Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Residentes de Muatala respiram de alívio

Residentes de Muatala respiram de alívio

Finalmente, os moradores do bairro de Muatala, cidade de Nampula, já podem respirar ar puro, uma vez que foi, efectivamente, transferido o matadouro municipal daquele bairro para Marrere. Trata-se de uma infra-estrutura erguida no tempo colonial e que já não oferecia condições para o exercício da actividade de abate de gado bovino, suíno e caprino. Os excrementos dos animais eram depositados ao relento e de forma descuidada, o que provocava um cheiro nauseabundo, uma situação que estava a perigar a saúde pública, para além de que o próprio edifício se apresentava degradado.

O antigo matadouro municipal, localizado no bairro de Muatala, foi construído pelos portugueses há 64 anos, ou seja, em 1950. Desde essa altura, nunca beneficiou de nenhuma reabilitação nem manutenção. A degradação do edifício agravava-se, de forma progressiva, à medida que o tempo passava. As condições de saneamento e higiene incomodavam os residentes, os vendedores e os clientes do mercado 25 de Junho, instalado nas imediações do sítio onde se encontrava a carniçaria.

Refira-se que o edifício em causa, quando foi projectado no bairro de Muatala, a zona ainda não era habitada. Porém, hoje conta com milhares de pessoas que se debatem com todo o tipo de dificuldades. O crescimento da taxa demográfica mercê da expansão da urbe ditou uma invasão do terreno que antes era reservado às actividades de abate dos animais. As moradias aproximaram-se do matadouro e, em consequência disso, o convívio entre os moradores e os utentes das instalações passou a ser difícil.

A população queixava-se, com frequência, de um mal-estar originado pelos excrementos dos animais abatidos. Para os vendedores do mercado 25 de Junho, o processo de limpeza era deficitário, porque não havia água canalizada. Este é um problema característico dos bairros periféricos da província de Nampula.

Um vendedor de peles de animais que eram ali abatidos, identificado pelo nome de Armindo Avante, manifestou a sua satisfação pela transferência daquelas instalações nos seguintes termos: “O que mais nos preocupava era a abundância de moscas, ratos, mosquitos e alguns insectos que surgiam por causa da falta de higiene no local. Não havia condições para se viver condignamente.”

“Era difícil desenvolver actividades comerciais e a nossa permanência no local para ganhar a vida era uma questão de coragem. Os munícipes só compravam os nossos produtos porque o mercado 25 de Junho ficava próximo das suas casas em relação a outros bazares. Eles não tinham escolha”, disse Armindo Avante.

Na verdade, os residentes do bairro de Muatala e os vendedores, bem como os clientes do mercado 25 de Junho estavam votados ao sofrimento. Há quem diga que os seus organismos estavam habituados a respirar um ar poluído. Os seus clamores nunca tinham soluções à vista.

Terreno vendido

Durante a governação do economista Castro Sanfins Namuaca, a edilidade divulgou uma informação dando conta de que para a efectivação da transferência do matadouro municipal para um local distante do bairro de Muatala, com vista a criar condições de vida condignas, foram necessárias negociações com o sector privado.

Entretanto, dados em poder do @Verdade obtidos de uma fonte fidedigna do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, indicam que o espaço onde se encontra o antigo matadouro foi vendido a um agente económico cuja identidade não nos foi revelada. O referido empresário tem interesses comerciais na urbe. “O antigo matadouro será requalificado para se desenvolver actividades que não sejam poluentes nem nocivas ao meio ambiente”, disse Castro Namuaca.

A nossa fonte assegurou-nos que no local será erguido um armazém e o bairro Muatala terá uma nova estética. Segundo apurámos, as ruas que dão acesso o interior da zona serão encerradas pelo muro de vedação da infra-estrutura em projecção e os residentes contornarão o espaço ou usarão vias alternativas para chegar aos seus destinos. Tudo indica que outros problemas, tais como a falta de água canalizada e de iluminação pública em alguns sítios, vão, igualmente, ficar para a história.

Aliás, outras informações a que tivemos acesso dão conta de que o município recebeu pouco mais de 15 milhões de meticais pelo espaço no qual funcionava o antigo matadouro. Uma parte desse valor foi aplicada na construção das novas instalações no bairro Marrere, no posto administrativo de Natikiri, com capacidade para abater pouco mais de 100 animais por semana.

A referida infra-estrutura é a primeira de raiz destinada ao abate de animais construída pelo Governo moçambicano após a independência nacional. Mas em Muatala ficou o nome.

Para fazer face ao saneamento do meio ambiente, foi instalado no local um tanque de água que conserva pelo menos mil litros para abastecer o novo matadouro, enquanto se espera canalizar o precioso líquido de forma regular. Contudo, as instalações ainda não têm energia eléctrica da rede nacional, sendo que nesta fase está a funcionar com recurso a um gerador.

As mulheres que se dedicavam à revenda de carne e peles dos animais abatidos vão continuar a promover o auto-emprego nas suas zonas de residência, mas desta vez irão adquirir os seus produtos em condições bastante higiénicas. Refira-se que a edilidade ainda não tem nenhum plano para o reaproveitamento dos excrementos do gado bovino, suíno e caprino. Porém, as fezes desses animais são bastante procuradas pelos agricultores da província de Nampula para usá-las como fertilizantes de culturas alimentares nas suas machambas.

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!