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Rustenburg: Iminente segunda greve na mina de platina Impala

As reivindicações que levaram os trabalhadores da mina de platina Impala, em Rustenburg, a paralisar as operações nas seis primeiras semanas deste ano parecem estar longe de ser resolvidas, com o abandono das negociações por parte do maior grupo sindical.

Segundo o director executivo da Impala, Johan Theron, no mês de Abril testemunhou-se o aumento da rivalidade entre a União Nacional dos Mineiros (NUM, sigla em inglês) e a nova união sindical, a Associação dos Mineiros e a União dos Construtores (AMCU).

“Sempre existe um risco de nova ruptura”, afirmou Theron, referindo-se à batalha por membros sindicais que culminou com a greve geral, o que causou a perda de 120 mil onças na produção dos meses de Janeiro e Fevereiro últimos.

Recentemente, os operadores de máquinas perfuradoras, os responsáveis pela ameaça de greve, liderada pela Associação dos Mineiros e pela União dos Construtores (AMCU), tentaram paralisar os trabalhos, ao proibirem os operários de descerem às minas, tendo ainda arrancado as chaves de todas AS secções de Rustenburg aos oficiais da União Nacional das Minas (NUM).

Este incidente originou o atraso dos trabalhadores, porém, não afectou a produção, de acordo com o director executivo, Johan Theron. Na última semana as partes estiveram reunidas para tentar ultrapassar as suas diferenças e identificar as razões do descontentamento no seio dos mineiros.

Na África do Sul, os mineiros exigem melhores condições de trabalho e o aumento dos salários, fazendo-se valer das recomendações governamentais segundo as quais as companhias devem aumentar e garantir segurança das operações.

Paralisação custou 33 mil onças à empresa

A Impala diz que as paragens registadas devido às exigências de segurança feitas pelo Governo provocaram a perda de mais de 33.000 onças nos últimos quatro meses. Já no mercado, houve uma queda acentuada na produção de platina e uma subida de mais de 17 porcento do preço. Apesar dos ganhos pelo valor da platina, as acções da Impala caíram 3.3 porcento na bolsa de Joanesburgo.

A empresa tinha aumentado os salários dos mineiros na ordem dos 18 porcento, excepto o dos operadores de máquinas perfuradoras e de outras categorias, o que deu lugar a uma tentativa de sabotagem das operações da mina em Abril, como refere um comunicado tornado público pelo porta-voz da União Nacional dos Mineiros, Lesiba Seshoka.

Desde a eclosão da greve no dia 19 de Janeiro, que é caracterizada por actos de violência protagonizados pelos operários, os quais para além da melhoria das condições de trabalho, reivindicam um aumento salarial de 5 para 9 mil randes /mês e o fim das intimidações por parte do patronato.

A rivalidade com os mineiros moçambicanos

Os mineiros moçambicanos, cuja maioria não está filiada a nenhum sindicato, têm cumprido com as suas obrigações, o que não é visto com bons olhos pelos seus colegas de outras nacionalidades, principalmente os sul-africanos.

Por exemplo, Aurélio Cuamba, natural de Inharrime, província de Inhambane, e Augusto Malela, de Homoíne, também na província de Inhambane, foram mortos em Fevereiro último a caminho dos seus postos de trabalho por um grupo de grevistas.

Já em Abril, um moçambicano foi morto e presume-se que tenha sido pelo mesmo grupo, embora as investigações feitas junto da Delegação do Ministério do Trabalho na África do Sul para apurar a identidade e as circunstâncias em que o mesmo terá perdido a vida tenham sido inconclusivas.

Entretanto, Arlindo Manjate, coordenador da Delegação do Ministério do Trabalho naquele país vizinho assegurou que os mineiros moçambicanos não fazem parte daqueles cuja duração dos contratos foi reduzida por terem participado na greve.

Segundo Arlindo Manjate, os moçambicanos assinam contratos renováveis de 12 meses.

A Mina de Platina Impala é a segunda maior a nível mundial e está entre as mais profundas e perigosas do mundo. Tem um total de 26 mil trabalhadores, dos quais 1860 são moçambicanos.

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