo, e alguns poucos moçambicanos, foram condicionados pelos monitores de computador a que se acostumaram e que tem uma resolução bem melhor. A menor resolução exibida por um monitor de computador é de 640 x 480 pixéis. Por causa do entrelaçamento, a resolução efectiva de um ecrã de TV é de cerca de 512 x 400 pixéis. Assim, os piores monitores de computador que se encontram no mercado possuem mais resolução do que o melhor aparelho de TV analógico, e os melhores monitores de computador são capazes de exibir até 10 vezes mais pixéis do que aquele aparelho de TV.

Simplesmente não há comparação entre um monitor de computador e uma TV analógica em termos de detalhe, qualidade, estabilidade e cor da imagem. Se o leitor olhar diariamente para o ecrã de um monitor de computador e for para casa e olhar para ecrã de um aparelho de TV, a imagem no aparelho de TV poderá parecer nebulosa. É o desejo de dar ao ecrã do televisor a mesma qualidade e detalhe de um ecrã de computador que move o movimento rumo à televisão digital.

Se já viu um bom aparelho de TV digital exibindo um verdadeiro sinal de TV digital, certamente pode entender porque a versão digital da TV parece fantástica. Não há comparação! Com 10 vezes mais pixéis no ecrã, todos exibidos com precisão digital, a imagem é incrivelmente detalhada e estável.

Mas afinal o que é a TDT?

A TDT – Televisão Digital Terrestre – é uma tecnologia que permite a transmissão digital do sinal de televisão, oferecendo uma qualidade muito superior e permitindo uma utilização mais eficiente do espectro radioeléctrico, o que proporciona espaço para mais canais de televisão, permitindo agregar outras funcionalidades à televisão, com destaque para uma maior interactividade. A transmissão digital vai substituir com vantagem a transmissão analógica, nos vários tipos de suportes, tais como cabo, satélite e radiodifusão terrestre.

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O grande diferencial da TV digital é a capacidade de fornecer aos telespectadores novos serviços que antes não eram possíveis no sistema analógico. De entre estes serviços, destacam-se:

– A gravação de programas, que possibilita o armazenamento num disco rígido dentro do aparelho para exibição posterior, mesmo quando o espectador estiver a assistir a outro canal;

– Acesso à Internet; Sistemas computacionais;

– Jogos electrónicos;

– As recepções móveis, que dizem respeito à recepção em meios de transporte ou em receptores pessoais portáteis (telemóvel);

Estas e outras aplicações devem-se, principalmente, ao facto de a TV digital proporcionar a interactividade com o espectador, por meio de um canal de retorno.

Quando surgiu a TDT?

Nos EUA, em 1987, foram iniciados os primeiros estudos com o objectivo de desenvolver novos conceitos no serviço de televisão. Foi então criado o ACATS (Adivisory Commitee on Advanced Television). No início trabalhos, o comité decidiu desenvolver um sistema totalmente digital, que foi denominado DTV (Digital Television). Foi então criado um laboratório, o ATTC (Advanced Television Test Center), que, entre 1990 e 1992, testou seis propostas.

Nos testes realizados, nenhuma das propostas satisfez todos os requisitos. Em 1993, sete empresas e instituições participantes dos testes (AT&T, GI, MIT, Phillips, Sarnoff, Thomson e Zenith) reuniram-se formando a “Grande Aliança” para desenvolver um padrão conjunto. Numa decisão arrojada foi adoptado como padrão para compressão do vídeo o padrão MPEG-2.

No final de 1993, os europeus também decidiram desenvolver um padrão totalmente digital e adoptaram o padrão MPEG. Criou-se então o consórcio DVB (Digital Vídeo Broadcasting). A versão DVB para a radiodifusão terrestre (DVB-T) começou a operar em 1998, em Inglaterra. Em 1995, o ATSC (Advanced Television System Commitee) recomendou a adopção do sistema da Grande Aliança como o padrão para a DTV norte-americana.

Só em 1997 os Japoneses decidiram desenvolver um padrão totalmente digital. O sistema Japonês denominado ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting) assemelha-se ao europeu e entrou em operação com transmissão via satélite em 2000.

TDT em Moçambique

Nos países mais desenvolvidos, e em vários países africanos, a implantação da TDT está actualmente na segunda etapa do processo, que consiste na migração de toda a população para este novo paradigma. Moçambique está ainda a começar o seu processo rumo a Televisão Digital Terrestre e, de um longo e complexo caminho que o país terá de percorrer, actualmente, de concreto, só existe a meta ambiciosa do poder executivo de fazer a migração em cinco anos, enquanto noutros países bem mais desenvolvidos esta migração demorou mais de dez anos.

