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Urge incluir os intelectuais na solução dos problemas nacionais

Graça Machel, activista moçambicana e antiga ministra da educação e cultura de Moçambique, defendeu, terça-feira, em Maputo, ser urgente incluir os intelectuais nacionais na concepção de políticas e na solução dos problemas que o país enfrenta.

Graça Machel, viúva do primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, sublinhou que há marginalização de intelectuais moçambicanos, que constituem uma capacidade que o país construiu ao longo dos últimos anos.

“Não há mecanismos de os fazer participar na sua plenitude na solução dos problemas do país, muito menos eles influenciarem as politicas e se sentirem parte delas. É preciso reverter esta situação e dar oportunidade para que os intelectuais mostrem os seus conhecimentos” defendeu.

Graça Machel fez estes pronunciamentos durante uma mesa redonda sobre a vida e obra de Samora Machel, no quatro das quartas jornadas científicas e tecnológicas de Moçambique iniciadas, terça-feira, em Maputo.

Na ocasião, ela deu exemplo de Samora Machel na inclusão dos intelectuais na vida do país, sublinhando que aquele líder fazia-se rodear de pessoas que tinham conhecimento sem qualquer complexo.

“Samora Machel não tinha muitas habilitações literárias. O seu mérito foi fazer-se rodear por pessoas altamente qualificadas. Ele não tinha complexo de se rodear de pessoas com mais conhecimento” frisou, acrescentado que “ele era um pensador estratégico”.

Graça Machel frisou que não é possível alcançar as batalhas ou desafios do século 21 sem colocar a educação em primeiro lugar. De acordo com a interlocutora, Samora Machel colocou a educação sempre em primeiro lugar.

Graça Machel revelou que já nos primórdios da luta armada de libertação nacional havia consciência de que a educação é um pilar para o desenvolvimento e já se defendia o ideal de que “é preciso educar o homem para vencer a guerra e criar uma nova sociedade para desenvolver a pátria depois da independência”.

“Samora defendia que a ciência liberta o povo, por isso sempre houve programas de alfabetização nos campos e os poucos guerrilheiros que tinham experiência de docência formularam os fundamentos do sistema nacional de educação que fosse genuinamente moçambicano e foram criados centros piloto nas zonas libertadas” explicou.

Graça Machel acrescentou que “a guerra tinha que ser dirigida e vencida pela ciência e que todos se vissem como iguais, por isso depois surgiu o ideal de fazer a escola uma base para o povo tomar o poder. Este princípio deixava claro que o objectivo não era só libertar o país do colonialismo, mas era preciso saber gerir o povo”.

Num outro desenvolvimento, Graça Machel disse que o desenvolvimento só se realiza quando baseado em condições exactas do povo.

“Adoptam-se teorias dos outros e esquecemos que só vamos nos transformar, atingir a prosperidade quando olharmos para a nossa realidade, as nossas condições sócio-culturais. Não podemos importar agendas políticas, para que elas tenham impactos devem ser adequadas”, defendeu. A interlocutora enfatizou que Samora Machel não vai voltar e a forma de mater vivos os seus ideais depende dos moçambicanos.

“Samora não vai voltar e para dar continuidade ao que ele defendia, tudo depende de nós. Moçambique precisa de pessoas que têm consciência de discriminação, da exclusão social e que rejeitem e se manifestem contra estas práticas e contra a imposição de políticas, para que possamos colocar Moçambique nos caris”, sublinhou.

Para tal, Graça Machel considera premente que Moçambique seja um estado solidário, onde não se colocam os pobres de lado. “As elites moçambicanas devem ter consciência de solidariedade nacional. Ninguém se pode sentir satisfeito e realizado quando há uma maioria a lutar pela sobrevivência”, sublinhou.

As quartas jornadas científicas iniciaram terça-feira e decorrem até a próxima quinta-feira, sob o lema “ciência e tecnologia rumo à revolução tecnológica e do conhecimento”.

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