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Tudo começou no guarda-fato – Um homem persistente

Veneno contra a monotonia

Gaudêncio Monteiro nasceu com a música dentro de si. E, como forma de dar asas ao seu desejo, há alguns anos começou por gravar músicas de jovens de Nampula no seu guarda-fato. Hoje é dono do maior estúdio digital da zona norte de Moçambique.

Depois de longos anos no Grande Maputo, Gaudêncio Monteiro resolveu, há cerca de seis anos, rumar a Nampula. Não precisou de muito tempo para perceber que as esperanças que trazia na bagagem ainda não tinham destinatário. Rapidamente descobriu que não havia desenvolvimento musical naquela urbe nortenha. Confrontado com a triste realidade, Gaudêncio passou noites a fi o pensando como iniciar uma revolução musical na cidade. Os fi ns-desemana eram passados em casa, diante do televisor a ver imagens compiladas em DVD ou vídeocassetes. Foi aí que iniciou uma série de encontros com jovens locais no ‘Monteiro´s Places’. Ali eram desenvolvidas actividades como shows em play back, imitando artistas nacionais e estrangeiros, e dança. Mas o local fi cava demasiado longe e o entusiasmo esmoreceu. Ganhou, todavia, a simpatia dos jovens artistas locais.

Depois de uma paragem, Gaudêncio começou a executar os primeiros registos musicais com recurso a programas informáticos no espaço exíguo do seu guarda-fato. “Nessa altura o meu objectivo não era ganhar dinheiro com esta actividade, só queria ajudar os jovens a desenvolverem a música de Nampula”, confessou.

 

Anos depois, Gaudêncio decidiu formar-se naquela área. Na África do Sul frenquetou o curso de “Montagem e Preconfi guração de Estúdio Digitais”. Há dois anos regressou a Nampula, desenvolvendo, no estúdio da UCM, os primeiros trabalhos sólidos na área de produção musical. Todavia, sempre com uma meta a atingir: criou o seu próprio estúdio. Iniciou então uma longa batalha para encontrar um espaço que respondesse às suas necessidades. Finalmente, em 2006, concretizou o sonho ao abrir o primeiro estúdio digital da zona norte designado GM-Produções.

“ Abrimos este estúdio equipado numa primeira fase com material alternativo”, frisou. De então para cá a GM-Produções tem realizado trabalhos de produção e gravação musical, gravação de rádio-novelas, programas radiofónicos e vídeo clipes.

Recentemente o estúdio foi apetrechado com novo equipamento digital e analógico. “É com orgulho que afi rmamos que temos o melhor equipamento de estúdio da zona norte.” Gaudêncio Monteiro, que já foi galardoado dois anos consecutivos (2006/´7) com o título de jovem empreendedor, ainda não se sente totalmente realizado porque, segundo as suas palavras, “ainda não criámos uma elite musical em Nampula, uma vez que muitos músicos emergem hoje e desaparecem amanhã.” Actualmente, a sua empresa dá trabalho a três jovens.

Questionado sobre se uma empresa deste género é rentável, Gaudêncio, entre risos, respondeu: “Dá para viver, mas não para enriquecer”. Já no fi nal deixou um apelo à juventude: “Há oportunidades de negócios, mas não podemos colher todos os frutos. Devemos acreditar nos projectos a longo prazo”. E comparou a perseverança que é necessária nesta actividade com o trabalho de um camponês. “Vejam que o camponês não espera que a chuva caia para começar a trabalhar a terra. Depois de lançar a semente a terra deve esperar longas semanas ou meses para se colher o que foi semeado.

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