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SELO: A hi nyoxeni (alegremo-nos) – Por Edison Saranga

Efectivamente, a designação “selecção nacional”, agora, vale o que vale. Ou andam(os) todos distraídos com outras prioridades, ou, então, a notícia do difícil e vergonhoso apuramento da selecção nacional de basquetebol para o “Africano” da Tunísia, em masculinos, não obedecia a critérios básicos de noticiabilidade e de debate nos horários nobres das nossas televisões.

O impressionante é que chegámos ao cúmulo de, na segunda mão, ganharmos por um ponto, e darmo-nos por felizes. Quem diria! Estamos a colher os primeiros resultados da consultoria que alguns entendidos na matéria e visionários – os sempre bem- sucedidos sanguessugas do nosso basquete – prestaram à Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB).

Para quem vive(u) intensamente o basquetebol ganhar ao Botswana por um ponto é como matar a sede. No caso do nosso basquetebol, o zelo e o amor foram substituídos pela falta de perspicácia. É inútil colocar remendos novos em trapos. No Botswana, estivemos perto de carimbar o atestado de caducidade por causa destes arranjos de que o basquetebol moçambicano vive. O histórico das deslocações infortunas das selecções nacionais dava uma boa comédia, pois dele fazem parte problemas tais como greve(s) de jogadores por incumprimento das condições de trabalho previamente acordadas, viagens desgastantes em autocarros, entre outros.

Sobre estas viagens mal programadas, em autocarros, Vasco Condo diria: “Será que um certo dirigente não poderia contactar uma determinada empresa a fim de disponibilizar um certo valor com vista a garantir que os atletas viagem condignamente de avião, e depois as LAM efectuariam deduções mediante condições previamente acordadas?”.

O engraçado é que na maior parte dos casos, ou quase sempre, os dirigentes viajam de avião. Estamos perante uma situação em que a plebe e a nobreza não se podem misturar. Todavia, para as pessoas menos atentas ao basquetebol moçambicano as coisas vão bem e são recomendáveis. As boas prestações das “Samurais”, a nossa “tropa de elite”, são o cúmulo dessa falsidade. Andamos a encestar bolas num cesto roto.

Para uma modalidade de basquetebol que acontece sem nenhuma planificação, só sacrificando os “cordeiros” é que poderíamos ter uma selecção sénior competitiva. Por exemplo, estamos em finais de Março e desconhecemos a data de realização da competição mais importante. Depois queixamo- -nos da falta de apoio para o basquete por parte dos empresários nacionais. Começo a dar razão ao empresariado que patrocina tournées de músicos angolanos, festivais de uísque, vinho, cerveja, etc., e deixa o basquete de fora.

É normal ouvirmos gente a proferir comentários saudosistas ou nostálgicos, segundo os quais nos tempos isto era desta e daquela forma. Tudo bem organizado. Não vivi esse tempo, mas começo a pensar que é verdade. É preocupante a esquizofrenia da FMB e o acentuado síndrome de Estocolmo dos clubes, mas não nos viciemos com esta tristeza.É importante dizer que o basquetebol feminino continua a lançar bons estímulos e que, com uma orientação acertada, pode continuar a marcar uma digna presença no ranking africano.

Temos assistido a um interessante despontar e afirmação de talentos em vários clubes e escalões que promovem a modalidade de bola ao cesto. São adolescentes e jovens, de físico promissor, que tratam a bola com elegância, donas de refinados gestos técnicos e que amam o jogo. Na próxima convocatória, em seniores, dever-se-ia reflectir sobre a ascensão desta classe “rejeitada”. Há resultados de um trabalho desenvolvido por jovens tais como Carlos Dezanove, Ernesto Nhalungo, Horácio Quive, Leonel Manhique, João Macuácua, Hernânio Manhetele e outros que começam a praticar o basquete nos bairros e nas escolas, mas que, infelizmente, terminam nos clubes.

A juventude que trabalha sempre com uma disposição contagiante num país em que não há martelos para quem lida com pregos. Estes jovens treinadores, imbuídos de um forte espírito de trabalho e atitudes positivas, podem ser os futuros pensadores do basquete moçambicano. É necessário estimular e potenciar a sua capacidade de raciocínio e ter-se em conta que são autodidactas. Vontade não lhes falta. Melhorar a sua capacidade de leitura, de gestão e de treinamento é garantir um futuro risonho para o basquete (feminino) por muitos e longos anos.

E da mesma capacitação necessitam os dirigentes dos clubes. Só assim os interesses pessoais não se iriam sobrepor ao desenvolvimento normal das atletas e não teríamos desportistas que aos fins-de-semana jogam nos escalões de iniciados e juvenis, juvenis e juniores, juniores e seniores. Tudo pelas tacinhas.

Só assim deixaremos de ter maníacos que andam nos clubes a aliciar as atletas com cabelos postiços, créditos no telemóvel, roupinhas da moda e outras tantas futilidades. Bandidos!

Só assim deixaremos de ter árbitros que se transformam em treinadores e estes que pretendam ser aqueles. Só dialogando é que estas práticas podem ser desencorajadas. Pensar e intervir é papel de todos nós enquanto amantes desta arte.

Elaboedjiya basquete djany?

Djewu!

Onthongabaani?

Ontongadiiyo!

Por Edison Saranga!

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