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Ténis: Cláudia Sumaia conquista “Open de Moçambique”

Cláudia Sumaia desapontou no Campeonato Africano de Ténis de sub-20

A tenista moçambicana Cláudia Sumaia, de apenas 16 anos de idade, venceu o Torneio Internacional de Ténis, conhecido por “Open de Moçambique”, que teve lugar na cidade de Maputo. Em masculinos, Moçambique terminou na segunda posição.

Depois de se qualificar para o Campeonato Africano de Ténis em juniores, um feito inédito para o nosso país, a nova esperança do ténis moçambicano, Cláudia Sumaia, conquistou, no último sábado (15), no jardim Tunduru, o seu primeiro título internacional, o “Open de Moçambique”.

Numa prova que juntou atletas representantes de países da região Austral de África, cujo sistema de competição era de “todos contra todos”, a nova maravilha do ténis nacional foi protagonista de uma interessante partida da final diante da compatriota Ohmar Fernandes, que curiosamente tem o dobro da idade de Cláudia.

No primeiro set, Cláudia Sumaia entrou hesitante, distraída e foi manifestamente prejudicada por um ataque de ansiedade que sofreu minutos antes do arranque da partida. Facilitou o trabalho da veterana Ohmar Fernandes que, por sua vez, soube tirar proveito das “fraquezas” da rival para vencer pelo expressivo resultado de 6 a 1.

Na segunda etapa do confronto, Cláudia fez o chamado “jogo dos erros”, ou seja, para corrigir a prestação inicial numa altura em que Ohmar Fernandes estava decidida a vencer. Por via disso, assistiu-se a uma partida disputadíssima, intensa e muito cansativa para as duas tenistas, sobretudo pelas altas temperaturas que se fizeram sentir na capital do país na tarde daquele sábado (15).

A jovem tenista venceu por 6 a 4 e levou a decisão do jogo para o último set. Neste período, Cláudia arrasou. Dominou por completo a disputa e não deu tréguas à adversária que se ajoelhou diante do novo talento. Ohmar só não pôde desistir porque a oponente estava quase a sentenciar a partida.

Cláudia conseguiu fazer o sexto ponto contra apenas um da adversária e conquistou o seu primeiro título internacional com o resultado de 2 a 1.

Jossefa Simão foi presa fácil para Lance Cohen

Na final masculina, disputada por Jossefa Simão e Lance Cohen, a falta de rodagem penalizou sobremaneira o tenista moçambicano. O sul-africano Lance Cohen não tremeu um segundo sequer e, por via disso, conquistou o troféu. Jossefa Simão não se fez sentir no primeiro set e Cohen, tranquilamente, venceu pelo convincente resultado de 6 a 0.

No reatamento, o tenista moçambicano tentou mudar o rumo dos acontecimentos mas tinha pela frente um oponente concentrado, objectivo, talentoso e bastante tecnicista. O representante de Moçambique perdeu na segunda etapa, por 6 a 1, e viu gorado o objectivo de conquistar um título internacional.

Na categoria dos sub-14, o moçambicano Bruno Nhavene venceu o compatriota Hélder Simão, por 2 a 0, com o duplo parcial de 6 a 0. Em femininos, ainda nesta categoria, Marieta Nhamitambo derrotou Elisabeth, por 6 a 0 no primeiro set, e por 6 a 1 no segundo.

Cláudia triunfa também na prova de pares mistos

A inspirada Cláudia Sumaia não ganhou apenas a prova em singulares, como também subiu ao pódio em pares mistos ao fazer dupla com Armindo Nhavene. Os dois tenistas moçambicanos venceram a final, por 2 a 0, com os parciais de 6 a 0 e 6 a 1, diante das sul-africanas Elisabeth e Frank.

Em pares senhoras, Cláudia Sumaia e Marieta Nhamitambo terminaram na segunda posição depois de serem derrotadas na final pela dupla Narcisa e Ohmar. Em masculinos, conforme se esperava depois do confronto entre Cohen e Jossefa, foi inevitável o triunfo de Lance e Jerónimo sobre Eldorado e Jonas, por 2 a 1, com os parciais de 6 a 2, 3 a 6 e 6 a 1.

