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Um ambiente de Jazz no subúrbio!

No princípio de Janeiro, o Ambients Bar – localizado no Bairro 25 de Junho, algures em Maputo – juntou dezenas de músicos e realizou a primeira maior Festa da Música Moçambicana do ano. A casa que sublima o Jazz é uma das referências do entretenimento musical no subúrbio da capital.

Quando em 2008 se realizou a 13ª edição do Campeonato Europeu de Futebol, a Televisão de Moçambique prontificou- -se em apresentar os jogos. O problema é que a maior partes dos mesmos não eram os opcionais para os amantes da modalidade- rainha no país. Muitos moçambicanos, na altura, como acontece nos dias actuais, não tinham poder financeiro para aderirem aos serviços da televisão a cabo ou via satélite.

Mas o que é que o futebol e a carestia dos serviços de um distribuidor de sinal de TV têm a ver com as actividades de entretenimento cultural? Talvez não haja nenhuma relação. Sucede, porém, que nessa época havia no Bairro 25 de Junho, na rua seis, um espaço em que as pessoas se encontravam para se divertir. Só que no mesmo local – por causa das insuficiências sociais da época – não se podia assistir ao campeonato. Então, onde é que aqueles homens, “doentes do futebol”, iriam acompanhar o certame?

Perante a situação, a par de outros cidadãos cuja infância fora passada no Bairro 25 de Junho, onde recorrentes vezes vão visitar os seus familiares, Jaime Cuco sugeriu a ideia de que se instalasse, no referido espaço, uma antena parabólica a fim de que se projectassem os jogos.

Materializada a ideia, sucedeu que, atraídas pelo futebol, as pessoas começaram a demandar cada vez mais o referido local, tanto é que a sua proprietária, a dona Ginoca, começou a revelar alguma incapacidade de gerir tamanha procura dos seus serviços e produtos. Além do mais, “o espaço era pequeno, embora altamente concorrido. Lá promovia-se a música Afro e Jazz e os cidadãos da classe média que apreciam um ambiente similar, frequentavam-no para se divertirem”, explica Jaime Cuco que se viu na obrigação de geri-lo enquanto decorriam os jogos.

No fim do campeonato ainda havia um grande stock de cerveja. Por essa razão, Jaime Cuco fez um arranjo com a proprietária do espaço em questão no sentido de ocupá-lo até que o produto acabasse. Ficou acordado que Cuco podia gerir a casa por mais seis meses. E se quisesse poderia – dentro de um entendimento nesse sentido – ocupar o lugar definitivamente.

“Durante uns quatro meses que fiquei no local, pensei no assunto. A procura não parou de aumentar, mas o espaço era pequeno. Nas mesmas circunstâncias, um amigo meu sugeriu que viesse cá – onde actualmente funciona o Ambients Bar – a fim de fazer um estudo no sentido de reocupar o espaço que estava fechado. Constatámos que, de facto, o lugar era sugestivo e agradável. Procurámos o proprietário que acabou por nos ceder o local”, recorda-se Jaime Cuco.

E nasceu o Ambients Bar

Encontrado o novo espaço, realizaram-se as obras da sua reestruturação. Só que quando se pensou na ideia da sua inauguração, alguém entendeu que seria muito melhor incluir a realização de um concerto musical. Nesse contexto. surgiu um novo problema – onde encontrar uma banda? Com que instrumentos musicais – vindos de que lugar – se iria realizar o show?

Procuraram-se os equipamentos de som, improvisou-se um palco e o célebre músico moçambicano, Tony Django (já perecido) prontificou-se a reunir alguns amigos músicos – com os quais se relacionava no grupo Continuadores – e criou-se uma banda circunstancial, em que actuaram personalidades como Pipas, Bernardo Domingos, Eduardo, Jorgito e Zoco Dimande.

A ideia de implantar um espaço onde se podia assistir a concertos de música – no Bairro 25 de Junho, na altura – era algo inédito e original. Por isso, nada podia ser malsucedido. Ou seja, nas palavras de Jaime Cuco, “na zona não tínhamos um local para ouvir música ao vivo. Porque é que não se podia instalar um por aqui?”.

Aliás, argumentos para o efeito é que não faltavam, mesmo os de natureza desafiadora: “eu sempre gostei das músicas Jazz e Afro. Mas as pessoas não pagam para assistir a este tipo de concertos. É muito difícil cobrar dinheiro às pessoas que queiram assistir aos concertos de Jazz.

Os cidadãos que têm possibilidade de comprar os bilhetes afirmam que o Bairro 25 de Junho é distante e que há problemas de transporte. Foi assim que eu decidi promover concertos com os mesmos estilos de música, aos domingos à tarde, de acesso gratuito, mas envolvendo apenas os artistas que não tinham a possibilidade de realizar shows nos espaços mais conceituados de Maputo”.

Foi deste modo que, em 2008, se criou o Ambients Bar – um espaço em que, nos Domingos, à tarde, pessoas de vários lugares de Maputo e não só – assistem a concertos de música Jazz. À medida que se adquiria equipamento musical, que se contratava um técnico de som residente, o Ambients Bar evoluía, tornando-se uma referência que se esmera na promoção de novos talentos, incluindo célebres figuras da música nacional e mundial.

Grandes realizações

A par do Super Jam, um evento que no início deste ano reuniu dezenas de artistas moçambicanos no mesmo palco, o Ambients Bar já recebeu o guitarrista norte-americano, Ronny Jordan, e a embaixadora do mesmo país em Moçambique, Leslie Row, num evento que se tornou inolvidável na vida de Jaime Cuco, como pessoa e promotor de espectáculos musicais.

Ou seja, “a maior de todas as realizações do Ambients Bar – que provavelmente jamais será repetida – foi a possibilidade de ter o guitarrista norte-americano Ronny Jordan a tocar no nosso palco na presença da embaixadora dos Estados Unidos em Moçambique, Leslie Row. Acho que esse foi o momento de pico da minha carreira como produtor de espectáculos, como pessoa e amante da música”.

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