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Um legado de Mondlane: Guebuza apela à unidade dos moçambicanos

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, defendeu na quarta-feira, em Maputo, que a unidade nacional, um legado de Eduardo Mondlane, ainda é necessária para os combates que o país continua a travar para a melhoria das condições de vida dos moçambicanos. Assim, Guebuza apela a todos os moçambicanos para unirem esforços no combate a pobreza, doenças e outros males que afectam o país.

Guebuza fez este pronunciamento na Praça dos Heróis moçambicanos, minutos após a cerimónia de deposição de uma coroa de flores em homenagem aos 41 anos da morte de Eduardo Mondlane, assinalada na quarta-feira. Para Guebuza, Eduardo Mondlane, o homem que idealizou a unidade nacional na luta contra o colonialismo português, não morre. “Mondlane não morre. Ele falou da unidade nacional que nos deu a vitória sobre o colonizador.41 anos depois da sua morte, esta unidade nacional ainda é necessária para os combates que temos agora pela frente e o nosso principal desafio é continuarmos a lutar contra a pobreza” disse.

 

Apesar de Mondlane ser uma figura muito presente e notória na história de Moçambique, ainda existem milhares de moçambicanos, sobretudo os mais novos, que não conhecem os feitos deste herói, arquitecto da Unidade Nacional. Uma das causas apontada para este défice de conhecimento sobre Mondlane e não só, é a falta de transmissão do testemunho ou de conhecimento pelas pessoas que com ele viveram e conviveram antes e durante a Luta Armada de Libertação Nacional.

Entretanto, Guebuza considera que existe uma transmissão de testemunho pela geração de 1962 e a de 25 de Março, e garantiu que o Governo vai continuar a promover a transmissão de conhecimentos, tal como aconteceu no ano passado. “No ano passado, valorizamos os nossos heróis e vamos continuar a trabalhar para valorizar o testemunho e os locais históricos deste país. As escolas também vão continuar a ensinar a nossa história para que todos conheçam o nosso percurso” frisou.

Na ocasião, Guebuza garantiu que o país vai continuar a valorizar os seus heróis e que haverá uma homenagem especial na passagem de 40 anos de morte dos mesmos tal como aconteceu com Mondlane no ano passado e com John Issa, Mateus Sansão Muthemba, José Macamo, entre outros, em 2008. Em Moçambique decorre há vários anos um debate aceso sobre o estatuto de herói nacional.

Questionado sobre o quem seria um herói nacional, Guebuza respondeu “é aquele que sendo igual a nós, faz mais do que nós. Nós olhamos para ele e admiramos como ele consegue ultrapassar a si próprio e nós”. O filho mais velho de Mondlane, Eduardo Mondlane Júnior, falando a AIM, disse que o sonho do seu pai era um Moçambique independente, soberano e moçambicano.

Para ele, este é o país que Mondlane sonhou uma vez que “estamos a viver uma democracia viva, temos eleições democráticas e as últimas vivemos em 2009. Estamos a crescer. Por isso, posso dizer que sim, este é o Moçambique que Mondlane sonhou”. Mondlane Júnior considera que o ano passado, dedicado à Eduardo Mondlane, foi marcante e fundamental para divulgar e promover o legado do “Arquitecto da Unidade Nacional”. Outra figura entrevista pela AIM na cerimónia de deposição de flores na cripta dos heróis moçambicanos foi o Sheik Aminudine, que disse que os ideais de Mondlane permanecem vivos no país, facto que se vê pelo facto de os moçambicanos continuarem unidos, a viverem como um povo, independentemente das suas diferenças.

Aminudine defende que os moçambicanos devem continuar a seguir os ideais de Mondlane, bem como viverem para os outros, como fizeram os heróis. “Temos que viver para os outros porque se vivermos para nós mesmos tudo se acaba quando morremos, e quem vive para os outros vive eternamente, como estes nossos heróis” frisou. Mondlane foi o fundador da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) a 25 de Junho de 1962, em Dar-es-Salaam, na Tanzânia. A FRELIMO resulta da união dos três movimentos de libertação, nomeadamente a UDENAMO, a UNAMI e a MANU.

Sob a liderança de Mondlane, a FRELIMO definiu como inimigo o colonialismo português e não o povo português. A luta armada foi encarada como a única alternativa face à recusa das autoridades coloniais em conceder, de forma pacífica, a independência aos donos da terra. Assim, a 25 de Setembro de 1964 inicia a luta de libertação nacional rumo à derrocada do regime colonial.

Cinco anos depois, concretamente, a 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane foi assassinado na Tanzânia. Em 1976, a data foi consagrada Dia dos Heróis Moçambicanos pelo falecido Presidente Samora Machel. Mondlane nasceu a 20 de Junho de 1920, na aldeia de Nwadjahane, distrito de Mandlakazi, província de Gaza.

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