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Robert McNamara 1916 – 2009 – 93 anos

Robert McNamara 1916 – 2009 – 93 anos
“Não estava doente, morreu placidamente enquanto dormia”, explicou à agência Reuters Diana, a segunda esposa de McNamara que com ele casou em 2004. O ex-secretário da Defesa dos Estados Unidos nas administrações Kennedy e Jonhson – ocupou aquele cargo de 1961 a 1968 e foi considerado o ideólogo da campanha militar americana no Vietname – quando fechou os olhos, esta segunda-feira, contava 93 anos.   
 
Robert S. McNamara nasceu em São Francisco a 9 de Junho de 1916, sendo filho de um vendedor de sapatos. Estudante brilhante, formou-se na Universidade de Califórnia em 1937 e obteve um mestrado na Harvard Business. Todos lhe auguravam uma carreira brilhante à cabeça de uma grande empresa e assim foi até Kennedy, em 1961, o chamar para a Defesa, interrompendo assim o seu mandato na presidência do poderoso grupo Ford. 
 
Aos 44 anos, McNamara assumia a pasta da Defesa de uma das duas super-potências mundiais. Kennedy esperava dele o mesmo brilhantismo revelado na administração da grande multinacional do sector automóvel. Aliás, o próprio Presidente norte-americano dizia frequentemente que McNamara era o homem mais inteligente que havia conhecido. Com o seu cabelo liso sempre impecavelmente penteado para trás e óculos sem aro, McNamara tornou-se rapidamente um rosto familiar para os americanos e para o mundo. 
Uma das suas primeiras missões no Pentágono foi analisar o poderio nuclear dos EUA face à União Soviética – na época julgava-se que a URSS estava na dianteira mas depois veio a provar-se o contrário. Mais tarde, tornou-se um crítico acérrimo do poder nuclear: “As armas nucleares não servem qualquer objectivo militar. Servem apenas para impedir que o nosso opositor as use”, escreveu. 
 
No ano em que tomou posse, 1961, McNamara esteve logo envolvido na invasão da Baía dos Porcos, em Cuba. A operação, que visava a destituição de Fidel e a sua substituição por um governo amigo, saldou-se num absoluto fracasso. Mas, no ano seguinte, quando mundo esteve à beira de um conflito nuclear, foi de McNamara a ideia que pôs cobro à crescente tensão: os EUA retirariam os seus mísseis na Turquia e a União Soviética fazia o mesmo em relação a Cuba. E assim foi. 
 
Mas a carreira de McNamara ficará, sobretudo, marcada pela defesa intransigente da ofensiva total no Vietname. Tanto assim que em 1964, um crítico utilizou o termo “guerra McNamara para designar esta tentativa de estrangulamento dos vietcongues. A resposta do secretário da Defesa não se fez esperar: “Fico satisfeito de ser identificado com ela, e farei tudo o que puder para a vencer.”
 
Volvidos três anos, as dúvidas, apoiadas em fortes dados estatísticos, já eram todavia mais do que muitas, tanto assim que no final desse ano, 1967, passaram a certezas: “A guerra não pode ser ganha.” A partir daí, McNamara aconselhou então o presidente Johnson a reduzir o contingente militar. Em 1968 abandonou o cargo na Defesa sem até hoje se saber se foi demitido ou se se demitiu. A guerra durou mais sete anos. 
 
Seguiram-se depois 13 anos na presidência do Banco Mundial. Aos 79 anos publicou um mea culpa em relação à guerra intitulada “Estávamos errados, terrivelmente errados”, procurando as causas para o fracasso. Nos sete anos que permaneceu à frente da Defesa, os EUA enviaram meio milhão de soldados para o Vietname.
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