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Tropas de Khadafi forçam recuo dos rebeldes em Ajdabiya

A artilharia de Muammar Khadafi voltou a bombardear as posições rebeldes populares nos arredores de Ajdabiya, obrigando-os a recuar e deitando por terra as esperanças de conseguir avançar em direcção a Oeste. E ao impasse no Leste junta-se o cerco cada vez mais apertado das tropas do regime a Misurata, reduto da oposição na zona ocidental, de onde chegam apelos desesperados para uma acção mais musculada da NATO.

“As forças de Khadafi estão a aproximar-se da cidade. Estão a bombardear a porta Oeste desde a manhã. Escutem os canhões, eles estão a aproximar-se”, disse à AFP, em tom alarmado, um morador de Ajdabiya, estratégico ponto de convergência das estradas que ligam a fronteira Leste às cidades costeiras do Oeste. É ali que as forças populares rebeldes se concentram, na dupla tarefa de barrar o caminho para Bengasi, “capital” da rebelião, e tentar tomar a cidade petrolífera de Brega, 80 quilómetros a oeste.

Na véspera, aproveitando o caminho aberto pelos bombardeamentos aéreos, fizeram alguns progressos – houve mesmo quem anunciasse que estavam já a combater nos arredores de Brega –, mas a maioria fugiu em debandada depois de uma emboscada na estrada que liga as duas cidades ter feito seis mortos e 20 feridos. Seguindo no seu encalço, as tropas de Khadafi atacaram de manhã posições a oeste Ajdabiya, ainda que fosse difícil perceber exactamente a que distância estavam da cidade, contou um jornalista da AFP.

Sem esperar pela confirmação, moradores e muitos rebeldes abandonaram Ajdabiya, na mesma altura em que camiões equipados com armamento pesado avançavam para Leste. Também em Misurata os bombardeamentos pela manhã tornaram-se num ritual. Um porta-voz da oposição deu conta de pelo menos seis mortos e perto de 50 feridos – um número que se aproxima da média diária, como afirma Paulo Grosso, da ONG italiana Emergency, a trabalhar no único hospital a funcionar na cidade. “Temos muitos ferimentos de bala, de estilhaços e de explosões de bomba”, contou ao “Observer” o anestesista italiano, confirmando que a maioria das vítimas são civis.

Após três dias de violentos combates, a rebelião anunciou alguns progressos – foram destruídos quatro blindados e tomadas algumas posições às forças de Khadafi–, mas as condições de vida degradam-se rapidamente. “Setenta por cento da população está em apenas 30 por cento da cidade. Escolas, mesquitas e centros comunitários estão cheios de gente” que tenta fugir aos “ataques totalmente indiscriminados”, contou ao jornal britânico Mohamed, um jovem que disse falar em nome dos rebeldes.

Segundo ele, “a situação é insustentável e chegou-se a um ponto em que se não houver tropas [da NATO] no terreno está tudo acabado”. Mas o primeiro-ministro britânico reafirmou que a Aliança“não vai invadir ou ocupar a Líbia”. “Essa questão não se põe”, disse David Cameron em entrevista à Sky News, sublinhando que os aliados “vão respeitar os termos da resolução” aprovada há um mês na ONU, mesmo que esta imponha “restrições” às operações militares. Ainda assim, entende que o texto autoriza os bombardeamentos contra as posições e os centros de comando de Khadafi, bem como o fornecimento de ajuda aos rebeldes, incluindo de “equipamento não letal” como é o caso dos mil coletes à prova de balas enviados pelo Reuno Unido.

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