Não houve equidade na hora dos prémios

O tenista sul-africano Lance Cohen, que venceu a prova em masculinos singulares, recebeu das mãos da organização um cheque no valor de mil dólares norte-americanos sendo que Cláudia Sumaia, que venceu a mesma competição em femininos, beneficiou de apenas 700 dólares, o que levou o público a considerar ter havido injustiça por, manifestamente, desincentivar as mulheres à prática do ténis e à disputa de provas do género.

Os 300 dólares de diferença entre o prémio de Lance e o de Cláudia Sumaia, oferecidos pela Federação Moçambicana de Ténis, difundiram a mensagem de que os homens são sempre superiores comparativamente às mulheres, o que abre um debate desnecessário.

Jossefa Simão, finalista vencido em masculinos, auferiu 700 dólares, o mesmo valor que da campeã Cláudia e mais 300 do que Ohmar Fernandes, a vice-campeã em femininos. Em pares, a dupla vencedora em masculinos ganhou 800 dólares, mais 300 do que as triunfantes em femininos. As finalistas vencidas arrecadaram 400 e 200 dólares norte-americanos, respectivamente.

Cláudia Sumaia festeja em lágrimas

Depois de derrotar Ohmar Fernandes na final da prova em femininos, Cláudia era uma menina que não cabia em si. As lágrimas não conseguiram disfarçar a emoção pela conquista do primeiro título internacional.

Inicialmente faltaram-lhe palavras quando abordada pelo colectivo de jornalistas que se fez presente no court de ténis do jardim Tunduru. “Estou muito feliz pela conquista do título. É o primeiro da minha carreira”, disse Cláudia tendo, logo a seguir, tecido elogios à finalista vencida, Ohmar Fernandes, a quem considera uma das referências do ténis moçambicano.

“Ela venceu-me na final do Campeonato Nacional e não acreditei quando consegui ganhar hoje”. Por outro lado, Cláudia dedicou o título ao seu treinador e à sua mãe, “por me terem dado forças e por terem acreditado em mim. Disseram que eu era capaz de vencer este torneio, bastando manter a concentração e pôr em prática tudo aquilo que aprendi ao longo destes anos”.

A jovem prodígio do ténis moçambicano afirmou também que o “Open de Moçambique” serviu de preparação para o Campeonato Africano de Ténis que se avizinha, prova na qual pretende fazer história por se tratar do seu último ano a competir no escalão júnior.

“Quero trazer medalhas ao país e entrar em grande nos seniores. Aqui tive a oportunidade de defrontar as melhores tenistas que estarão presentes nesse ‘Africano’”, afirmou. “Precisamos de mais competições do género”, Lance Cohen De acordo com o sul-africano vencedor na prova em masculinos, o “Open de Moçambique” foi uma excelente prova, apesar de não ter sido bastante competitiva.

Cohen não escondeu a felicidade por ter conquistado o pódio em singulares e em pares. “Espero que este tipo de competições não pare por aqui. Os tenistas precisam destes intercâmbios internacionais para a aquisição de experiência e de rodagem. Hoje foi Moçambique. Amanhã que seja a África do Sul ou outro país da região Austral.

Sobre Jossefa Simão, Cohen revelou que “ele é um bom tenista e com um futuro risonho pela frente. Porém, deve continuar a treinar muito e a dar o ‘litro’ pelo ténis, o que é mais importante”.

“Estou apto para vencer o Campeonato Nacional”, Jossefa Simão Apesar da derrota consentida na final da prova em masculinos, o tenista moçambicano não escondeu a sua felicidade por ter alcançado a segunda posição. Explicou que perdeu a final diante de Cohen porque, “tratando-se de um adversário de alta qualidade e bem rodado, era minha obrigação acompanhar o seu ritmo e saber defender. Não consegui, infelizmente, mas não deixo de estar feliz e orgulhoso da prestação que tive neste campeonato”.

Jossefa Simão disse, ainda, que não vai parar por aqui e, seguindo as recomendações do sul-africano, vai trabalhar bastante para vencer o Campeonato Nacional de Ténis que terá lugar no próximo mês de Março na cidade de Nampula.

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