O primeiro passo é definir o padrão que iremos usar. Esta é uma escolha que deveria que devia prevalecer em relação às questões tecnológicas, de qual é o melhor padrão, mas antes ponderar os custos dessa migração, que irá ascender a várias dezenas de biliões de meticais.

Esta é uma escolha que deveria pensar nas questões sociais, pois o acesso à televisão caminha lado a lado com o acesso a informação e a tecnologia não deve ser um factor de exclusão social. Infelizmente os moçambicanos não terão voto na matéria, pois, mais uma vez, uma questão com impacto tão profundo nas nossas vidas – alguém se recorda de como tudo parava em Maputo para assistir o Odorico Paraguassu, em “O Bem- Amado” –, e que deveria envolver todos os moçambicanos será decidida pelo poder executivo.

Moçambique deverá adoptar o padrão Europeu, em resultado da concertação com os restantes países da África Austral, que procuram aumentar a integração entre os vários países membros.

Uma das vantagens desta opção é que o padrão Europeu é o mais disseminado pelo mundo – segundo um estudo do Banco Mundial, a cobertura populacional dos padrões de TDT é a seguinte: DBV-T (63% a 67%), ATSC (até 11%), ISDB-T (até 6%), com China e Brasil isolados, com 20% e 2,6% da população mundial –, o que deverá dar lugar a economia de escala no custo dos equipamentos que deverão ser adquiridos pelos canais de televisão assim como pelos telespectadores, afinal quando o Mercado é maior os custos repartem-se por mais consumidores o que torna o produto final mais barato.

Para uma população de analfabetos tecnológicos como é a moçambicana, pouca importância terá a sofisticação da qualidade de imagem e som ou a interactividade de serviços que a possibilidade de multiplicar o alcance de canais e opções de programação. A grande maioria dos moçambicanos nem sequer tem ainda acesso a televisão – segundo o censo de 2007 existiam 467.536 lares com televisão em Moçambique, o que representava apenas perto de 10% da população – e mesmo aqueles moçambicanos que já são telespectadores muito poucos puderam ainda usufruir das vantagens da TV por cabo ou satélite que estão disponíveis no país.

A título ilustrativo, a Multichoice já transmite as suas emissões em formato digital, fazendo uso do padrão europeu (DVB-T2), mas poucos são os telespectadores que sabem tirar partido dos recursos disponibilizados.

Quanto custará mudar para a TDT?

A recepção das emissões da TDT é gratuita. Se já utiliza a recepção analógica terrestre com quatro canais, o custo de mudança para digital corresponde apenas ao valor do descodificador – existem vários modelos com diversas especificações, e que a seu tempo iremos aqui apresentar – que terá que ser compatível com a tecnologia DVB-T e com a norma MPEG-4/H.264, caso não possua já um equipamento de TV que permita a recepção directa do sinal digital compatível com esta norma.

Mas antes de receber as emissões de TDT o Governo deverá encontrar forma de implantar, com seu investimento ou apoio de doadores, a tecnologia de transmissão do sinal digital. Neste momento não existe ainda nenhuma previsão de quanto irá custar a implantação da TDT no país.

Para o Director Geral do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique, Américo Muchanga, o Governo moçambicano deveria criar uma empresa que ficasse responsável pela transmissão do sinal de televisão terrestre para todo o território nacional, assegurando-se que nenhum moçambicano ficasse fora da área de cobertura. As emissoras de TV nacionais deixam de ter necessidade de possuir emissores para a transmissão e passam a concentrar-se na produção de conteúdos.

Porém o canal público continua a investir nos seus emissores analógicos e, segundo Armindo Chavana, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da TVM, até Fevereiro de 2011, o canal deverá alargar ainda mais o raio da sua cobertura, que deverá chegar a 90% do território nacional. Sobre a TDT, Chavana, afirma que a TVM não tem ainda claro como se irá desenvolver o processo.

“Não sei como é que vamos fazer isto. Não sei se vai aparecer uma entidade com o nome de Telecomunicações de Moçambique, ou uma entidade privada, ou uma entidade que sente no seu board (Conselho de Administração) todos os operadores e diga: – Temos um operador que vai transportar o sinal e vocês produzem os conteúdos. Não sei que formato vamos encontrar.”

O PCA da maior emissora de TV moçambicana questiona se esse operador irá levar o sinal de televisão até ao sítio mais distante deste país “onde temos quatro habitantes com acesso a electricidade (…) ou se a TVM vai continuar a operar a sua própria rede, prestando aquilo que o Estado tem obrigação de fazer que é serviço público, levando televisão a todos os moçambicanos.”

