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Trabalhadores perpetram actos de corrupção na Transmarítima em Inhambane

Pelo menos dois funcionários desonestos da Transmarítima, empresa responsável pela gestão das duas maiores embarcações que garantem a travessia de pessoas e bens na baía de Inhambane, estão a ser processados disciplinarmente, acusados de venda clandestina de bilhetes de passagem.

A atitude daqueles trabalhares (uma cobradora e um elemento da tripulação) afecta negativamente o funcionamento normal da empresa, pois, frequentemente, nas horas de ponta, aquelas embarcações ficam superlotadas, facto que cria situações de confrontos entre os passageiros que disputam o acesso ao barco para a viajarem de Inhambane a Maxixe e vice-versa.

O delegado da Transmarítima em Inhambane, Carlos Manhique, disse que os referidos funcionários usam meios obscuros para se apoderarem ilicitamente do dinheiro que serviria a empresa, ao montar esquemas que lhes permitem revender os mesmo bilhetes duas ou mais vezes a diferentes passageiros.

“Admitimos que a cobradora em causa entra em coordenação com os fiscais de bilhetes. Estes, por sua vez, aproveitando-se da desatenção de alguns passageiros que não exigem os canhotos, recolherem os bilhetes, e, posteriormente revendem-nos ilicitamente. Esta é uma das razões das enchentes que se veri ficam nas horas de ponta. Os barcos têm capacidade para 96 lugares, mas aparecem mais pessoas com bilhetes acima dos vendidos legalmente”, lamentou Carlos Manhique.

Está é a segunda vez que são registados casos similares na empresa, sendo que a primeira foi no ano antepassado e o funcionário protagonista da acção também foi punido disciplinarmente.

Empresa sofre enormes prejuízos financeiros

Por outro lado, o delegado da Transmarítima em Inhambane admitiu a possibilidade de a empresa estar a sofrer consideráveis prejuízos financeiros causados pela acção arruinante dos seus trabalhadores. A título de exemplo, Carlos Manhique explicou que depois de fortes suspeitas de ocorrência de desmandos, a sua direcção apertou o cerco para apurar os supostos autores e, no dia 19 de Maio, foram identi ficados 16 bilhetes ilegais, que correspondem a 160 meticais, vendidos numa única viagem.

“Acreditamos que a rede tenha começado a perpetrar as suas manobras há bastante tempo e apoderou-se de consideráveis somas de dinheiro. Estamos a trabalhar para estancar esta onda de desmandos,” disse a nossa fonte.

Carlos Manhique acrescentou ainda que só em combustível a empresa gasta semanalmente mais de 83 mil meticais e perto de 400 mil meticais mensais sem incluir a manutenção das embarcações e o pagamento de salários aos trabalhadores.

Há também utentes desonestos

Por seu turno, a Administração Marítima, que diz estar a acompanhar a situação de enchentes que caracterizam as horas de ponta na travessia Inambane-Maxixe e vice-versa, considera que o problema é causado também por alguns utentes desonestos.

O substituto do delegado da Administração Marítima em Inhambane, António Nhanala, referiu que alguns passageiros que regularmente se fazem transportar nos barcos compram bilhetes a mais e usam-nos fora do período da sua aquisição.

Esta atitude, associada à actuação maldosa dos trabalhadores, desestabiliza todo o sistema de segurança montado para evitar a ocorrência de eventuais acidentes ao longo da baía.

A fiscalização, constituída por agentes das polícias marítima e lacustre, tem estado a trabalhar no sentido de prevenir todas as situações que ponham em perigo a vida da população.

Entretanto, muitas vezes os utentes desprezam as autoridades e põem em risco as suas vidas ao correrem em massa na tentativa de entrar no barco. Muitas vezes, têm perturbado a ordem e invadido a barreira criada pela equipa da fiscalização.

“As novas regras orientam no sentido de que não se pode pegar nem empurrar os cidadãos. O trabalho da polícia é sensibilizar para mostrar as boas maneiras de ser e de estar nas pontes e não para agredir as pessoas,” explicou António Nhanala.

O nosso entrevistado aponta o dedo acusador aos estudantes que frequentam o ensino superior na cidade da Maxixe como os mais envolvidos na compra de bilhetes a mais e na criação do ambiente de desordem na ponte cais da Maxixe nas horas da recolha.

“É de lamentar porque são os nossos lhos que fazem isto. Esperávamos que na qualidade de pessoas instruídas fossem exemplares. Pelo contrário, chegam à ponte, não querem formar la e, quando são chamados à atenção, desrespeitam a polícia e invadem o barco”, queixa-se.

Redução do número de embarcações

O substituto do delegado da Administração Marítima em Inhambane disse que o impedimento da circulação de barcos com motor fora de bordo durante o período nocturno constitui outra razão que concorre para a aglomeração da população nas pontes cais.

Aquelas embarcações, baptizadas por populares de “barquinhos”, não estão tecnicamente preparadas para circular com segurança no período da noite, apenas estão autorizadas a operar até ao pôr-do-sol. “Nós sentimos este problema, mas não podemos autorizar que os barcos pequenos circulem à noite. Se o permitíssemos, estaríamos a pôr em risco a vida das pessoas”.

Iminente risco de morte

A actual situação de confrontos entre passageiros em disputa de lugares no barco, que se vive principalmente na ponte cais da Maxixe por volta das 18 horas, constitui um atentando à vida dos residentes de Maxixe e Inhambane ou à dos que se deslocam àqueles dois pontos da província de Inhambane.

Na verdade, é um jogo de empurrões entre passageiros na tentativa de cada um ser o primeiro a entrar na embarcação. A polícia lacustre e os fiscais da administração mostram-se inoperantes na altura de se pôr cobro à situação, visando garantir a protecção da população.

Testemunhas interpeladas pela nossa equipa de reportagem relataram casos de cidadãos que perderam bens como telemóveis e produtos alimentares na renhida guerra para ter acesso ao barco.

“Há pessoas que foram salvas por um milagre. Perderam o equilíbrio durante a luta titânica para entrar na embarcação e só não foram parar à água porque foram socorridas pelos passageiros”.

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