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‘@Verdade da Manhiça: Se Beyonce fosse moçambicana

Em primeiro quero fundamentar o tema deste artigo que é um empréstimo da crónica do grande mestre do jogo das palavras Mia Couto “Se Obama fosse moçambicano”, a quem louvo e endereço as melhores saudações literárias. Se calhar, este artigo vem mesmo provar o meu vício pelas obras do grande mestre da literatura moçambicana, a minha fonte de inspiração.

Voltando ao assunto, se Beyonce fosse moçambicana teria como nome oficial Celestina Sebastião Zanqueu Homo, natural de Zavala. Esta Beyonce abandonaria muito cedo a sua terra natal à procura de melhores condições de vida na cidade de Maputo acabando por descobrir que pode ser cantora e se intitular celebridade ou figura pública.

Beyonce, se fosse moçambicana, teria vergonha dos pais e jamais os visitaria enquanto artista da música moçambicana na sua terra natal, Zavala.

A nossa Beyonce, cantora, tentaria o sucesso com vários estilos de música e começaria pela Kizomba, espreitando o Kwassa-kwassa, passando pela Passada e ficando no Pandza pensando que este é o seu estilo ideal. Ela não nos pouparia de músicas que revelariam a sua ignorância suprema, assim como se julgaria possuidora de muito dinheiro, glamour e “esse marido agora é meu”.

Beyonce se fosse mesmo moçambicana, corria um grave risco de ser confundida com uma rameira visto que namoraria com Oliver Style, noivaria com Jorge Ribeiro, casaria com Mega Júnior e, no dia seguinte, se divorciaria de Ziqo, preferindo o Valdemiro José. Ela ficaria grávida e acusaria a qualquer um destes artistas de ser o verdadeiro pai.

O sonho dela seria de ter um caso com o Mc Roger para assim concretizar o seu sonho de infância quando pilava mapira em Zavala, de ser rica e ter “vida boa”. Beyonce, mesmo grávida subiria aos palcos mexendo o esqueleto como se nada tivesse no seu ventre alegando que o seu médico (enfermeiro estagiário) lhe garantiu que nada aconteceria e que o feto está fora de perigo.

Se Beyonce vivesse em Moçambique, pátria dos heróis e do maravilhoso povo, corria o grave risco de receber repórteres desses vários programas de entretenimento das televisões moçambicanas com o intuito de mostrar as suas marcas de roupa, o seu calçado e as suas calcinhas, como se ela fosse a única que veste calcinhas no país.

O povo corria o risco também de ver aquela roupa interior que ela usou na noite de núpcias com Oliver Style, lua-de-mel com Ziqo e aquelas sandálias compradas na baixa da cidade de Maputo acusadas de terem sido adquiridas na República Sul-Africana e usadas na gala de aniversário da maior estação televisiva privada do país.

Se Beyonce fosse moçambicana, apenas venderia uma dezena de cópias do seu álbum e ofereceria uma centena aos seus amigos, familiares e dirigentes deste país, e, por conta disso, de forma inconsciente, se auto-intitularia mulher de sucesso sem saber que de talento só tem a arte de se maquilhar.

Se Beyonce fosse mesmo da terra dos heróis, pelo seu insucesso, corria o risco de mudar o nome artístico para Feyonce ou separava o Beyonce para Bee Yoncé no desígnio de ser uma estratégia para fugir da rocha.

Se Beyonce fosse moçambicana, em cada espectáculo organizado pelo Bang (Barão do oportunismo e “narcoburlador” do mundo do entretenimento) receberia como cashet 3 mil meticais e o bilhete de ingresso a custo de 30 meticais.

Se Beyonce viesse a Moçambique a convite do Barão do oportunismo ou simplesmente “narcoburlador”, Bang, que na minha óptica devia ser seriamente investigado pelas autoridades judiciais, o seu show custaria aos bolsos dos moçambicanos cerca de 1000 a 5000 dólares norte-americanos, num país onde o salário mínimo ronda os 46 $ e cerca da metade da população ainda vive abaixo da pobreza, um exemplo claro e brutal de oportunismo, roubo, pilhagem, elitismo, saque e burla ao povo moçambicano por quem organizaria o espectáculo.

Se Beyonce mudasse para Moçambique, nem os seus dólares aguentariam com a alta dos preços no país dos heróis e precisaria apenas de um mês para saber de forma clara e inequívoca que aqui a vida é dura. Quem me dera ser Beyonce moçambicana!

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