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A coerência tswana

O Botswana voltou a ser coerente com as suas posições ao fazer, na passada sexta-feira, na reunião magna da União Africana (UA) que teve lugar em Sirte, na Líbia, – perdoem-me a expressão – um manguito a esta organização. Deste modo, foi o único país africano a anunciar que irá cooperar com o Tribunal Penal Internacional (TPI) no caso do mandado internacional emitido em Março por esta instituição de Justiça Internacional contra o Presidente sudanês Omar al-Bashir.

Nem mesmo o facto de esta cimeira se ter realizado na Líbia – Mouammar Khadafi, o anfitrião, foi um dos principais defensores do Presidente sudanês – inibiu os responsáveis tswanas. O seu chefe de diplomacia, Phandu Skelemani, afirmou mesmo que se el-Bashir ousar pisar qualquer ponto do território do Botswana será entregue, sem apelo nem agravo, à Justiça Internacional. E acrescentou: “Os povos de África e do Sudão em particular foram vítimas dos seus crimes.
O Botswana mantém firmemente a sua posição defendendo que os povos de África e do Sudão merecem ser protegidos dos autores destes crimes hediondos”. O ministro não poupou críticas a Khadafi, dizendo que este não deixou ninguém expressar as suas opiniões. “Colocámos várias vezes o braço no ar para intervir mas o Presidente líbio ordenou o encerramento da discussão. Que democracia é esta?”, insurgiu-se indignado o responsável tswana. 
 
Tinha toda a razão. Quando se assinam acordos, estes, para o bem ou para o mal, devem ser cumpridos. Não se pode querer o melhor dos dois mundos. Se trinta países africanos ratificaram os estatutos do TPI – Moçambique ainda não o fez – não há razão para não cumprirem com as decisões tomadas pela instituição. Querem estar dentro mas depois não querem aplicar as regras do jogo! E ainda criticam asperamente quem o faz! Talvez seja por inveja! 
 
Efectivamente, o Botswana apresenta níveis de desenvolvimento de fazer inveja a muitos países pseudo-democratas deste continente. Não coopera com o fascismo de Estado de Mugabe nem com camaradismos antigos, possui a moeda mais estável do continente, os índices de criminalidade mais reduzidos, uma cultura democrática enraizada, um desenvolvimento sustentado e os mais baixos níveis de corrupção africanos. Por tudo isto só pode ser mesmo inveja, a mãe de todos os ódios.
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