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Tensão no último dia de campanha eleitoral no Afeganistão

A campanha eleitoral no Afeganistão entrou esta segunda-feira no último dia, em um contexto de alta tensão alimentado pelas ameaças de ataques rebeldes. Levado ao poder pela comunidade internacional no fim de 2001, depois da queda dos talibãs, eleito em 2004 e candidato a um novo mandato, o presidente Hamid Karzai é o favorito destas presidenciais.

No entanto, as campanhas dinâmicas de alguns de seus adversários, sobretudo a do ex-chanceler Abdullah Abdullah, podem, segundo analistas, forçar uma segunda volta.

Abdullah Abdullah organizou na manhã desta segunda-feira um comício para 10.000 pessoas no estádio de Cabul. Enquanto os presentes cantavam seu nome, um helicóptero despejava panfletos sobre a multidão. “Vocês querem votar em um presidente que liberta assassinos e traficantes de ópio? Eu trabalharei duro para o povo”, clamou o ex-ministro das Relações Exteriores de Karzai.

Outro adversário de Karzai, o ex-ministro das Finanças Ashraf Ghani, fez um comício para 5.000 pessoas em Nangarhar, no leste do país, onde prometeu “substituir o governo corrupto por um governo legítimo”, e “alimentar os afegãos durante 100 anos” por meio de um programa econômico que deverá criar “um milhão de empregos”.

Domingo à noite, em seu primeiro debate na TV, Hamid Karzai foi criticado por seus adversários pela controversa estratégia de alianças com chefes tribais, que justificou pela defesa do interesse nacional e da paz. Durante 90 minutos, ele foi criticado por Ghani e o ex-ministro do Planejamento Ramazan Bashardost, dois candidatos que basearam a campanha na luta contra a corrupção, por ter selado alianças com chefes tribais acusados de crimes para garantir o voto de suas comunidades na eleição presidencial.

De acordo com uma pesquisa publicada sexta-feira por um instituto americano, Karzai teria 44% das intenções de voto no primeiro turno das presidenciais de 20 de agosto, contra 26% para Abdullah, 10% para Bashardost e 6% para Ghani. Cerca de 17 milhões de eleitores estão registrados para eleger, pela segunda vez, um presidente para o Afeganistão, assim como 420 vereadores nas 34 províncias do país. Estas eleições serão marcadas por um contexto de insegurança, no dia seguinte a novas ameaças formuladas pelos rebeldes talibãs.

No domingo, os insurgentes avisaram pela primeira vez que não hesitarão em atacar os centros de votação e reiteraram um apelo ao boicote às eleições e à expulsão dos “invasores” estrangeiros. No sábado, sete civis morreram e 91 ficaram feridos em um ataque suicida contra o quartel-general da Otan em Cabul, no setor mais vigiado do país. Todas as forças de segurança disponíveis – 200.000 soldados afgeãos e 100.000 militares estrangeiros, a maioria americanos – estarão mobilizadas para as eleições de quinta-feira. Três soldados britânicos e um americano morreram em ataques domingo.

Segundo a Comissão Eleitoral, quase 12% dos 7.000 colégios eleitorais poderiam ficar fechados no dia da votação, por causa da insegurança. A onda de violência faz temer um alto nível de abstenção que, combinado com fraudes potenciais, ameaça seriamente a credibilidade das eleições. O ministério da Defesa destacou nesta segunda-feira que oito distritos, todos localizados no sul do país, são controlados pelos talibãs, e outros 35 são seriamente ameaçados pelos rebeldes.

O Afeganistão tem 365 distritos no total.

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