A seleção do Gana vai entrar esta sexta-feira no Soccer City para fazer história, se vencer o jogo e torna-se na primeira seleção africana a chegar às meias finais de um Campeonato do Mundo de futebol da FIFA e, com uma motivação adicional é o mundial que o continente africano organiza. “É muito estimulante, sabemos lidar com a pressão e acredito nos meus colegas e o que juntos podemos fazer juntos. Estamos prontos para jogar contra qualquer equipa.” falou confiante ontem o avançado Asamoah Gyan, que já marcou três golos no Mundial da Àfrica do Sul.
Do outro lado estará um Uruguai campeão do Mundo 1930 e 1950, que há quatro décadas não chega a uma semi-final, mas que está a fazer uma boa campanha. O selecionador Óscar Tabarez afasta a pressão histórica “Não me quero meter nas comparações histórica, ainda. Depois de tudo terminar (e espero que não termine amanhã, sexta-feira) faremos o balanço de tudo.”
Como é que o Gana chegou aqui, com um sério trabalho nas camadas mais jovens do seu futebol, é campeão mundial de sub 20 depois de vencer o Brasil na final, com muita técnica e força física mas também um grande trabalho mental do técnico Milovan Rajevac. Antes do Mundial de 2010 começar o Gana era apontado como uma das seleções africanas que poderia fazer um bom torneio, mesmo sem a sua anterior maior estrela Michael Essien lesionado.
Hoje, Gyan é quem brilha ao lado de outras 22 estrelas negras e querem mostrar ao mundo que são capazes de ganhar muito mais do que conseguiram e, principalmente têm o respeito do Mundo. Aos 24 anos o avançado ganense, está a um golo de igualar uma marca que Roger Milla alcançou aos 42 anos: tornar-se o maior artilheiro africano em Copas do Mundo. Vaidoso, o ainda jogador no Rennes da França, irradia confiança “Eu tenho muita confiança em mim mesmo e acredito que vou chegar lá. Ainda sou jovem, tenho apenas 24 anos, e muita coisa ainda pela frente. Há dois anos, ninguém poderia imaginar que eu estaria aqui, jogando a este nível. Mas eu não estou surpreso, sei do meu potencial.”
Sem o avançado Ayew, impedido por acumulação de cartões amarelos, e com outros três jogadores lesionados Rajevac esconde o seu jogo até às 20h30 e afirma que todos jogadores do Gana são bons e que qualquer um estará pronto para defender a honra do país e do continente.
Impressionado com o estádio Soccer City e com todos os jogadores disponíveis, Oscar Tabárez não esconde a equipa que vai pôr no relvado: Muslera, Maximiliano Pereira, Lugano, Victorino e Fucile; Arévalo Rios, Pérez, Álvaro Fernández; Cavani, Suárez e Forlán. Afirmando não temer as milhares de vuvuzelas africanas que estarão no estádio “El maetro” diz que ficou emocionado ao entrar para o treino desta quinta-feira, olhar para cima e ver a bandeira do Uruguai, e a do Gana também, já penduradas para o jogo. E acrescenta “queremos voltar para aqui depois deste jogo para a final!”
Na conferência de imprensa antes do jogo o treinador uruguai foi desafiado a falar sobre a identidade futebolística num país pequeno, orgulhoso o Tabárez lembrou aspectos da cultura do seu país “O nosso país não chegou às últimas etapas nos últimos Mundiais, mas é um país de grande cultura futebolística. Posso contar nos dedos de uma mão os países com uma cultura assim. São os países em que o futebol é realmente um assunto importante. O brinquedo que mais diverte as crianças uruguaias é uma bola de futebol, seja lá do que ela seja feita, pode ser até de papel.”
Duas seleções, cada uma a viver o seu conto de fadas, entram em campo no Soccer City apartir das 20h30, só uma delas fará história nas meias finais do Mundial da Àfrica do Sul.