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Um lastimável mercado de peixe

Um lastimável mercado de peixe

O mercado de peixe dos Belenenses na cidade de Nampula é o exemplo mais bem acabado de atentado à saúde pública. Diga-se em abono da verdade, os produtos são vendidos sem serem observados as condições básicas de higiene.

Grande parte dos munícipes de Nampula, no norte de Moçambique, tem vindo a comprar pescado no famoso mercado de peixe construído recentemente pelo Conselho Municipal da cidade de Nampula, localizado no bairro dos Belenenses, próximo à feira dominical.

Há tempos, as autoridades municipais criaram enormes expectativas nos vendedores de peixe e os consumidores que já estavam habituados a comprar aquele produto nos locais com péssimas condições higiénicas onde anteriormente se realizava aquela actividade secundária de pesca. Porém, as promessas não foram cumpridas.

Na verdade, volvidos sensivelmente dois anos desde que aqueles comerciantes aceitaram a proposta de se mudarem para o novo mercado, nada foi feito para melhorar as condições de trabalho dos vendedores, sobretudo no que respeita às infraestruturas, higiene, saneamento do meio e água potável para o tratamento dos seus produtos, entre outros problemas.

Os vendedores de peixe fresco, sobretudo os que saem dos distritos para vender os seus produtos, realizam a sua actividade em condições deploráveis de falta de higiene. Os locais são impróprios para o comércio, mas eles dedicam-se à venda de mariscos sob o olhar impávido das autoridades municipais que frequentemente passam por ali para cobrar a taxa diária.

As condições de conservação de mariscos é lastimável e grande parte dos produtos acaba por deteriorar-se, ou seja, devido à precariedade do espaço, a qualidade do peixe que se vende naquele famoso mercado é duvidosa.

“Conforme está a ver, não há condições para a actividade. A nossa sorte é que grande parte dos compradores que adquire o peixe é o pessoal que faz petiscos ou revende. Ou seja, quem vai consumir poucas vezes coloca os pés neste local devido às condições de higiene que o espaço oferece”, disse Lázaro Moisés, vendedor há bastante tempo.

Moisés a rmou que quando foram instados por diversas vezes pelos funcionários e o respectivo presidente do município para abandonarem o antigo mercado, a promessa era de que estariam num mercado modelo e com todas as condições.

“Mas depois de dois anos estamos aqui a implorar pelas nossas antigas bancas destruídas pois aqui não há nenhuma condição de trabalho e nem respeito à saúde da pessoa humana”, disse.

Lázaro Moisés fez saber que o que mais desgasta os vendedores e compradores é o facto de o município estar a cobrar as taxas diariamente e nada faz em prol daqueles que tanto contribuem para o desenvolvimento da urbe e do mercado dos Belenenses.

Além disso, segundo a mesma fonte, a primeira coisa que o edil construiu foi o mercado de peixe seco mas, apesar das obras de reabilitação, enfrenta as mesmas condições deploráveis de higiene.

“Todos os vendedores e consumidores quando precisam de fazer necessidades biológicas recorrem ao rio Muhala localizado no lado esquerdo do mercado”, realçou.

Rafael Ramos, vendedor de caranguejo no mesmo mercado, referiu que ao lado do edifício onde foi colocado o frigorí co que nunca chega a conservar os mariscos, o cheiro nauseabundo de peixe estragado invade as narinas.

Além desse problema, a falta de água potável, casas de banhos e de água para beber, falta de casas de balneários e a remoção de lixo são outras preocupações que afl igem os vendedores.

“Este município tem vindo a enganar-nos faz muito tempo. Primeiro, prometeram-nos um mercado modelo de primeira geração e deram-nos um de péssima e deplorável qualidade e, como se não bastasse, não removem o lixo. Neste mercado não há varredores mas existem muitos fiscais para cobrar a taxa diária e o imposto autárquico”, afi rmou Ramos.

A nossa fonte disse que, segundo as promessas do edil Castro San ns Namuaca, a intenção era criar melhores condições para os vendedores de peixe dos diferentes mercados da cidade, sobretudo o dos Belenenses, para garantir a realização das suas actividades em boas condições de higiene para que os compradores se sentissem mais à vontade ao adquirir os produtos naquele local.

“Esse lixo e a precariedade do local onde vendemos peixe deixa muito a desejar”, disse Faustino Licaneque, tendo acrescentado ainda que muitos clientes visitam o mercado mas desistem de comprar algo, devido ao estado precário em que o espaço se encontra.

E a feira dominical…

A feira dominical de Nampula tem sido considerada o espelho da cidade, principalmente para aqueles que visitam a urbe. Porém, na verdade, o que o município fez no referido recinto foram somente dois alpendres onde os vendedores de esculturas da arte maconde expõem as suas obras e o resto da população está entregue à sua própria sorte.

A feira dominical, em abono da verdade, não possui sequer condições para o número de pessoas que se fazem àquele local todos os domingos.

Mercado 25 de Junho

A nossa reportagem visitou alguns mercados da cidade de Nampula, principalmente os locais de venda de mariscos para colher o ponto de situação, tendo encontrado uma situação lastimável. Na verdade, o que veri ficámos foi um total desrespeito à pessoa humana, uma vez que a falta de condições higiénicas é alarmante.

O mercado 25 localiza-se no bairro de Muatala, no cruzamento entre as ruas da Solidariedade e dos Sem Medo. Segundo apurámos, o edil Namuaca havia prometido um mercado digno mas o que se viu foi uma estrutura precária. Os balneários existentes são usados pelos agentes da lei e ordem e os que podiam servir a população estão todos encerrados.

O Conselho Municipal de Nampula construiu um espaço para a montagem de um frigorí co, porém, foi montada a máquina há dois anos e a mesma chegou a funcionar. E os vendedores para conservarem o peixe recorrem a arcas frigorí cas individuais.

No mercado grossista da Aresta

No mercado grossista da Aresta, a situação de falta de higiene também é muito preocupante.

A maioria dos vendedores que realiza as suas actividades no mercado de Aresta tem recorrido às diferentes bancas e barracas não acabadas para fazer as suas necessidades biológicas. O lixo é outra situação que sobressai aos olhos de quem por lá passa.

Quando se chega no local de venda de peixe, o cenário é lastimável. Neste espaço, assiste-se à falta de água e tantos outros serviços que seriam bené ficos para os vendedores e a população que vai ao local para fazer compras.

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