Dois doces de Jerry na inauguração do Estádio Nacional do Zimpeto fizeram os moçambicanos esquecerem os últimos desaires dos Mambas. Não foi uma grande partida de futeboln diga-se. Mas valeu pelo fé das 38 mil pessoas que preencheram as bancadas da nova catedral do futebol moçambicano. Jerry marcou o primeiro golo do jogo, entrando, assim, na história do estádio.
Vitória justa dos Mambas. A Tanzânia, diga-se, prometeu deixar um sabor amargo na capital de Moçambique, mas encaixou dois golos (um em cada parte) e tombou com a inocência de um adolescente. Jerry marcou o primeiro e justificou um lugar na lista de Mart Nooji com o seu segundo golo. Surpresa? Apenas para quem ainda não o conhece.
A Tanzânia encontrou uma montanha na sua visita ao país de Machel. Um cume de proporções consideráveis, ainda para mais para uma equipa pouco combativa. Esta Tanzânia, sublinhe-se, não tem jogadores com qualidade técnica ao nível do topo africano. A formação moçambicana não precisou de atingir o maior patamar competitivo do seu futebol para superar o nível do adversário que deu a ‘liberdade’ aos moçambicanos.
A Tanzânia chegou a Maputo com um quarteto defensivo que nenhum treinador desejaria nem ao seu pior adversário. Moçambique, por seu lado, apresentou uma equipa com as segundas escolhas de Mart Nooji. Kampango, Genito e Miro eram os únicos habituais do onze dos Mambas. Ainda assim, ficou provado que para a Tanzânia bater os Mambas não era preciso apenas aumentar a intensidade do jogo, nem era uma questão mental o que ditou a derrota, muito menos a incapacidade para anular as principais unidades de Moçambique. Era preciso fazer tudo isso e um pouco mais. Fazer tudo isso e combater a qualidade individual do adversário com o sentido colectivo que o técnico tanzaniano não soube incutir nos seus jogadores. Uns falarão de um adversário frágil, outros de possível “arranjo”.
Mas Moçambique chegou ao intervalo com 66 porcento no capítulo da posse de bola e uma grande defesa de Shabani. Os tanzanianos tinham sido manietados na etapa inicial. Sem margem para dúvida. Jumisse tinha desperdiçado uma oportunidade clara de golo, para o lado dos Mambas, já com Shabani fora da pequena área, mas o remate saiu fraco. Num ressalto, o trinco atirou contra o corpo de Shabani. O golo chegou numa recuperação de Miro, depois de um passe defeituoso da defensiva tanzaniana. Um passe entre os defesas e o guarda-redes encontrou o pé de Jerry para fazer um golo histórico: o primeiro no Estádio Nacional do Zimpeto.
Resposta
Dois cruzamentos perigosos do lado direito, mais por demérito da defensiva moçambicana do que pela organização ofensiva do adversário, poderiam ter permitido o empate aos tanzanianos. Sucede, porém, que a falta de talento foi mais alta do que os avançados da terra de Nyerere. A Tanzânia assumiu o risco, entregou a posse de bola aos Mambas, privilegiando a velocidade dos alas como via directa para a baliza de Kampango.
Momed Hagy tapava o meio-campo com a ajuda de Jumisse, Jerry andava um pouco por todo o lado, à procura da sorte. Zainadine Junior empurrava os Mambas pelo flanco direito.
Segundo tempo
O segundo tempo começou com um golo que ninguém previa. Contra a corrente do jogo, os tanzanianos investiram pela direita, Zainadine Juniur decidiu então intervir no jogo e matar saudades do seu pé direito, recuperou uma bola e fez um passe a rasgar para desmarcação de Jerry. Shabani ainda tentou diminuir o angulo, mas Jerry, em posição duvidosa, encostou para o fundo da baliza (62m). Os Mambas, no entanto, justificariam a vantagem nos minutos seguintes.
A Tanzânia caiu com estrondo e demorou a sair do chão. Aliás, os Mambas sentiram-se bem naquela pele de dominadores, cresceram muito, chegando a um nível que já nem parece novidade. No último quarto-de-hora, sem perderem a identidade, a equipa de Mart Nooji subiu as linhas para procurar o terceiro. Mas não foi possível.