No seu estúdio caseiro, um computador com as ferramentas essenciais para a produção musical denominadas Fruit Loops, Reason e Cubase, Jorge Severino, ou simplesmente Shady Rapper, cantor e produtor da música ligeira moçambicana, residente do bairro de Carrupeia, na cidade de Nampula, vai desempenhando o seu papel, cuja essência cinge-se em compor e produzir em prol da melhoria da qualidade das obras discográficas produzidas naquele ponto do país.
Shady Rapper é um daqueles artistas contemporâneos, cuja carreira teve início mercê dos programas de descoberta de talentos, os denominados reality shows. A carreira de Rapper iniciou justamente na era da Fantasia, que vigorou durante os anos ‘90, em que os jovens e adultos imitavam as músicas dos artistas que eram tidos como fontes de inspiração. Dançarino do estilo Hip Hop, Shady decidiu no ano de 2001 engrenar num programa chamado JADEC.
Segundo o artista, aquele projecto tinha como objectivo principal promover artistas e descobrir novos talentos. A partir daquele momento, Shady concluiu que gozava de condições necessárias para soltar a sua voz nos microfones, em jeito de música associando-a à dança. Natural de Nampula, ele tem 28 anos de idade, 10 dos quais dedicados às artes musicais.
Os primeiros passos da sua carreira, logo após os concursos, foram marcados por comparticipações em diversos trabalhos discográficos de artistas da capital do norte. No entanto, volvidos alguns meses, nasceu o sonho de lutar pela melhoria da qualidade da música naquele ponto do país. Entratanto, Shady decidiu gravar as suas primeiras faixas musicais, uma das quais intitulada “Rua da Unidade”, que teve um impacto positivo nas pistas de dança. O objectivo da música ora em alusão era o de falar das maravilhas que são vividas nas proximidades daquela que é a principal via de acesso que o bairro de Carrupeia possui.
Na verdade, naquele trabalho discográfico, o rapper pretendia, também, abordar sobre as diversidades culturais que eram, naquele tempo, desenvolvidas ao longo daquele local. Com mais de 15 músicas já publicadas, Shady afirma que as composições estão preparadas para responder à demanda de qualidade. De outro modo, o autor de “Joãozinho”, optou por se juntar aos outros artistas locais para lutarem para a melhoria da qualidade dos seus trabalhos.
“O meu home studius, a minha arma de guerra”
Com o objectivo de criar condições para a melhoria de qualidade musical naquele ponto do país, Shady abriu o seu próprio estúdio caseiro, os denominados “home studius” que, para si, aquela infra-estrutura é a sua arma de guerra. As produções das obras discográficas eram produzidas através do seu computador, naquela altura, no interior do seu quarto onde concebia os próprios trabalhos. Depois de tudo, a cidade de Nampula começou a conhecer a essência da música. Shady decidiu abraçar o ramo da produção. Em jeito de experiência, o rapper gravou a sua primeira música no estúdio, ora por si construído.
A faixa em alusão baseou-se na famosa música intitulada “Zacarias” do consagrado cantor conhecido por Mr. Rippaz. “As minhas músicas têm como fonte de inspiração o meu quotidiano, tudo o que faz parte da minha vida está resumido em música. É claro que dentro disso algumas pessoas se identificam com as obras que produzo”, afirmou. A composição intitulada “Joãozinho”, de intervenção social, fala sobre o comportamento pouco agradável de um jovem cujo hábito era de aldrabar e agredir as pessoas.
O Mr Rippaz queria, no seu trabalho, incutir a essência do bom comportamento no seio da camada juvenil, por outro, Shady, na sua música denominada “Joãozinho”, pretende alertar os jovens que o respeito e a boa educação fazem parte das ferramentas necessárias para um mundo são e agradável. “Trabalhar como produtor significa ser um professor. Com isso, é necessário ter muita paciência porque muitos cantores principalmente para os que tendem abraçar esta área artística não se preparam anteriormente”, alertou Shady.
Se muitos dizem que Nampula não tem qualidade, deve-se ao facto de não haver fiscalização dos produtos que são vendidos na praça e nas ruas da nossa capital do norte. Segundo o artista, a maioria de lojas em que são comercializados, os materiais são pirateadao ou de qualidade questionável. Porém, Shady lamenta o facto de os materiais para a produção musical serem incapazes de captar ou de prover um trabalho com qualidade apreciável. Na sua opinião, não devia ser, pois se se for a ver, os produtores são obrigados a sair de Nampula para Maputo com o objectivo de adquirir um microfone da categoria B1, tecnicamente considerado um dos melhores.
Porém, embora os problemas de ordem material, “a província de Nampula está preparada para fazer frente aos desafios de qualidade em torno da música. Mas é preciso que o produtor seja exigente e não trabalhe para somente garantir o seu sustento. Nós devemos pensar no que é melhor para a nossa carreira”, alertou o jovem artista. Num outro desenvolvimento, Shady instou aos outros produtores musicais para que fossem unidos e, por via disso, a província de Nampula estaria num outro patamar. Além disso, Shady disse que falta, também, uma troca de experiência entre os artistas de forma a melhorar a qualidade dos trabalhos.
Os artistas são culpados pela existência da pirataria
A pirataria é um factor que está a minar, sobremaneira, os trabalhos dos artistas de diferentes áreas. Na música, segundo rapper, deve-se ter em conta que os trabalhos escapam dos estúdios para as mãos dos pirateadores. De acordo com Shady Rapper, a pirataria surge pelo facto de alguns artistas procurarem a fama a todo custo, o que, na sua opinião, é algo muito mau e culmina com o fracasso dos próprios autores porque os comerciantes saem a ganhar enquanto os artistas estão estagnados atrás de dinheiro para gravar mais músicas.
Uma das coisas que causa a falta de êxito, é o facto de os cantores quererem captar e publicar a música no mesmo dia. Não lhes interessa se a música está bem masterizada ou não. É importante que os artistas percebam que os produtores gostam de estudar os seus trabalhos para depois proceder um balanço superficial sobre a qualidade daquele trabalho musical. Pois, além de dignificar ao cantor, também ajuda na promoção do trabalho