A Record Moçambique, canal afiliado da Record Brasil, afirma já estar a dotar-se de equipamentos de edição e transmissão digitais e, obviamente, tem preferência que o país adopte o padrão desenvolvido pelos brasileiros. Mesmo que seja um padrão de TDT diferente, a Administração da Record Moçambique, canal com maior audiência no país, não vê obstáculos nisso e estima que a migração poderá custar perto de 25 milhões de meticais.

Para os assinantes do serviço de televisão digital via satélite, distribuído pela Multichoice em Moçambique, não houve custos de migração para o digital e, segundo a empresa, não haverá custos adicionais para se receber o sinal dos vários canais de televisão e rádio disponíveis. Porém, caso estes assinantes pretendam fazer uso dos recursos que a televisão digital via satélite disponibiliza, precisam de comprar um novo receptor que custa cerca de trinta mil meticais.

Paralelamente as emissoras de TV deverão dotar-se de meios digitais de captação, edição e transmissão interna de vídeo e áudio. Numa fase posterior, as emissoras deverão repensar os seus modelos de produção de conteúdos, pois para tirar partido das vantagens e recursos que a TDT possibilita. Não bastará filmar um determinado acontecimento, será preciso incorporar outras informações e recursos adicionais a esse material para que o telespectador possa usufruir em pleno da TDT.

Nalguns países foram aproveitados acontecimentos importantes que requereram uma grande cobertura televisiva para experimentar os novos sistemas de TDT. Moçambique, se tivesse planeado esta migração atempadamente, poderia aproveitar os Jogos Africanos de 2011 para começar a transição rumo à TDT porém, como todo o processo em torno dos Jogos Africanos, este aspecto foi negligenciado.

Onde vamos poder comprar os receptores e antenas?

Como o processo de transição está ainda numa fase embrionária, ninguém sabe onde se poderá comprar os Televisores Digitais ou os conversores de sinais analógicos para digitais. Contudo fazemos fé que deverão estar disponíveis nos pontos de venda habituais de equipamentos electrónicos assim que a transição comece.

É preciso que o leitor esteja atento e se optar por manter a TV analógica que possui que garantia tem que o descodificador que adquirir é compatível com a tecnologia DVB-T e com a norma MPEG-4/H.264? Ou, caso pretenda adquirir um televisor, nos próximos anos, decida-se por um que já venha preparado para a TDT, e que esta cumpra a norma Europeia. É importante não confundir com os televisores de Alta definição (HD) que existem no mercado que ainda não estão dotados da tecnologia que lhes permitirá receber os sinais da TDT no padrão DVB-T.

O que é um dado adquirido é que a transição da TV analógica para a TV digital irá acontecer, e queremos todos que ela seja efectuada de forma suave e pacífica.

A Rádio também vai ser digital

O rádio faz parte da nossa vida, e a grande maioria dos moçambicanos ouve rádio todos os dias – 2.319.142 lares possuíam um rádio de acordo com o censo de 2007, e a RM afirma cobrir todo o território nacional nas suas emissões nocturnas -, para a maioria da população a rádio é a principal fonte de informação, entretenimento, desporto e cultura.

Do ponto de vista tecnológico o rádio analógico, tal como a TV analógica, vive um processo de obsolescência, em especial em onda média e em amplitude modulada (AM), passando por um momento de transição entre os velhos padrões analógicos e as novas promessas da digitalização. Apenas em frequência modulada (FM) o rádio continua a ter boa qualidade.

Segundo Ricardo Malate, Presidente do Conselho de Administração da Rádio Moçambique, a transição para a rádio digital difere da transição para a TDT, pois enquanto na televisão vai haver migração de espectro e as frequências que a televisão usa hoje deixam de ser usadas, migra de facto, a rádio vai continuar a usar o mesmo espectro de FM, o mesmo espectro de AM e pode converter este sinal do mesmo espectro em digital, portanto o AM e o FM podem ser convertidos em digital.

Mas Malate acrescenta que existe também a verdadeira rádio digital que obriga a mudar para o sistema chamado DAB (digital áudio broadcasting) ou seja a radiodifusão digital. O DAB será, num futuro próximo, o padrão de rádio em que teremos uma nova banda e não precisaremos de memorizar as frequências. O som terá qualidade praticamente igual à de um CD, sem interferências. Este sistema é mais económico que o FM, pois além de permitir que várias rádios utilizem o mesmo emissor, a potência de emissão é substancialmente menor, cobrindo uma mesma área o que leva a grandes economias eléctricas para as emissoras.

