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Uma homenagem ao craque Maradona

Uma homenagem ao craque Maradona

Há meio século, Dalma Salvadora Franco — mais conhecida como Dona Tota — dirigiu-se ao Hospital Policlínico Evita, em Lanús, na Grande Buenos Aires, acompanhada pelo marido Diego para dar à luz o seu quinto filho, o primeiro menino da família. Ninguém poderia imaginar que naquele momento estava a nascer uma das maiores celebridades do planeta.

Quando criança, Maradona vivia na Vila Fiorito, um bairro humilde ao sul da capital argentina. “A minha mãe mentia sempre para mim, mas só pude entender o motivo quando me tornei adulto”, conta. “Na hora de comer, ela dizia estar mal do estômago, mas era mentira. DIzia isso porque não havia comida suficiente para toda a família e ela queria que nós comêssemos”, relembra o craque ao exemplificar a infância difícil, mas feliz, que sempre girou em torno do futebol.

Sem dúvida, foram dificuldades como estas que acabaram calejando Dieguito, criando a personalidade que ele mais tarde evidenciaria nos relvados. “Os meus pais matavam-se para não faltar comida em casa, mas éramos uma família numerosa e não sobrava nada”, conta Raúl, irmão do ex-jogador. “Quando Diego recebeu o seu primeiro salário, levou-nos a todas as lojas de brinquedos do bairro e comprou-nos presentes, sapatilhas e bicicletas. Ele queria dar aquilo que nunca tivemos quando éramos crianças…Como na sua primeira excursão como jogador, quando comprou o primeiro par de botas que eu tive, que era três números maior do que eu calçava. Mas usei-as mesmo assim, só tive de pôr mais meias.”

Golos e fama

A relação de Maradona com o desporto bretão já é bem conhecida. É a trajetória de um menino que encantou a torcida do Argentinos Juniors, fazendo malabarismos com a bola no intervalo das partidas da equipe principal do clube, na qual ele estreou com apenas 15 anos de idade.

É o mesmo garoto que chorou de raiva quando foi descartado da seleção que conquistaria o título da Copa do Mundo de 1978 e que, um ano mais tarde, voltaria a chorar — dessa vez, de alegria — ao levar o título do Mundial Sub-20 da FIFA no Japão. “Nunca fui tão feliz como naquele grupo”, relembrou na sua autobiografia.

Maradona brilhou por onde passou. Entre 1981 e 1997, ele vestiu as camisas de Barcelona, Napoli, Sevilla, Newell’s Old Boys e Boca Juniors, apesar de escrever o principal capítulo da sua premiada trajetória vestindo as cores da Argentina. Pela seleção do seu país, ele esteve em cinco edições do Campeonato do Mundo da FIFA — quatro como jogador e uma como técnico. “Sempre digo que, para beijar esta taça, 30 dias de sacrifício não são nada na vida de uma pessoa”, declarou há um ano atrás.

E é preciso acreditar nele, não apenas por causa do seu sorriso depois da conquista do título no Estádio Azteca, no México 1986, mas pelas suas lágrimas na derrota na final da Itália 1990. Ou pela tristeza causada pela sua suspensão por doping nos Estados Unidos, em 1994. Todas estas experiências, somadas à expulsão no dia da eliminação da Argentina no Mundial de 1982 pelo Brasil, deixam claro que a sua participação no torneio mais importante do futebol nunca passou despercebida.

“Ninguém fica indiferente a Diego Armando Maradona”, afirmou uma vez o presidente da FIFA, Joseph Blatter. “Dentro do campo, era igual. O seu desempenho excepcional e os seus golos extraordinários no México 1986 ficaram gravados na memória de todas as pessoas que são apaixonadas por futebol, entre as quais eu incluo-me.” “Pessoalmente, eu lembro-me principalmente de um garoto extremamente talentoso”, recorda Blatter. “No Japão 1979, durante a segunda Copa do Mundo Sub-20 da FIFA, ele deixava todo mundo boquiaberto cada vez que pegava na bola.

África do Sul… e depois?

A última experiência profissional de Maradona foi inesquecível: nada menos do que técnico da seleção argentina na África do Sul 2010. Só com a sua presença, ele ofuscava jogadores do nível de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, como ficou evidente em cada uma das suas aparições em conferências de imprensa, treinos e jogos. “Entrar em campo e ver que inclusive os adeptos adversários gritavam o nome dele e fazia de tudo para tirar uma foto com ele é sair ganhando por 1 a 0”, confessou Nicolás Burdisso durante o torneio. “Era realmente impressionante”, completou.

Porém, infelizmente para o craque, esse feitiço não funcionou contra os alemães e a experiência terminou com um digno, mas amargo quinto lugar. Atualmente, depois de confirmado o seu afastamento do selecionado nacional, ele analisa ofertas para voltar a trabalhar no que mais gosta: perto da bola e dos jogadores. “Estou a analisar propostas e projetos, mas voltarei à ativa em breve”, declarou ele neste mês. “O quanto antes, na verdade. Quero uma desforra.”  

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