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Um artista que arruína as ruínas!

Numa altura em que os seus munícipes vivem o pico de uma crise, a revolta dos médicos que – caso não seja bem gerida pelo Governo moçambicano – pode gerar impactos nefastos, a cidade de Maputo revela-se uma verdadeira caixa de surpresas. Num dos seus espaços de turismo cultural, a Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia (FEIMA), encontrámos George Hwariva, o homem que “arruína as ruínas”…

Enquanto não surgir outra personagem a reivindicar o título, George Hwariva é o pioneiro do fabrico de objectos de arte – mormente os utensílios e brinquedos para crianças como, por exemplo, carrinhos – que se conhece no país. A sua relação com o artesanato possui mais de metade da sua idade, 41 anos. Ou seja, começou a trabalhar com o arame quando tinha 12 anos de idade, até que aos 16 anos começou a revelar alguma maturidade no referido ofício.

Como artesão, George Hwariva é uma pessoa que “arruína as ruínas” por excelência. Basta que se tenha em mente que para a materialização do seu trabalho, o homem recolhe a maior parte do material metálico – como, por exemplo, os arames, as latas de diversa natureza, incluindo cápsulas de garrafas – que aplica como matéria- -prima. Em certo sentido, está-se diante de uma acção pró-ambiente.

Um moçambicano nascido no Zimbábwè

George Hwariva é casado e possui uma filha de 10 anos de idade com quem reside no distrito de Marracuene. Ele é originário do Zimbábwè, mas os seus pais são naturais da província de Tete. O facto de ele não ter nascido em Tete deveu-se à migração dos pais, no passado, para aquele país vizinho à procura de melhores condições de vida. Hwariva reside em Moçambique desde o ano 2002. “Sinto que esta terra me pertence, as minhas raízes estão aqui, por isso vim. Os meus pais sempre me advertiram sobre a pertinência de voltar às minhas origens. Ou seja, apesar de ter nascido em Zimbábwè, sou totalmente moçambicano”, reitera.

Diante de Hwariva é quase impossível não captar a paixão que o seu rosto traduz sempre que se refere ao trabalho que faz. O artesão recorda-se nos seguintes termos: “Comecei a trabalhar com o arame numa brincadeira que consistia no fabrico de carrinhos, a partir dos meus 12 anos de idade. Aos 16 anos já exercia a função com alguma consistência”. Neste contexto, George, que foi estimulado pela existência de pessoas – na comunidade em que vivia – que exploravam a mesma arte, nunca mais parou de trabalhar o arame naqueles moldes.

Satisfação além do dinheiro

Refira-se, então, que entre 1993 e 1996, este artesão estudou mecânica na República da África do Sul. Entretanto, apesar de reconhecer que “com os sul-africanos aprendi muito”, para si, aquele não era o seu campo de acção. Na FEIMA, concretamente no seu stand comercial, é possível visualizar uma série de objectos de arte de diversa natureza e formato. A sua imaginação criativa é a fonte da sua produção.

Como tal, o mais importante na sua acção, de acordo com as suas palavras, não são necessariamente os resultados financeiros do negócio. É por essa razão que explica que, para si, “o dinheiro não é o mais importante, mas sim o meu trabalho, o seu produto final, incluindo o gosto que as pessoas nutrem pelo mesmo. Penso que quem sai a ganhar, na minha produção, é o cliente”.

Por isso, “para mim, é muito emocionante saber que há pessoas que apreciam o meu trabalho. O que me deixa mais comovido é a possibilidade de gerar um estilo artístico – a partir das minhas obras artesanais – que está a ter repercussões positivas nas pessoas. Por exemplo, há pessoas que aprendem de mim o mesmo ofício”.

Em resultado do facto de, neste momento, a arte gerada por meio do arame e do material reciclável em franca evolução, George Hwariva, o seu suposto pioneiro, pensa em construir um atelier onde se possa fazer a sua exposição, incluindo uma agremiação para a defesa dos interesses dos profissionais daquele sector. É a par disso que o artesão considera, em jeito de argumento, que neste momento esta forma de arte está votada a uma espécie de marginalização no espaço social.

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