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Três patologistas apenas identificam centenas de mortos nas Filipinas

Três patologistas encontravam dificuldades, esta segunda-feira (18), para identificar dezenas de corpos em rápida decomposição numa vala comum, vítimas do pior tufão já registado, o que ilustra a escala da tarefa que as autoridades filipinas enfrentam na cidade de Tacloban, duramente afectada.

Acredita-se que mais de 3.900 pessoas morreram quando o tufão Haiyan tocou a terra no centro das Filipinas, a 8 de Novembro, e o mar avançou nas áreas costeiras, como um tsunami. Os patologistas da Universidade das Filipinas trabalhavam com três agentes funerários para identificar corpos esparramados na lama na beira da vala no cair da tarde, mas ainda sob a luz do sol.

Esta segunda-feira, dez dias depois do desastre, pela primeira vez teve início o meticuloso processo de identificação dos corpos inchados e em decomposição na fossa comum, o principal local para onde foram levados aqueles retirados dos escombros de Tacloban. A identificação é especialmente importante para os católicos romanos, religião predominante no país.

Ao revirar os corpos, os patologistas tiram fotos e anotam características, dimensões e outros detalhes, como roupas, joias e celulares. Eles vem trabalhando a um ritmo de 15 corpos por hora desde o nascer do sol até o anoitecer, sem protecção contra o sol escaldante. Com mais de 300 corpos levados para o local desde domingo, a patologista Raquel del Rosario-Fortun, bem-humorada, mas frustrada com o trabalho, disse que será impossível identificar todas as vítimas sem mais funcionários e instalações.

Ela fez um apelo ao prefeito de Tacloban, Alfred Romualdez, que visitava o local, para que providencie mais ajuda. “Na verdade, tudo é muito difícil considerando os recursos que temos”, disse ela. “Há somente alguns de nós agora. O facto é que nós apenas queremos dar início a um sistema. E esperamos que isso prossiga. A ideia é tentar e examinar todos os corpos aqui, e não apenas lançá-los numa vala comum.”

Romualdez disse à Reuters que está irritado com a velocidade da resposta do governo central à tempestade e que a sua cidade não dispõe de instalações e especialistas para acções como a identificação de corpos. “Está a ser muito lento”, afirmou ele. “É um processo que não foi estudado ou pensado… Todos os anos nós somos atingidos por fortes tufões. Tem que haver um padrão para isso. Já é hora de o governo se preparar para as próximas tempestades.”

Ao lado da cova, algumas pessoas descarregavam do alto de uma van um caixão feito de material de entulho e seguiam para o cemitério para colocá-lo num buraco estreito numa parede de concreto. As pessoas que acompanhavam o cortejo disseram que o homem havia levado cinco tiros, mas não explicaram por quê. A tensão é grande em Tacloban, uma vez que os moradores vêm realizando saques e discutindo por suprimentos escassos.

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