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Uma cadeira de rodas pode melhorar a sina de Ibisona

Uma cadeira de rodas pode melhorar a sina de Ibisona

Foto de Leonardo GasolinaIbisona António nasceu em 2004. Ainda bebé foi acometida por uma doença que no Centro de Saúde de Nacarôa não foi possível identificar nem tratar e a deixou privada da locomoção e incapacitada de falar. Uma vida de sofrimento tem tido a adolescente e é pouco provável que o futuro seja risonho, porém uma cadeira de rodas ajudaria a melhorar a sua sina.

Ibisona nasceu de parto normal na casa de material precário do casal de camponeses Luísa Joaquim e António Nhacala, no posto administrativo de Inteta, distrito de Nacarôa, na província de Nampula.

“No início, a minha filha chorava muito, levamos-lhe ao hospital onde fomos informados que tinha febres mas era algo que passaria. Mas, não melhorou. Já fizemos de tudo para que Ibisona ficasse saudável.” recorda o progenitor de 63 anos de idade.

No mesmo ano, após ficar internada durante mais de três semanas no Centro de Saúde da vila sede do distrito de Nacarôa onde os profissionais não conseguiram apurar que maleita atormentava Ibisona e nem a conseguiram tratar, acabou por ter alta e regressar à casa.

“Para o nosso desespero, a rapariga nunca emitiu uma só palavra, embora tente falar, mas ela está condicionada de articular a língua e tirar com palavras claras e compreensíveis”, explica António Nhacala que acrescentou que “por vezes tenho sentado com ela e percebo que tem tido necessidade de dizer algo, mas não consegue”.

Após a incapacidade da medicina convencional, os progenitores de Ibisona decidiram procurar ajuda junto de médicos tradicionais. Depois de várias consultas com curandeiros diferentes, a rapariga continuou sem conseguir andar nem falar.

“A insónia tomou conta de mim desde que Ibisona ficou doente. Passam hoje 12 anos. Tentei, várias vezes e usando diversos caminhos, salvar a saúde da minha filha, mas tudo foi em vão”, lamenta Nhacala.

“A dada altura, a minha vida resumia-se em viagens na busca de curandeiros para ver se solucionavam o problema da minha filha, o que não aconteceu até ao momento. Apenas, gastava muito dinheiro, para além de não conseguir ir à machamba. Nesse tempo corria risco de matar a família à fome”, relatou o nosso entrevistado.

“Se ela tivesse uma cadeira de rodas podia ficar a brincar com amigos”

Foto de Leonardo GasolinaO casal Luísa e António têm outros oito filhos saudáveis, dois do sexo feminino e os restantes do masculino, quatro dos quais, tal como Ibisona, ainda vivem com eles. O casal referiu, ao @Verdade, ter solicitado às autoridades locais e distritais mas nunca obtiveram nenhuma resposta.

O Instituto Nacional de Acção Social (INAS) em Nampula explicou ao @Verdade que “existem vários pontos de entrada, sendo por via do Permanente que é um indivíduo que constitui de ligação entre o INAS e a Comunidade; através do Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social e ainda através do Governo do Distrito”.

O único apoio que a família Nhacala recebeu, até hoje, veio da Organização Não Governamental Visão Mundial que edificou uma latrina melhorada na sua residência. Os rendimentos da família provêem da agricultura de subsistência que praticam numa machamba que se localiza há alguns quilómetros da habitação.

Devido à incapacidade de locomoção da filha o casal de camponeses impôs-se uma escala para que não fique abandonada. Afinal, ela nem sentar sem ajuda consegue. Come deitada e faz todas as necessidades fisiológicas deitada.

Estudar e sonhar com uma vida independente está fora dos horizontes de Ibisona.

“Eu não posso nem sair para conversar com minhas contemporâneas ou mesmo os vizinhos. Quando vou à machamba, o meu marido fica a cuidar dela. No outro dia eu fico e ele vai. Levamos uma vida difícil, há 12 anos. Se ela tivesse uma cadeira de rodas podia ficar a brincar com amigos” desabafa a Luísa.

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