O Presidente zimbabweano e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), Robert Gabriel Mugabe, criticou o Estadista sul-africano, Jacob Zuma, por este não ter assinado o protocolo comercial que prevê a livre circulação de produtos, bens e serviços na região, provenientes de outros países.
Quem também alinhou no mesmo fio de pensamento de Zuma, foi o Presidente da Namibia, Hifikepuye Pohamba, que apesar da pressão por parte de outros chefes de Estado, durante as deliberações do último domingo (17), na Cimeira de Victoria Falls, no Zimbabwe, optou pela não assinatura do referido protocolo.
Zuma, eleito neste certame como Presidente da Tróika para a Política, Defesa e Segurança, foi imediatamente criticado pelo Presidente da SADC, Robert Mugabe. Este teria dito que o seu homólogo sul-africano deveria cooperar com os outros países da região e não optar pela transformação do bloco regional em um mercado para a proliferação dos produtos sul-africanos.
Recorde-se de que os integrantes da SADC teriam assinado o protocolo em causa em Agosto de 2012, mas a África do Sul e a Namibia teriam pedido tempo para analisarem a questão. Este protocolo dita as obrigações gerais aos países membros, sobre como devem tratar a questão dos serviços e de bens provenientes de outros países.
O documento não contém a liberalização das obrigações, mas providencia um mandato progressivo na negociação da remoção das barreiras aduaneiras na movimentação de serviços e bens.
Durante o encerramento da 34ª Cimeira da SADC, o mestre de cerimónias teria anunciado que a Namibia e a África do Sul, iriam observar a assinatura do protocolo em causa, mas quando os ajudantes do Secretariado da SADC trouxeram o protocolo para Pohamba, este teria se recusado a assinar depois de uma breve conversa com o seu Ministro da Indústria e do Comércio, Carl Schlettwein.
O Presidente Zuma, também teria consultado a sua Ministra das Relacções Internacionais e Cooperação, Maite Nkoana-Mashabane, minutos antes de ter optado pela não assinatura do documento.
Em conferência de imprensa, minutos depois do encerramento deste encontro anual dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, o Presidente Robert Mugabe, apelou ao Presidente Zuma no sentido deste cooperar com os outros países da região.
Relacções recíprocas
O Presidente em exercício da SADC confirmou em plena conferência de imprensa os pedidos dos seus pares para que Zuma assinasse o protocolo durante a cimeira.
“Apelamos a África do Sul, que é o país mais industrializado, para que nos lidere, que trabalhe connosco, que coopere e que não opte em transformar o continente em um mercado aberto para a proliferação dos seus produtos,” defendeu Mugabe, tendo acrescentado que desejava uma relacção recíproca na qual todos vendem para todos e não receber produtos de uma única fonte.
Despedidas e recomendações
Os Presidentes de Moçambique e da Namibia, Armando Guebuza e Hifikepuye Pohamba, respectivamente, que os seus mandatos chegam ao fim neste presente ano, teriam se despedido dos seus pares durante os discursos de encerramento.
Em comunicado publicado depois da cimeira, os Chefes de Estado e de Governo da SADC teriam acordado na intervenção da União Africana na resolução da crise política na República Democrática do Congo e na ajuda do Madagáscar no seu processo de reconstrução.
A Cimeira apelou às Nações Unidas para, em colaboração com a União Africana, desempenhar o seu papel no processo de repatriamento dos elementos das FDLR que se renderam e desarmaram voluntariamente, ou lhes providenciar condições de reassentamento temporário em terceiros países fora da Região dos Grandes Lagos.
Os líderes dos países membros da SADC rubricaram três protocolos referentes ao Tribunal da SADC, Gestão do Meio Ambiente para o Desenvolvimento Sustentável, Emprego e Trabalho, bem como uma declaração sobre o Desenvolvimento de Infra-estruturas.
A Cimeira elegeu Robert Gabriel Mugabe, Chefe de Estado do Zimbabwe, e o Tenente-General Seretse Khama Ian Khama, Presidente do Botswana, para os cargos rotativos de presidente e vice-presidente da SADC, respectivamente.