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Taça CAF: Liga Muçulmana humilha o Lobi Star da Nigéria

Sérgio Faife: O (verdadeiro) mestre da táctica que “enche” o Moçambola

A Liga Desportiva Muçulmana de Maputo vexou literalmente o Lobi Stars da Nigéria na passada sexta-feira (5 de Abril), vencendo-o por 7 a 1, e deu a volta à eliminatória de acesso à Taça CAF. Na primeira volta, os nigerianos venceram por 3 a 1 e não conseguiram manter a vantagem em Moçambique.

A Liga Muçulmana fez história ao chegar pela primeira vez à fase de grupos da Taça CAF, denominada Taça Nelson Mandela, a segunda maior competição do continente africano a nível de clubes. Ninguém podia imaginar que o clube moçambicano fosse capaz de desfazer uma desvantagem de 1 a 3, muito menos que iria marcar sete golos.

Com um início de jogo bastante tenso, revelando, por outro lado, alguma ansiedade por parte dos muçulmanos, os nigerianos, aos 19 minutos, abriram o marcador por intermédio de Chimobi na sequência de um lance confuso na zona da pequena área. A partir daí, à equipa moçambicana cabia marcar quatro golos caso quisesse continuar na competição, uma missão de antemão espinhosa, quer para o público, quer para a equipa técnica que se mostrou demasiadamente abalada mas… não para o ponta de lança Sonito.

Depois de receber o esférico de Muandro para protagonizar uma perdida escandalosa só com o guarda-redes à sua frente, o avançado foi apupado pelo público que já exigia a sua cabeça ao treinador Litos. Porém, ao minuto 32, Sonito redimiu-se ao concluir com êxito um brilhante passe de Mustafá.

Com o golo, a Liga galvanizou-se, acreditou e, um minuto mais tarde, podia ter marcado ante o desacerto de Sonito que, já ao minuto 37, apareceu isolado na zona defensiva contrária para bisar na partida. Curiosamente, o céu fechou-se e anteviu-se mau tempo no campo da Liga Muçulmana, para o total desespero dos nigerianos que já nem sabiam se deviam colocar o guarda- -chuvas na baliza ou correr atrás do resultado.

A dois minutos do fim dos primeiros 45 minutos deu-se o caso do jogo: Sonito sofreu uma falta dentro da grande área e ganhou uma grande penalidade. Chamado a cobrar, o extremo esquerdo da equipa muçulmana, Josimar, tratou de anular o resultado da primeira “mão” para delírio total dos espectadores que afluíram ao campo da Liga Muçulmana naquela tarde de sexta-feira.

Importa referir que com o lance da grande penalidade, a equipa do Lobi Stars chegou a pensar em desistir do jogo, alegadamente por sentir que estava a ser vítima de alguma sabotagem por parte da equipa de arbitragem. O jogo esteve interrompido por cerca de cinco minutos, até prevalecer o bom senso do treinador nigeriano que mandou a sua equipa de volta ao campo, para continuar a ser trucidada.

Logo após o golo de Josimar, gerou-se uma enorme confusão, com os jogadores – sobretudo os nigerianos – a recorrer à pancadaria, como que se isso resolvesse o jogo. O guarda-redes do Lobi Stars, Jonh Lawrence, a cara mais visível desse acto de violência, foi expulso da partida.

Segunda parte de mais humilhação

Nem o público, nem o resultado, nem as pernas dos jogadores e muito menos a inteligência da equipa técnica ampararam o Lobi Stars que, de forma definitiva, não soube o que fazer em campo.

No entanto, já na parte inicial da etapa complementar, a Liga esqueceu-se de que precisava de marcar mais um golo para vingar a humilhação psicológica de que foi vítima aquando do jogo da primeira “mão” na Nigéria.

Revelou-se perdulária mais do que objectiva, senão vejamos: aos 47 minutos, Joseph atirou fraco para a defesa do guarda-redes Terkaa; aos 52 minutos, o mesmo jogador deixou de se antecipar num passe para esperar pela posição irregular de Liberty – ainda que este tenha marcado um golo, que viria a ser anulado; ao minuto 59, Sonito isolou Hélder Pelembe que só com o guarda-redes na frente falhou no alvo; transcorridos 62 minutos, Josimar fintou um central e descobriu Hélder Pelembe que revelou “pontaria” na cabeça ao acertar no poste direito do defensor das redes do Lobi;

A Liga pensou até em desistir do resultado, até porque o Lobi Stars já pensava em forçá-lo à marcação de grandes penalidades. Só que, no vigésimo primeiro minuto da segunda parte, os centrais da equipa visitante perderam-se na magia de Josimar e viram o imparável Sonito a fazer o “hat-trick”. Volvidos cinco minutos, o mesmo jogador voltou à moleza da freguesia para o raríssimo “poker” antes de ser substituído ao minuto 75.

E enganou-se quem pensou que tivesse visto tudo até á saída do jovem goleador. Josimar, ao minuto 81 e Hélder Pelembe, já no fim, completaram a epopeia que fez com que alguns jornalistas nigerianos, os que acompanhavam a delegação do Lobi Stars, ameaçassem os seus colegas da pena de Moçambique, para que estes escrevessem apenas a verdade. Verdade essa que manda dizer que “em casa mandamos nós”.

@Verdade do jogo

Sérgio Faife Matsolo, treinador adjunto da Liga Muçulmana

Tenho a saudar os meus jogadores, os verdadeiros heróis por este resultado. Eles demonstraram vontade de vingança ao que nos aconteceu na Nigéria e colocaram em campo o desejo de repor a justiça em relação àquele resultado pré-fabricado da primeira volta. Este resultado não foi de todo fácil, é fruto de muito trabalho e percebam que estamos a vir de uma desvantagem de 3 a 1. Fizemos história e estamos felizes.

Treinador adjunto do Lobi Stars

Nada a declarar. A Liga Muçulmana não foi a justa vencedora. Venceu porque estava previamente acordado que tinha de vencer. Não é possível que uma vantagem de 3 a 1 termine com uma derrota assim como este jogo terminou. Vá e escreva isto para no seu jornal, que o Lobi Stars jogou contra três pessoas: os árbitros.

O melhor em campo: Josimar

O extremo esquerdo da Liga Muçulmana foi um elemento preponderante para o sucesso da equipa neste jogo. Esteve directamente envolvido em quatro dos sete golos da sua equipa, marcando dois e assistindo os restantes.

Em tarde inspirada, este jogador foi determinante para que a Liga usasse o flanco esquerdo como o seu cavalo de batalha para, sempre que tivesse o esférico, criar calafrios aos nigerianos. Desequilibrava, trocava de flancos e mostrava-se decepcionado consigo mesmo, caso os seus lances não gerassem perigo à turma contrária, quer com os seus próprios remates, quer com os passes.

Há quem diga que Josimar foi o cérebro funcional da Liga Muçulmana. Pelo sim ou pelo não, este jogador foi, sem dúvidas, o melhor em campo.

 

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