De acordo com o PCA da RM, o sistema de rádio completamente digital é o que obriga a maiores cautelas pois os ouvintes neste caso “tem que ter um receptor novo e não podemos introduzir estes mecanismos antes que tenhamos claro como é que os ouvintes vão ter acesso às emissões da rádio.” Mas então porquê digitalizar o rádio? Por muitas razões, mas, principalmente, porque esse avanço tecnológico melhora a qualidade das recepções, possibilita a convergência com outros meios e tecnologias, abre perspectivas de interactividade, de maior estabilidade nas transmissões, de economia de espectro de frequências e de incontáveis aplicações. Telefone, telemóvel, computador, televisão, áudio e quase tudo em matéria de electrónica evoluiu para a tecnologia digital – menos o rádio.

Porquê? Por uma razão bem simples; as diferentes estratégias de digitalização do rádio – em AM, FM e ondas curtas – ainda enfrentam problemas e obstáculos realmente sérios em todo o mundo. Para que sejam eliminados os problemas actuais, teríamos que mudar a faixa de frequências das emissoras para outra parte do espectro de frequências – o que obrigaria todos os ouvintes a abandonarem seus receptores actuais e comprarem novos rádios.

É claro que os sistemas de rádios transmissores começaram a partir dos anos 80’ a substituir a tecnologia analógica pela tecnologia digital, mas ainda em laboratórios e em sistemas experimentais, demonstrando a possibilidade de melhoria sensível na qualidade do rádio, fazendo com que o áudio AM (Amplitude Modulation) fique com qualidade de FM (Frequency Modulation) e o áudio de FM com qualidade de CD (Compact Disc).

Se o desafio tecnológico não é uma grande barreira o desafio económico-social-político para as emissoras de rádio e para o ouvinte é quase uma quimera. Salvo a rádio pública, e algumas rádios ligadas a grupos ou grandes organizações, as rádios moçambicanas são relativamente pobres ou deficitárias, por isso muito poucas terão recursos para investir nos novos equipamentos que a rádio digital torna um imperativo.

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Pior ainda é o lado dos ouvintes. A indústria de receptores de rádios em Moçambique morreu há vários anos e se já será difícil convencer os ouvintes nos grandes centros urbanos a pagar o equivalente a 3 mil ou 7 mil meticais por um novo receptor digital – preços de referência desses aparelhos nos Estados Unidos, onde já existe razoável escala – imagine-se chegar a grande maioria dos ouvintes nas zonas rurais do país, que sobrevivem com menos de 30 meticais por dia, e obrigá-los a comprar novos receptores de rádios digitais.

Mas o PCA da rádio pública vê um cenário diferente: “Estou em crer que o Instituto Nacional das Comunicações, que é o regulador nesta matéria, vai trabalhar no sentido de que a migração não seja violenta, sob pena de reduzirmos o acesso das pessoas à informação e criarmos, de facto, uma situação desagradável com implicações até nos direitos constitucionais dos moçambicanos.”

Para Ricardo Malate este é um problema que também tem que ver com o Mercado, e, segundo ele, o Governo pode também ser decisivo em todo o processo. “Por exemplo o Governo pode decidir apoiar a migração e decidir contratar um fornecedor de rádios digitais em massa, garantindo que os receptores fiquem mais baratos.”

Malate conclui, falando sobre os imperativos desta migração para a rádio digital e, recordando-se de outra transição tecnológica que acompanhou, “quando nós introduzimos FM aqui na Rádio Moçambique começamos com um emissor pequenino, aqui no sétimo andar da Rádio Moçambique, passado um tempo os benefícios de FM eram incontestáveis, toda gente queria ouvir rádio FM. Hoje as pessoas estão a ouvir rádio FM. Agora estamos a falar de migração para rádio digital, parece uma coisa má mas penso que esta é uma imposição, por um lado necessária porque o desenvolvimento das tecnologias visa um fim que é uma maior qualidade, uma maior abrangência, porque veja que a rádio digital vai ter poupança de espectro. E já não estamos a falar da falta de frequências para novas emissoras de rádio.”

O Director do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique, Américo Muchanga, também afirma que o processo de migração da rádio analógica para a rádio digital será completamente diferente do processo da migração para a televisão digital terrestre e acredita que o tempo de transição na rádio será mais longo, podendo estender-se para além de 2015.

* BIBLIOGRAFIA: INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE TV DIGITAL, Marcus Vinicius de O. Régis/ Joseana Macêdo Fechine2; Conceitos e Modelos para um Sistema Brasileiro de Produção de Conteúdo Digital Bruno Feijó/Paulo Badaró; O RÁDIO DIGITAL, Esmeralda Villegas Uribe;

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