A fraca participação de cidadãos obrigou as organizações da sociedade civil a desistirem de marchar pacificamente esta terça-feira (25) em Maputo em repúdio contra a violência que se tem registado nos últimos dias na zona centro do país e que relembra os tempos de guerra.
Os promotores desta marcha agendada para esta terça-feira, a coincidir com a comemoração do dia da independência nacional, esperavam uma participação de cerca de trezentas pessoas, contudo esta expectativa foi gorada com a presença de menos de uma centena de cidadãos.
O desfile tinha em vista apelar à paz e exigir que as divergências políticas existentes entre o Governo moçambicano e a Renamo, o maior partido da oposição e também apontado como sendo protagonista destes actos macabros contra civis inocentes, sejam resolvidas através do diálogo e por cedências de ambas as partes.
Entretanto, após o anúncio da desistência, os participantes para não deixar a iniciativa passar em branco, optaram por manifestar a sua indignação e repúdio em relação aos ataques, protagonizados por homens armados, entoando hinos de louvor à paz.
Na ocasião, uma das promotoras da iniciativa, Benilde Nhalevilo, disse que a fraca adesão por parte de cidadãos fica a dever-se ao facto de esta ser uma “data complicada” em que as pessoas querem aproveitar o feriado para cuidar dos seus afazeres.
Ela avançou a possibilidade de as pessoas, algumas que poderiam estar nesta marcha, terem optado por participar numa outra que eventualmente estaria a acontecer hoje. “Algumas devem estar na praça dos Heróis a comemorar o dia da independência”, supôs.
Segurança garantida
A marcha ora adiada, e ainda sem data para decorrer, contava com um aparato significativo de segurança das forças policiais. Logo pelas primeiras horas da manhã, sete horas, desta terça-feira, agentes da Policiais da República de Moçambique, nomeadamente a Polícia de Trânsito, de Protecção, e da Polícia Municipal de Trânsito fizeram-se presente à praça da Independência, local onde deveria começar a caminhada, com vista a garantir a segurança dos cidadãos que iriam participar na marcha.
Refira-se que esta marcha foi tornada pública ontem, segunda-feira (24), durante a conferência de imprensa na qual as organizações da sociedade civil defenderam, entre outros aspectos, que nenhum conflito, divergência ou diferença deve estar acima do direito à vida, à dignidade e à paz, direitos universalmente consagrados e reconhecidos pela Constituição da República de Moçambique.