O governo moçambicano deve acabar com os subsídios aos produtos alimentares e promover o aumento da produtividade agrícola, defende o economista Rafael Uaiene, do Instituto Moçambicano de Pesquisa Agrícola.
Numa entrevista concedida, semana finda, à Voz da América, Rafael Uaiene referiu que os subsídios adoptados após os tumultos de Setembro passado podem tornar-se “insustentáveis”.
O recente aumento dos preços dos alimentos nos mercados internacionais constitui uma preocupação em Moçambique, onde os distúrbios de Setembro coincidiram com a subida dos preços dos bens essenciais.
Desde então, os subsídios estatais, que deverão ser revistos em Março, têm mantido a situação estabilizada. A subida dos preços deve afectar mais o trigo do que o milho e a mandioca, que são de produção nacional.
Mas especialistas como Uaiene, entendem que a continuação dos subsídios poderá criar uma situação insustentável e que Moçambique só se libertará deste problema com o aumento da produtividade agrícola.
O Banco Mundial alertou semana finda para a continuada subida dos preços nos mercados internacionais, afectando, sobretudo, os países mais dependentes das importações.
Devido ao aumento dos preços, mais 44 milhões de pessoas caíram no que o Banco classifica como “pobreza extrema”, ou seja, viver com menos de 1,25 dólares por dia.
O economista entende que os subsídios, “não devem ser permanentes”, mas observa que o objectivo de aumentar a produtividade é prejudicado pelo facto de a agricultura moçambicana ser de subsistência.
“Há limitações na tecnologia agrícola e na mão de obra e por isso a capacidade de expansão é limitada”, afirmou Uaiene defendendo a mecanização da agricultura Moçambicana.