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Seropositiva expulsa da sua residência

Seropositiva expulsa da sua residência

Ao contrário de outras mulheres que encontram apoio quando são seropositivas, Maria Muianga, de 55 anos de idade, foi expulsa do seu lar pelas cunhadas, no último fim-de-semana, no bairro Santa Isabel, no município da Matola, por estar infectada pelo VIH/SIDA e alegadamente para evitar que contamine os restantes membros da família do seu cônjuge, de 75 anos de idade. Ela é ainda acusada de pretender matar o marido para ficar com a herança.

O problema que afecta a senhora a que nos referimos é uma prova inequívoca de discriminação e ignorância por parte de quem está desprovido de conhecimentos sobre o VIH/SIDA. Maria Muianga e Fernando Banze são, hoje, um casal sem lugar fixo para morar em virtude de terem sido desalojados da sua habitação e por estarem a ser alvo de perseguição por parte das irmãs do idoso. Todavia, os dois lutam juntos contra a crueldade dos seus parentes, sobretudo dos mais próximos de Fernando Banze, os quais falam mal de Maria Muianga, acusam-na de coisas horríveis e fazem intrigas que a desprestigiam, o que aumenta o preconceito de outras pessoas sobre a vítima.

Maria Muianga e Fernando Banze vivem, neste momento, algures no bairro de Mahlampwene, na Matola. No dia em que acham que a confusão terá amainado, tentam regressar à sua residência oficial no bairro Santa Isabel, mas não ficam muito tempo porque Elina Banze lhes persegue fazendo até ameaças de morte.

Os parentes do ancião alegam que estão a protegê- -lo da doença que apoquenta Maria Muianga, mas, ao mesmo tempo, infernizam a vida de Fernando Banze. Na verdade, há bastante tempo que a família conhece o estado de saúde da cidadã ora expulsa de casa. Segundo testemunhas, o desentendimento começou quando o casal concluiu a sua habitação e agudizou-se em Dezembro passado, altura em que contraiu matrimónio.

Indignada com o facto de estar a levar uma vida de cão enquanto tem casa que ergueu com tanto sacrifício, na sexta-feira passada, 31 de Janeiro, Maria Muianga, dirigiu-se ao Tribunal Comunitário de Santo Agostinho para apresentar o problema que aparentemente já não tem solução entre os membros da família.

Elina Banze diz de viva voz que discrimina a sua cunhada por estar contaminada e ter uma idade avançada par o seu irmão. A senhora considera que Maria Muianga não devia ter contraído matrimónio com uma pessoa de 75 anos de idade. “Devia ter procurado um companheiro da sua idade. O que é que ela (Maria) precisaria dum idoso já debilitado? Para mim ela, aos 55 anos de idade, só pode estar interessada nos bens do meu irmão e não nos convence de que gosta dele. Mas enquanto eu estiver viva não deixarei que desconhecidos roubem o que os meus progenitores nos deixaram”, jurou a nossa interlocutora.

Na tentativa de ultrapassar este problema, pese embora persista há bastante tempo, Fernando Banze e a sua mulher meteram uma queixa ao Gabinete de Atendimento à Mulher e à Criança Vítimas de Violência Doméstica. Elina Banze foi intimada, tendo ignorado as autoridades mas não foi punida por isso.

Maria Muianga disse que não percebe por que motivo a sua cunhada se intromete na sua vida conjugal. Fernando argumentou que, contrariamente às acusações e humilhações por que a sua esposa passa, as suas irmãs, principalmente Elina Banze, é que pretendem criar inimizades na família. Tentam, a todo o custo, separar o casal mas não conseguem. Segundo o idoso, além de discriminar uma pessoa doente, Elina vendeu algumas propriedades deixadas pelos pais e aplicou o dinheiro nos seus negócios.

De acordo com os cônjuges e testemunhas, Elina tentou matar o seu irmão com recurso a catana. A vítima explicou-nos que o pior não aconteceu porque a esposa estava próxima dele. Vive-se em pânico na residência das pessoas a que nos referimos e o casal “rejeitado” dorme em alerta por temer ser morto.

Depois disso, Elina Banze reuniu um grupo de pessoas que se dirigiu à residência do seu irmão, onde destruiu alguns bens, rasgou a certidão de casamento e diversos documentos. Supostamente sem nenhuma explicação, a senhora matou 11 suínos à paulada e levou para parte incerta cerca de 120 galinhas. O caso está a ser dirimido pelo Tribunal Comunitário de Santo Agostinho. O juiz da instituição, Daniel Banze, disse que ainda decorrem investigações.

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