O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) a nível da província de Tete, centro do país, garante que as adversidades da natureza não constituem nenhum obstáculo à realização efectiva da votação no próximo dia 28 do corrente, em todos os pontos da província. Para o efeito, este órgão de administração eleitoral efectuou um levantamento da situação em cada um dos 13 distritos da província (incluindo a própria cidade de Tete) e concluiu que as alternativas diversas existentes podem, muito bem, contribuir para o sucesso do processo de votação.
Pedro Pacanate, Chefe do Departamento de Operações Eleitorais no STAE provincial de Tete, disse a AIM estar confiante nos meios existentes para garantir o sucesso do processo eleitoral que, pela primeira vez na história da democracia no país, vai incluir três escrutínios, presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais.
A província de Tete, segundo Pacanete, tem um universo calculado em 797.576 eleitores distribuídos por vários pontos desde os povoados, localidades, postos administrativos, distritos, até aos grandes centros urbanos nas cidades que, dentro de duas semanas, vão exercer o seu direito de eleger os futuros dirigentes dos destinos da Nação moçambicana.
Porém, as características do relevo da província colocam um sério desafio ao órgão de administração eleitoral, dado que alguns dos seus distritos estão em zonas montanhosas de difícil acesso, como é o caso do longínquo distrito de Zumbo, ponto mais a oeste de Moçambique. Zumbo, que dista 520 a quilómetros da cidade de Tete, é o distrito mais afastado da província e o acesso é feito via estrada repulsiva à circulação de viaturas. O asfalto é completamente rochoso e altamente lamacento durante o período chuvoso, que inicia a partir do dia 15 do corrente.
A estrada que leva ao Zumbo, também ponto de entrada em território moçambicano da Bacia Hidrográfica do Zambeze, é atravessada por um grande número de cursos de água que, embora secos, na época chuvosa impedem por completo a circulação normal de viaturas. Aliás, os carros que escalam aquele distrito devem ter uma boa tracção a quatro rodas e sem problemas mecânicos para enfrentar as grandes subidas e descidas resultantes das depressões montanhosas por onde passa a estrada.
Além disso, já no próprio distrito com 57.300 habitantes, segundo dados do último senso, a maioria dos sues habitantes estão dispersos em povoados distantes tendo, nalguns casos, que percorrer pouco mais de 40 quilómetros para chegar ao povoado vizinho, embora o fenómeno seja característica comum nas zonas rurais. Contudo, Pedro Pacanate afirma que o STAE já realizou, várias vezes, eleições no distrito de Zumbo e tem a lição bem estudada sobre como superar todas as adversidades colocadas pela natureza a nível daquela parcela do país.
Segundo o chefe de departamento de operações, o STAE tem medidas alternativas para garantir que o trabalho não pare, porquanto mesmo durante o tempo seco há locais onde a acessibilidade é um bico de obra. Essas medidas consistem basicamente no uso de meios como a tracção animal, bicicletas, barcos e canoas em caso de chuvas para garantir a movimentação do material até ao local onde será utilizado.
“Estamos seguros, porque primeiro fizemos um levantamento da situação em cada distrito e chegamos a conclusão que estas alternativas podem, muito bem, responder cabalmente a demanda do processo”, disse Pacanate. A província de Tete tem cerca de nove mil membros de mesas de voto (MMV), entre efectivos e suplentes, que serão subdivididos pelas 1207 mesas, das quais Zumbo terá 59 e, segundo Pacanate, os eleitores não vão percorrer mais que 10 quilómetros para chegar a uma mesa.
