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Subida de preço da castanha de Caju suscita reacções divergentes

A subida do preço da castanha de caju na província de Nampula, a maior produtora desta cultura, de 15 para 30 meticais/quilograma, o dobro do anterior valor, está a ser matéria de variadas interpretações por parte dos intervenientes na cadeia de produção e comercialização. Se por um lado, os produtores se sentem estimulados pelos preços, por outro os industriais afirmam que se está a caminhar para o retorno à crise que abalou o sector do caju, há cerca de duas décadas, e que empurrou milhares de operários para o desemprego com o encerramento das suas fábricas.

Para perceber melhor as razões da apreensão decorrente da subida do preço de compra ao consumidor, a nossa Reportagem contactou o presidente da Associação dos Industriais do Caju (AICAJU), Mohamed Yunnus Abdul Gafar, que entende que existe um risco de decadência do sector.

Os produtores podem cair no erro de colher castanha antes de tempo com o objectivo de ganhar dinheiro o mais rapidamente possível, o que em nada não irá ajudar o sector, frisou Mohamed Yunnus.

O nosso interlocutor explicou que a indústria do caju está a retomar graças à entrada de novos operadores animados pela recuperação do preço da amêndoa no mercado internacional.

Para o nosso entrevistado, uma subida do preço da matéria-prima pode resultar em dificuldades financeiras para os industriais que não vão ter dinheiro para acompanhar essa evolução. Pois que os planos de negócio iniciais não previam constrangimentos desta envergadura.

Embora reconheça a existência de uma linha de financiamento, Mohamed Yunnus lamenta que o preço do dinheiro na banca comercial seja demasiado alto.

Para um industrial que planificou compras de cinco mil toneladas de castanha, naturalmente que solicitou um empréstimo no valor que cubra tal necessidade. Mas, com estas subidas, esse financiamento ficará abaixo da realidade do mercado.

O risco é real pelas razões atrás referidas, aliado ao facto do preço da castanha demonstrar tendência de subida nos próximos tempos, pois entraram no mercado compradores estrangeiros que não receiam pagar 40 meticais/ quilo de castanha porque eles querem atingir as suas metas, referiu, observando que tais compradores exportam a castanha em bruto, sobretudo para os mercados da Índia e do Brasil.

Sem matéria-prima, a fábrica deixa de ter razão de existência e encerra as portas para não acumular despesas com salários, com peso substancial na estrutura das empresas de processamento da castanha.

Para além de salários, outra despesa significativa para as fábricas resulta do combustível, uma vez que maior parte delas se localizam em zonas sem acesso à energia eléctrica da rede nacional.

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