A Ucrânia, coanfitriã da Euro 2012 com a Polónia, enfrentou um boicote de Suécia, Inglaterra e França devido ao seu histórico negativo sobre democracia e direitos humanos, esta Segunda-feira, ao sediar o primeiro jogo do torneio de futebol no país.
A Suécia, que tem sido crítica contumaz da condenação e prisão da ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko, disse que não estava a enviar nenhum ministro para a sua partida contra a equipe da casa no Estádio Olímpico de Kiev.
Inglaterra e França, aliadas da Suécia na União Europeia, enfrentaram-se na cidade de Donetsk, na Ucrânia, sem nenhum dos seus governantes presentes, numa afronta ao presidente ucraniano, Viktor Yanukovich. Ambos e a Suécia serão representados por seus embaixadores nos jogos desta sexta.
O jogo de abertura da Ucrânia trará alguma animação para a ex-república soviética apaixonada por futebol, cuja imagem foi prejudicada por má publicidade sobre o caso Tymoshenko e acusações de racismo entre os adeptos.
O ministro dos desportos, Borys Kolesnikov, convocou, esta Segunda-feira, os ucranianos a pendurarem bandeiras nacionais nas suas janelas e colocar flâmulas nos seus carros para apoiar a selecção nacional, azarã numa festa de futebol que conta com as melhores equipes da Europa.
Encontrando-se com os adeptos suecos em Kiev, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, apertou a mão de um adepto e disse: “Vamos fazer uma aposta. Tu a favor da Suécia, eu a favor da Ucrânia. Eu vou te dar uma garrafa de cerveja se nós perdermos”.
Milhares de ucranianos, lado a lado com os visitantes suecos, vão assistir ao jogo em grandes telas de TV numa zona de adeptos no centro de Kiev, que tem sido um grande sucesso a cada noite desde o início do torneio, com venda de bebidas e lanches.
A administração da cidade disse que até Segunda-feira de manhã 30.000 litros de cerveja e dois quilómetros de linguiça tinham sido vendidos.
Na cidade de Dnipropetrovsk, uma explosão num bonde, que feriu nove pessoas, causou um temor de segurança. Na mesma cidade , quatro explosões feriram cerca de 30 pessoas em Abril. Mas as autoridades locais disseram que a explosão desta segunda foi causada por um acidente.
O boicote não-oficial de três potências da UE serve de lembrete de que o histórico de Yanukovich em matéria de direitos humanos e democracia poderia desqualificar o seu país de entrar no clube de elite das democracias da UE.
Dinamarca e Holanda, também membros da União Europeia, adoptaram uma abordagem diferente e enviaram os seus ministros para assistir a partida na Ucrânia, Sábado.
Mas eles aproveitaram a ocasião para encontrarem-se com as vítimas da suposta tortura policial e discutir a homofobia e a necessidade de um sistema judiciário independente na Ucrânia.
O boicote por aliados da EU, que também incluem a Alemanha, visa garantir a libertação de Tymoshenko, principal rival de Yanukovich.
Ela foi condenada a sete anos de prisão em Outubro passado por abuso de poder e, mesmo com o Ocidente afirmando que o seu julgamento foi politicamente motivado, Yanukovich não mostrou nenhum sinal de ceder às pressões para libertá-la.
Ela agora está a ser tratada numa clínica de Kharkiv para problemas crónicos na coluna e diz que foi maltratada fisicamente pelos guardas da prisão em Abril, uma acusação que as autoridades negam.